Vaticano,
11 Jun. 14 / 12:12 pm (ACI/EWTN Noticias).- O Papa Francisco terminou nesta
quarta-feira a sua catequese sobre os dons do Espírito Santo abordando nesta
ocasião o dom
do temor de Deus, o qual –afirmou, ajuda o fiel a estar alerta
quando está indo pelo caminho do pecado e a entender que “não significa ter
medo de Deus: sabemos bem que Deus é Pai e que nos ama e quer a nossa salvação
e sempre perdoa, sempre”.
Debaixo
do sol de Roma, o Papa dirigiu a Audiência Geral ante uma Praça de São Pedro
cheia de fiéis, e explicou-lhes que este dom “nos recorda quanto somos pequenos diante de
Deus e do seu amor e que o nosso bem está em nos abandonarmos com humildade,
com respeito e confiança em suas mãos”. “É um dom que faz de nos cristãos
convictos, entusiasmados, que não ficam submetidos ao Senhor por medo, mas
porque são comovidos e conquistados pelo seu amor!”.
A seguir,
a íntegra da catequese por cortesia da Rádio Vaticano:
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia,
O dom do temor de
Deus, do qual falamos hoje, conclui a série dos sete dons do
Espírito Santo. Não significa ter medo de Deus: sabemos bem que Deus é Pai e
que nos ama e quer a nossa salvação e sempre perdoa, sempre; por isso não há
motivo para ter medo Dele! O temor de Deus, em vez disso, é o dom do
Espírito que nos recorda quanto somos pequenos diante de Deus e do seu amor e
que o nosso bem está em nos abandonarmos com humildade, com respeito e
confiança em suas mãos. Este é o temor de Deus: o abandono na bondade do nosso
Pai que nos quer tanto bem.
1. Quando
o Espírito Santo faz morada em nosso coração, infunde em nós consolo e paz e
nos leva a nos sentirmos assim como somos, isso é, pequenos, com aquela atitude
– tão recomendada por Jesus no Evangelho – de quem coloca todas as suas
preocupações e as suas expectativas em Deus e se sente envolvido e apoiado pelo
seu calor e pela sua proteção, justamente como uma criança com o seu pai! O
Espírito Santo faz isso nos nossos corações: nos faz sentir como crianças nos
braços do nosso pai.
Nesse
sentido, então, compreendemos bem como o temor de Deus vem
assumir em nós a forma da docilidade, do reconhecimento e do louvor, enchendo o
nosso coração de esperança. Tantas vezes, de fato, não conseguimos acolher o
desígnio de Deus e percebemos que não somos capazes de assegurarmos por nós
mesmos a felicidade e a vida eterna. É justamente na experiência dos nossos
limites e da nossa pobreza, porém, que o Espírito nos conforta e nos faz
perceber como a única coisa importante é deixar-nos conduzir por Jesus entre os
braços do seu Pai.
2. Eis
porque temos tanta necessidade deste dom do Espírito Santo. O temor de Deus nos faz tomar consciência de que tudo vem da
graça e que a nossa verdadeira força está unicamente em seguir o Senhor Jesus e
em deixar que o Pai possa derramar sobre nós a sua bondade e a sua misericórdia.
Abrir o coração para que a bondade e a misericórdia de Deus venham até nós.
O Espírito
Santo faz isso com o dom do temor de Deus: abre os corações. Coração
aberto a fim de que o perdão, a misericórdia, a bondade, os carinhos do Pai
venham a nós, para que nós sejamos filhos infinitamente amados.
3. Quando
somos permeados pelo temor de Deus então
somos levados a seguir o Senhor com humildade, docilidade e obediência. Isto,
porém, não com atitude de resignação, passiva, mesmo lamentosa, mas com o estupor
e a alegria de um filho que se reconhece servido e amado pelo Pai.
O temor de Deus,
então, não faz de nós cristãos tímidos, acomodados, mas gera em nós coragem e
força! É um dom que faz de nos cristãos convictos, entusiasmados, que não ficam
submetidos ao Senhor por medo, mas porque são comovidos e conquistados pelo seu
amor! Ser conquistado pelo amor de Deus! E isto é uma coisa bela. Deixar-se
conquistar por este amor de pai, que nos ama tanto, ama-nos com todo o seu
coração.
Mas,
estejamos atentos, porque o dom de Deus, o dom do temor de Deus
é também um “alarme” diante da persistência no pecado. Quando uma pessoa vive no mal, quando blasfema contra
Deus, quando explora os outros, quando lhes tiraniza, quando vive somente para
o dinheiro, para a vaidade, o poder ou o orgulho, então o santo temor de Deus
nos coloca um alerta: atenção! Com todo este poder, como todo este dinheiro,
com todo o teu orgulho, com toda a tua vaidade, não serás feliz. Ninguém pode
levar consigo para o outro lado nem o dinheiro nem o poder, nem a vaidade nem o
orgulho. Nada! Podemos levar somente o amor que Deus Pai nos dá, os
carinhos de Deus, aceitos e recebidos por nós com amor. E podemos levar aquilo
que fizemos pelos outros. Atenção para não colocar a esperança no dinheiro, no
orgulho, no poder, na vaidade, porque tudo isso não pode nos prometer nada de
bom!
Penso,
por exemplo, nas pessoas que têm responsabilidade sobre os outros e se deixam
corromper; vocês pensam que uma pessoa corrupta será feliz do outro lado? Não, todo
o fruto da sua corrupção corrompeu o seu coração e será difícil ir para o
Senhor.
Penso
naqueles que vivem do tráfico de pessoas e do trabalho escravo; vocês pensam
que esta gente que trafica as pessoas, que explora as pessoas com o trabalho
escravo tem no coração o amor de Deus? Não, não têm o temor de Deus e não são
felizes. Não são.
Penso
naqueles que fabricam armas para fomentar guerras; mas pensem que profissão é
esta. Estou certo de que se faço agora a pergunta: quantos de vocês são
fabricantes de armas? Ninguém, ninguém. Estes fabricantes de armas não vem
ouvir a Palavra de Deus! Estes fabricam a morte, são mercantes de morte e fazem
mercadoria de morte.
Que o temor de
Deus faça com que eles compreendam que um dia tudo termina e que deverão
prestar contas a Deus.
Queridos
amigos, o Salmo 34 nos faz rezar assim: “Este miserável clamou e o Senhor o
ouviu, de todas as angústias o livrou. O anjo do Senhor acampa em redor dos que
o temem e os salva” (vv. 7-8). Peçamos ao Senhor a graça de unir a nossa voz
àquela dos pobres, para acolher o dom do temor de Deus e poder nos reconhecermos,
junto a eles, revestidos da misericórdia e do amor de Deus, que é o nosso Pai,
o nosso Pai. Assim seja.
Fonte: http://www.acidigital.com/