sábado, 28 de julho de 2012

Multiplicação dos pães - Jesus e a fome do povo (Jo 6,1-15)

Texto extraído do livro "Raio-X da Vida"
Círculos Bíblicos do Evangelho de João.
Coleção A Palavra na Vida 147/148.
Autores: Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino.
CEBI Publicações.
Saiba mais vendas@cebi.org.br.

OLHAR DE PERTO AS COISAS DA NOSSA VIDA
No texto de hoje, vamos refletir a história da multiplicação dos pães. O povo ia atrás de Jesus, porque via os sinais que ele fazia para os doentes. Era um povo faminto e doente, como um rebanho sem pastor. Estava desorientado. Buscava sinais, buscava um líder. Seguia a Jesus, porque enxergava nele o novo líder capaz de resolver os seus problemas. Vendo aquela multidão de gente que o procurava, Jesus confronta os discípulos com a fome do povo. Alguma coisa tinha de ser feita!

SITUANDO
No Situando do 8º Círculo Bíblico deste mesmo livro, vimos o esquema das sete festas e dos sete sinais. Aqui, neste novo círculo, estamos na festa da Páscoa, a 4ª festa (Jo 6,4). Nela acontecem dois sinais: a multiplicação dos pães (4º sinal) e a caminhada sobre as águas (5º sinal). Em seguida, vem o longo diálogo sobre o Pão da Vida (Jo 6,22-71). O enfoque central é o confronto entre a antiga Páscoa do Êxodo e a nova Páscoa que se realiza em Jesus:


Jo 6,1-15: Multiplicação dos pães - Como Moisés, Jesus dá de comer ao povo no deserto;
Jo 6,16-21: Caminhada sobre as águas - Como o povo, Jesus atravessa o mar;
Jo 6,22-71: Diálogo sobre o Pão da Vida - Esclarece a nova Páscoa que se realiza em Jesus.

COMENTANDO

1. João 6,1-4: A Situação
"Estava próxima a Páscoa". Na antiga páscoa, aquela do êxodo do Egito, o povo atravessou o Mar Vermelho. Aqui na nova páscoa, Jesus atravessa o Mar da Galiléia. Uma grande multidão seguia a Moisés no primeiro êxodo. Uma grande multidão segue Jesus nesse novo êxodo. No primeiro êxodo, Moisés subiu a Montanha. Jesus, o novo Moisés, também sobe à montanha. O povo seguia a Jesus porque tinha visto os sinais que ele fazia para os doentes.
2. João 6,5-7: Jesus e Filipe
Uma vez no deserto, apareceu a fome do povo. Vendo a multidão faminta, Jesus pergunta a Filipe: "Onde vamos comprar pão para esse povo comer?" Fez a pergunta para prová-lo, porque ele sabia o que fazer. Como sabia? É que, conforme a Escritura, no primeiro êxodo, Moisés tinha conseguido alimento para o povo faminto. Jesus, o novo Moisés, irá fazer a mesma coisa. Mas Filipe, em vez de olhar a situação à luz das Escrituras, olha a situação com os olhos do sistema e responde: "Duzentos denários não bastam!" Um denário era o salário mínimo de um dia. Filipe constata o problema e reconhece a sua total incapacidade para resolvê-lo. Faz o lamento, mas não apresenta solução.
3. João 6,8-9: André e o menino
André, em vez de lamentar-se, busca uma solução. Ele encontra um menino com cinco pães e dois peixes, disposto a partilhá-los. Cinco pães de cevada e dois peixes eram o sustento ou a ração do pobre. O menino entrega o seu sustento! Ele poderia ter dito: "Cinco pães e dois peixes, o que é isso para tanta gente? Não vai dar para nada! Vamos partilhá-los aqui entre nós com duas ou três pessoas!" Em vez disso, tem a coragem de entregar cinco pães e dois peixes para alimentar 5 mil pessoas (Jo 6,10). Andre percebe que neste gesto do menino está a solução. Por isso, levou-o até Jesus. Quem faz isso, ou é louco ou tem muita fé em Jesus e nas pessoas, acreditando que, por amor a Jesus, todos se disponham a partilhar como fez o menino!



