segunda-feira, 4 de julho de 2011

Comunhão e Libertação. Vida e obra do fundador

Amado ou contestado, Pe. Luigi Giussani, fundador do movimento Comunhão e Libertação, é indubitavelmente um protagonista do catolicismo da segunda metade do século XIX. Massimo Camisasca, um dos seus discípulos mais próximos, não pretende oferecer ainda, com o seu "Don Giussani" (Editora San Paolo) uma crônica biográfica, mas um perfil das suas idéias chaves.


A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal La Repubblica, 10-03-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.


Nascido em 1922, a sua vida se estrutura principalmente em três fases. O professor de religião no colégio símbolo de Milão, o "Berchet", durante o qual remodela a Gioventù Studentesca, surgida no âmbito da Ação Católica: o que o levará a um conflito com as autoridades eclesiásticas, desembocando em um breve exílio nos Estados Unidos sob o manto da viagem de estudos. A fundação, em 1969, de Comunhão e Libertação e a sua condução até torná-lo um dos movimentos estruturais do pontificado wojtyliano. A longa fase do Parkinson até quando falece em 2005.


Se a fase do educador na escola pública é caracterizada pela consciência que o ensino de religião não pode se limitar a um "nocionismo" religiosa, por fim sem influência, mas deve enfrentar diretamente um mundo juvenil naturalmente levado a uma mentalidade secularizada, é a fase pós-68, a mais interessante. Retrospectivamente, a contestação, rompendo com a fossilização da religião tradicional, estimulou fortemente o renascimento dos movimentos na Igreja católica. Nesse quadro, o Giussani do Comunhão e Libertação propôs elementos válidos ainda hoje no universo católico. Dá relevo ao conceito de que o cristianismo não pode se limitar à narração de um "relato", mas deve se tornar vital apenas se atualizar um "fato", um "evento" real que, no crente, deve se encarnar na "experiência" vivida em todos os âmbitos da sociedade contemporânea: trabalho, afetos, vida relacional, tempo livre. Uma concretude que se entrelaça a uma inspiração quase mística: "A liberdade – relembra Camisasca, citando o seu mestre – nasce da descoberta de que o homem está em relação com o infinito, com a origem de todo o fluxo do mundo". Nesse sentido, é inaceitável toda inércia no anúncio religioso, porque "no homem não há uma ideia inata de Deus". Deve-se chegar ao divino, ou melhor, à descoberta do "mistério" por meio de um percurso ativo, que capture coração e razão.


Entende-se então por que Comunhão e Libertação – pense-se só no Meeting de Rimini, que se tornou um encontro internacional – sempre dedicou muita atenção à cultura, à poesia, à pintura (também de artistas "pecadores" como Bacon ou Testori). No seu agir, Giussani exortou a um ecumenismo radicado nos "fragmentos de verdade" que o Concílio Vaticano II valorizou nas outras religiões. Mas há também páginas argutas sobre a autenticidade do protestantismo, geralmente negligenciado em vantagem dos ortodoxos quando se fala de ecumenismo.


Pertence à última fase da trajetória de Giussani uma tensão mística com relação a Maria, como minúsculo ponto da história humana, escolhido para a encarnação de Cristo. Mas é sobretudo o tema da "superabundante" misericórdia divina que no fim o aferra como dimensão infinita e, portanto, sinal definitivo da "essência de Deus".


Faz parte do livro uma galeria fotográfica que é documento intrigante da linguagem corpórea de Giussani. Respeitosa atenção a Paulo VI, o papa intelectual. Impulso afetuoso com relação a Wojtyla, o pontífice guia. Distância perplexa com relação ao cardeal Martini, o "diferente", tanto então como hoje.





Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=20567

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