4. João 6,10-11: A multiplicação
Jesus pede para o povo se acomodar na grama. Em seguida, multiplica o sustento, a ração do pobre. Diz o texto: "Jesus tomou os pães e, depois de ter dado graças, distribuiu-os aos presentes, assim como os peixes, tanto quanto queriam!" Com esta frase, escrita no ano de 100 depois de Cristo, João evoca o gesto da Ceia, do jeito que era celebrada nas comunidades (1Cor 11,23-24). A Ceia Eucarística, quando celebrada como deve, levará as pessoas à partilha como levou o menino a entregar seu sustento para ser partilhado.
5. João 6,12-13: A sobra dos 12 cestos
Jesus manda recolher a sobra do pão. Recolheram 12 cestos. O número 12 evoca a totalidade do povo com suas 12 tribos. João não informa se sobrou algo dos peixes. É que o interesse dele era evocar o pão como símbolo da Ceia Eucarística. João não descreve a Ceia Eucarística, mas descreve a multiplicação dos pães como símbolo do que deve acontecer nas comunidades e no mundo através da celebração da Ceia Eucarística. Por exemplo, se no Brasil houvesse partilha, haveria comida abundante para todos e sobrariam 12 cestos para muitos outros povos! E dizem que o Brasil é o maior país cristão do mundo! Ah, se fosse...!
6. João 6,14-15: Querem fazê-lo rei
O povo interpreta o gesto de Jesus dizendo: "Esse é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo!" A intuição do povo é correta. Jesus de fato é o novo Moisés, o Messias, aquele que o povo estava esperando (Dt 18,15-19). Mas esta intuição tinha sido desviada pela ideologia da época que "queria um grande rei que fosse forte e dominador". Por isso, vendo o sinal, o povo proclama Jesus como Messias e avança para fazê-lo rei! Jesus, percebendo o que ia acontecer, refugia-se sozinho na montanha. Não aceita esta maneira de ser messias e aguarda o momento oportuno para ajudar o povo a dar um passo.

ALARGANDO

O Livro dos Sinais
Já vimos na Introdução que o Evangelho de João se formou a partir de dois livros mais antigos: o Livro dos Sinais e o Livro da Glorificação. O Livro dos Sinais foi escrito para que as pessoas, através do sinais realizados por Jesus, pudessem crer que ele é "o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome" (Jo 20,30-31).
O autor tem consciência de que está selecionando alguns sinais, já que afirma que "Jesus fez muitos outros sinais ainda, que não estão escritos neste livro" (Jo 21,25). Assim, João preservou sete sinais prodigiosos de Jesus: a transformação da água em vinho em Caná (Jo 2,1-11);  a cura do filho do funcionário real, também em Caná (Jo 4,46-54); a cura do paralítico em Jerusalém (Jo 5,1-18); a multiplicação dos pães na Galiléia (Jo 6,1-15); a caminhada sobre o mar (Jo 6,16-21); a cura do cego de nascença em Jerusalém (Jo 9,1-41) e a ressurreição de Lázaro em Betânia (Jo 11,1-44).
No Quarto Evangelho, não aparecem os inúmeros milagres de Jesus como nos outros evangelhos, e nenhum relato de um gesto de expulsão de demônios. O Evangelho de João chama estes acontecimentos de "sinais" e não de "milagres", como nos outros evangelhos. Por que esta diferença? É que, para João, estes sinais de Jesus exigem uma tomada de posição por parte das pessoas.
Os sinais de Jesus podem provocar fé. Em Caná, diante do sinal do vinho, os discípulos tiveram fé em Jesus (Jo 2,11). Também em Jerusalém os sinais provocam adesão e fé (Jo 2,23). Movido por estes mesmos sinais, Nicodemos busca saber quem é Jesus (Jo 3,2). O funcionário real e sua família se convertem diante do sinal feito por Jesus (Jo 4,54). Mas Jesus exige algo mais. Ele desconfia de uma fé que vive pedindo sinais (Jo 2,18; 2,23-25; 4,48). Os sinais nem sempre suscitam fé em Jesus (Jo 6,26; 12,37).
Para Jesus não é necessário "ver para crer!" (Jo 20,29). Talvez por isso João relata apenas sete sinais. Ele destaca estes sinais para que as pessoas que buscam a glória de Deus possam penetrar no mistério da vida de Jesus e descobri-lo como verdadeiro Messias e Filho de Deus (Jo 1,14; 2,11; 20,30-31).
Os sinais feitos por Jesus são expressão do amor de Deus pela Humanidade. Desta forma João busca ligar Jesus com as manifestações da glória de Deus  no Antigo Testamento. No AT "glória" é a manifestação visível do Deus invisível através de atos e feitos extraordinários (Ex 16,7-10; 24,17; Nm 14,11-22; Dt 7,19-29; 29,1-3). Através destes sete sinais extraordinários de Jesus, a comunidade pode ter a certeza de que Deus continua junto com o povo, num novo êxodo para a liberdade.

sábado, 21 de julho de 2012

O senhor é meu pastor! Nada me falta! (Mc 6,30-34)



O ACOLHIMENTO
O ACOLHIMENTO DADO AOS DISCÍPULOS E O ACOLHIMENTO DADO AO POVO

Texto extraído do livro "Caminhando com Jesus"
Série: A Palavra na Vida 182/183.
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
CEBI Publicações.
Mais informações: vendas@cebi.org.br.
ABRIR OS OLHOS PARA VER
Depois do banquete da morte promovido por Herodes que matou João Batista, vem o banquete da vida. Jesus alimenta o povo faminto no deserto. Povo faminto é o que não falta hoje. Iniciativas para dar de comer ao povo também existem. Vamos aprofundar mais essa reflexão?

SITUANDO
O início do terceiro bloco traz um grande contraste! De um lado o banquete da morte, promovido por Herodes com os grandes da Galiléia, no palácio da Capital (Mc 6,17-29). Do outro lado, o banquete da vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galileia lá no deserto (Mc 6,30-44). No Evangelho de Marcos, a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui e em Mc 8,1-10. Por isso, devemos prestar muita atenção para descobrir em que consiste a importância da multiplicação dos pães, momento culminante à passagem que a antecede e que vamos refletir hoje (Mc 6,30-34).

COMENTANDO
Marcos 6,30-32: O acolhimento dados aos discípulos
Estes versículos mostram como Jesus formava novas lideranças. Ele tinha o costume de levar os discípulos a um lugar mais tranquilo para poder descansar e fazer uma revisão. Preocupava-se com o descanso deles, pois o trabalho da missão era tanto que não sobrava tempo nem para comer.

Marcos 6,33-34: O acolhimento dado ao povo
O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago e foi atrás. Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão, esqueceu o descanso e começou a ensinar. Aqui transparece o abandono do povo. Jesus ficou com dó, "pois eles estavam como ovelhas sem pastor". Quem lê isso lembra o salmo do bom pastor (Salmo 23). Quando Jesus percebe o povo sem pastor, ele começa a ser pastor. Começa a ensinar. Ele guia o povo no deserto da vida, e o povo pode cantar: "O senhor é meu pastor! Nada me falta!"

sábado, 14 de julho de 2012

Envio dos doze para a missão (Mc 6,6-13)

Texto extraído do livro "Caminhando com Jesus"
Série A Palavra na Vida 182/183.
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
CEBI Publicações.
Mais informações:vendas@cebi.org.br.


O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras: diante do fechamento da sua família e do seu povoado, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas. Além disso, ele abriu a missão e intensificou o anúncio da Boa Nova.
Chamando os doze, os enviou com as seguintes recomendações: deviam ir dois a dois, receberam poder sobre espíritos maus, não podiam levar nada no bolso, não deviam andar de casa em casa e, caso não fossem recebidos, deviam sacudir o pó das sandálias e seguir adiante. E eles foram.
É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo! Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.


ALARGANDO
Envio e Missão
No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida, pois não confiavam na comida do povo, que nem sempre era ritualmente "pura".
Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e discípulas de Jesus receberam recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que receberam de Jesus e que ainda é a nossa missão:


a) Deviam ir sem nada. Não podiam levar nada, nem bolsa, nem ouro, nem prata, nem dinheiro, nem bastão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade, pois quem vai sem nada vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.


b) Deviam comer o que o povo lhes dava. Não podiam viver separados com sua própria comida e deviam aceitar a comunhão de mesa. Isto significa que, no contato como o povo, não deviam ter medo de perder a pureza como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.


c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos. Isto é, deviam conviver de  maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo o mundo e viver do que recebiam em troca, "pois todo o operário merece salário" (Lc 10,7). Em outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha. Isto também explica a severidade da crítica contra os que recusavam a mensagem (Lc 10,10-12), pois não recusavam algo novo, mas sim o próprio passado.


d) Deviam tratar dos doentes e necessitados, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mt 10,8). Isto é, deviam exercer a função de "defensor" (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.
Estes eram os quatro pontos básicos que deviam marcar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos. Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: O Reino chegou! Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem viver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.

O sacudir a poeira dos pés (6,11) é um gesto que testemunha o julgamento de Deus sobre aqueles que não aceitam o projeto do Pai trazido por Jesus. (BALANCIN, 2005, p. 85). 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Onde não há fé, Jesus não pode fazer milagre! Marcos 6,1-6

Texto extraído do livro "Caminhando com Jesus" 
Série A Palavra na Vida 182/183.
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes. 
CEBI Publicações.
Mais informações: vendas@cebi.org.br

SITUANDO
Marcos apresenta o crescimento do conflito vivido por Jesus e o mistério de Deus que envolvia sua pessoa. Agora, chegando ao fim, a narração entra numa curva. Começa a aparecer uma nova paisagem. O texto que meditaremos nessa e na próxima semana tem duas partes distintas, como os dois pratos da balança. A primeira descreve como o povo de Nazaré se fecha frente a Jesus (Mc 6,1-6) e a segunda descreve como Jesus se abre para o povo da Galiléia enviando os discípulos em missão (Mc 6,7-13).
No tempo em que Marcos escreveu o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. A descrição do conflito que Jesus viveu em Nazaré é do envio dos discípulos, que alargava a missão, despertava nelas a criatividade. Pois para quem crê em Jesus não pode haver uma situação sem horizonte.

COMENTANDO
Marcos 6,1-3: Reação do Povo de Nazaré frente a Jesus
É sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim ele tomou a palavra. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. Mas o povo não gostou das palavras dele e ficou escandalizado. Jesus, um moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré se escandalizou e não aceitou. Motivo? "Esse não é o carpinteiro, filho de Maria?" Eles não aceitaram o mistério de Deus presente num homem comum como eles! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles!
Como se vê, nem tudo foi bem-sucedido. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas são as que se recusam a aceitá-la. O conflito não é só com os de fora de casa, mas também com os parentes e com o povo de Nazaré. Eles recusam, porque  não conseguem entender o mistério que envolve a pessoa de Jesus: "De onde vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?" Não deram conta de crer.
Marcos 6,4-6a: Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré
Jesus sabe muito bem que "santa de casa não faz milagre". Ele diz: "Um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!" De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada. Ele ficou admirado da falta de fé deles.

ALARGANDO
A expressão "Irmãos de Jesus"
Essa expressão é causa de polêmica entre católicos e protestantes. Os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso?
Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça, pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la.
Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos nos unir bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé.
CEBI - Centro de Estudos Bíblicos

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Seminaristas da Arquidiocese em missão

Na manhã de ontem, 04 de julho, os seminaristas maiores de nossa Arquidiocese encerraram suas atividades acadêmicas do primeiro semestre de 2012.


Entretanto, o Seminário Maior de Viamão propõe para os seminaristas uma semana missionária.


Estes dias de missão visam fecundar em nossos jovens o amor pela pastoral e pela missão, nos mais variados cantos de nossa Arquidiocese. Os seminaristas serão acolhidos nas paróquias de todos os vicariatos. Nas paróquias, os futuros padres terão a oportunidade de visitar famílias, escolas, hospitais e todas as frentes pastorais, conhecendo assim a realidade de nosso povo e de nossa Igreja Particular, criando desde já um amor pelo povo de Deus e um vínculo maior com o Presbitério de nossa Arquidiocese.


A missão inicia nesta quinta-feira, dia 05 de julho, e se estenderá até o próximo dia 15.


Rezemos pelos seminaristas, pelas Paróquias e os párocos que os acolherão para que sejam dias de convivência, de apostolado, de oração, de fraternidade e de amor, justamente neste ano que celebramos o Ano Vocacional de nossa Arquidiocese.

Ide pois fazer discípulos entre todas as nações!


Paróquias que acolheram seminaristas:


Vicariato de Porto Alegre:
Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora - Pe. Márcio Andrade.
Paróquia Nossa Senhora Aparecida - Pe. Luciano Massullo.
Paróquia São Sebastião - Pe. Eduardo Delazari.
Paróquia São Carlos Borromeu - Pe. Fábio Kristh.
Animação Vocacional - Kairós - Pe. Luís Antônio Larratea.
Cúria Metropolitana, junto a Chancelaria - Cônego Mello.


Vicariato de Canoas:
Paróquia Santo Antônio - Pe. João Batista Neto.
Paróquia Imaculada Conceição - Pe. Leonardo Reichert.
Paróquia São Cristovão - Pe. Vanderley Bock.


Vicariato de Gravataí:
Paróquia São José Operário (Alvorada) - Pe. Luís Inácio Flach


Vicariato de Guaíba:
Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Barão do Triunfo) - Pe. Batista Vieira.
Paróquia Nossa Senhora do Livramento (Guaíba) - Pe. Léo Hastenteufel.
Paróquia Nossa Senhora da Paz (Guaíba) - Pe. Adilson Fonseca.

CEBI apóia manifesto pelo Fim das Ameaças e Intimidações a Frei Gilvander Moreira


O Movimento Nacional de direitos Humanos/MG e o Instituto de Direitos Humanos - DH, MIDHIA - Comunicação e Direitos Humanos vem pelo presente, repudiar as constantes ameaças de morte e intimidações sofridas por Frei Gilvander Luis Moreira, Defensor de Direitos Humanos. 

As lutas empreendidas e bandeiras de direitos humanos levantadas em defesa dos pobres de Belo Horizonte e de Minas Gerais  têm incomodado setores que  há tempos fazem de tudo,  para intimidar e  calar a voz deste profeta.

No último dia 21 de junho de 2012, Frei Gilvander Luis Moreira recebeu uma homenagem na Câmara dos vereadores de Belo Horizonte, MG, contemplado com o Diploma de Honra ao Mérito, por indicação do Vereador Adriano Ventura.
http://www.cmbh.mg.gov.br/sala-de-imprensa/banco-de-imagens/2012/diploma-de-honra-ao-merito-ao-frei-gilvander-luis-moreira-ind.

No dia seguinte à homenagem, o Frei  Gilvander  Moreira  voltou a sofrer ameaças por telefone. As ligações e ameaças seguiram nos dias 25, 26 e 27 de junho.  Entre as palavras de ameaças e intimidações o agressor fala palavrões e sugere que o Frei mude de Belo Horizonte   o  quanto antes e que "sua batata já assou".

Entidades e Movimentos que quiserem  poderão socializar essa informação em suas redes  e contatos.  Informamos que estamos tomando as providências necessárias junto as autoridades  competentes, para  que sejam cessadas as ameaças e intimidações. 

O Frei continua Inserido no Programa de Proteção de Defensores  de Direitos Humanos de Minas Gerais - PDDH-MG, conforme o Decreto  6.044/2007, em  parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - SEDH, a Secretaria de Estado  de Desenvolvimento Social - SEDESE e o Instituto de Direitos  Humanos - Instituto DH.

Assinam: Padre Henrique de Moura Faria  -  Instituto DH; Ana Lúcia Figueiredo -    MiDHia - Comunicação e Direitos Humanos - Gildázio Alves dos Santos - Movimento Nacional de Direitos Humanos/MG

Fonte: http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=2&noticiaId=3179 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Capacitação Bíblica do Evangelho de Marcos

A Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF) está oferecendo uma capacitação bíblica para agentes de pastoral que desejam aprofundar o tema do Mês da Bíblia 2012.


O livro proposto para este ano é o Evangelho de Marcos, sob a perspectiva da caminhada do discipulado.

Tema: Discípulos missionários a partir do Evangelho de Marcos
Data: 18/08/2012
Horário: 8h30min às 17h
Valor: R$ 20,00 (inscrição e material)

Assessoria: Ir. Katia Rejane Sassi
Local: ESTEF – Rua Tomás Edson, 212 Bairro Santo Antônio - Porto Alegre
Inscrições: Na secretaria da ESTEF, via telefone (32174567) ou e-mail (estef@estef.edu.br)
Obs.: O almoço não está incluído na taxa, ficando por conta de cada participante.


domingo, 1 de julho de 2012

Pedra de apoio ou pedra de tropeço? (Mt 16,13-19)


A COMUNIDADE DE FÉ
PEDRA DE APOIO OU PEDRA DE TROPEÇO?
Mateus 16,13-19

Texto extraído do livro "Travessia: Quero misericórdia e não sacrifício"
Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Mateus. 
Coleção a Palavra na Vida 135/136 do CEBI. 
Autores: Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino. 
Mais informações em vendas@cebi.org.br.

Neste texto aparecem muitas opiniões sobre Jesus e várias maneiras de se expressar a fé. Pedro, por exemplo, tem opiniões e atitudes tão opostas entre si que parecem não poder caber na vida de uma mesma pessoa. Hoje também existem muitas opiniões diferentes sobre Jesus e também várias maneiras de viver a fé, tanto dentro da gente como dentro da comunidade. Vamos conversar sobre isso.

SITUANDO

Estamos na parte da narrativa entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o Sermão da Comunidade (Mt 18). Geralmente, nestas partes narrativas que ligam entre si os cinco sermões, Mateus costuma seguir a sequência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, cita outras informações, também conhecidas por Lucas. E aqui e acolá, traz textos que só aparecem no Evangelho de Mateus, como é o caso da conversa entre Jesus e Pedro no texto de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas várias igrejas cristãs.

Naquele tempo, as comunidades cultivavam uma ligação afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem à comunidade. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua ligação com a pessoa de Pedro. As da Grécia com a pessoa de Paulo. Algumas comunidades da Ásia com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava as comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12).

COMENTANDO

1. Mateus 16,13-16: As opiniões do povo e dos discípulos a respeito de Jesus
Jesus faz um levantamento da opinião do povo a respeito da sua pessoa. As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas. Quando pergunta pela opinião dos discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: "Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo!" A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão de fé é feita por Marta (Jo 11,27). Ela significa que em Jesus se realizam as profecias do Antigo Testamento.

2. Mateus 16,17: A resposta de Jesus a Pedro: "Feliz você Pedro!"
Jesus proclama Pedro "Feliz!", porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas que antes ninguém conhecia (Mt 13,16).

3. Mateus 16,18-19: As atribuições de Pedro: ser pedra e tomar conta das chaves do Reino

3.1 Ser pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem. Apesar de fraca e perseguida, a comunidade tem fundamento firme, garantido pela palavra de Jesus. Ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus ao povo no exílio: "Vocês que buscam a Deus e procuram a justiça, olhem para a rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira de onde foram extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando os chamei, eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção" (Is 51,1-2). Indica um novo começo do povo de Deus.

3.2 As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo poder de ligar e desligar diz: "É necessário que o Messias sofra e seja morto em Jerusalém". Dizendo que "é necessário", ele indica que o sofrimento estava previsto nas profecias. Não só o triunfo da glória, também o caminho da cruz. Se os discípulos aceitam Jesus como Messias e Filho de Deus, devem aceitá-lo também como Messias Servo que vai ser morto. Mas Pedro não aceita a correção de Jesus e procura dissuadi-lo.

ALARGANDO

Igreja, Assembleia
A Palavra Igreja, em grego ekklésia, aparece 105 vezes no Novo Testamento, quase exclusivamente nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas. Nos Evangelhos aparece três vezes, só em Mateus. A palavra significa literalmente "convocada" ou "escolhida". Ela indica o povo que se reúne convocado pela Palavra de Deus e procura viver a mensagem do Reino que Jesus trouxe. A Igreja ou a comunidade não é o Reino de Deus, mas sim um instrumento e uma amostra do Reino. O Reino é maior. Na Igreja, na comunidade deve ou deveria aparecer aos olhos de todos aquilo que acontece quando um grupo humano deixa Deus reinar e tomar conta de suas vidas.

Pedro, Pedra
Jesus deu a Simão o apelido de pedra (Pedro). Pedro era fraco na fé, duvidou, tentou desviar Jesus, teve medo no horto, dormiu e fugiu, não entendia o que Jesus falava. Ele era como os pequenos que Jesus proclamou felizes. Pedro era apenas um dos doze e deles se fazia porta-voz. Mais tarde, depois da morte e ressurreição de Jesus, a sua figura cresceu e se tornou símbolo da comunidade. 

Fonte: http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=21&noticiaId=3159