terça-feira, 31 de maio de 2011

DEUS TRABALHA DE VÁRIAS MANEIRAS

Após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido se agarrar à parte dos destroços para poder ficar boiando.

Este único sobrevivente foi parar em uma pequena ilha desabitada fora de qualquer rota de navegação.

E ele agradeceu novamente.

Com muita dificuldade e restos dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse se proteger do sol, da chuva, de animais e, também para guardar seus poucos pertences.

E como sempre agradeceu.

Nos dias seguintes, a cada alimento que conseguia caçar ou colher, ele agradecia.

No entanto, um dia quando voltava da busca por alimentos, ele encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça.

Terrivelmente desesperado ele se revoltou, gritava chorando: "O pior aconteceu! perdi tudo!

Deus, por que fizeste isso comigo"?

Chorou tanto que adormeceu profundamente cansado.

No dia seguinte bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava.

-"Viemos resgatá-lo", disseram.

-"Como souberam que eu estava aqui"?, perguntou ele.

-"Nós vimos o seu sinal de fumaça"!

É comum nos sentirmos desencorajados e até mesmo desesperados, quando as coisas vão mal.

Mas, Deus age em nosso benefício, mesmo nos momentos de dor e sofrimento.

Lembre-se:

Se algum dia seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça que fará chegar até você a Graça Divina.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

*'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'*

TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO

*'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'*

'Fingi ser gari por 1 mês e vivi como um ser invisível'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou um mês como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo.

Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'.

Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

*Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

*O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.

'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.

No primeiro dia de trabalho paramos para o café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço.

Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro.

Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:

'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.

Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central.

Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu.

Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de um mês trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais.

Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa.

Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.

Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe.

Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

*Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!

 

Fonte: Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Mais de 70 mil pessoas participam de cerimônia de beatificação de Irmã Dulce, em Salvador


beatificacao2irmadulceMilhares de pessoas celebram ontem, 22, em Salvador (BA), a beatificação de irmã Dulce. A religiosa dedicou sua vida a ajudar os pobres e excluídos, passando a ser chamada de Anjo Bom da Bahia. A solidariedade aos carentes e o reconhecimento de um milagre levaram a freira a ser proclamada beata, o que a deixa mais próxima de se tornar santa.

A cerimônia, iniciada às 17 horas, no Parque de Exposições de Salvador, foi acompanhada por 77 mil pessoas (dados da polícia militar da Bahia) e diversas autoridades, entre elas, a presidente da República Dilma Rousseff, o governador da Bahia, Jaques Wagner e o presidente do Senado, José Sarney. O rito foi conduzido pelo cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, representando o papa Bento XVI. Com a beatificação, a religiosa passou a ser chamada de “Bem-Aventurada Dulce dos Pobres”.

Como beata, um grande quadro com o retrato da religiosa foi mostrado ao público, que agitou lenços e cantou em homenagem à freira baiana, que morreu há 19 anos.

beatificacao3irmadulce
O processo de canonização começou em 2001. Em 2003, a Santa Sé emitiu validação jurídica do milagre atribuído à freira. Irmã Dulce intercedeu por uma mulher, no estado de Sergipe, que sofreu grave hemorragia após o parto, em 2001. Em 2009, o papa Bento XVI concedeu o título de venerável à freira baiana, reconhecimento de que viveu de forma heroica as virtudes da fé cristã, caridade e esperança. O feito foi investigado por peritos médicos e teólogos.

No ano passado, a Congregação para a Causa dos Santos certificou a autenticidade do milagre atribuído à irmã Dulce, última etapa para a beatificação. Em dezembro de 2010, o papa promulgou o decreto de beatificação. Após o decreto, deu-se início o processo para a santificação. Para ser considerada santa mais um milagre deve ser constatado.

Filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, irmã Dulce, nasceu em 26 de maio de 1914, na capital baiana. Aos sete anos, a mãe morreu. Na adolescência, já dava sinais da vocação para ajudar os excluídos, acolhendo mendigos e doentes em sua casa.

beatificacao1irmadulceEm 1933, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no município sergipano de São Cristovão. Aos 20 anos, fez os votos e adotou o nome de irmã Dulce, em homenagem à mãe.

Em Salvador, prestava assistência à comunidade pobre de Alagados, ajudou na fundação de uma associação católica de operários e também de uma escola para filhos dos operários. No início da década de 50, a freira usava o galinheiro do convento para abrigar doentes – foi o começo da Associação Obras Sociais Irmã Dulce, criada oficialmente em 1959. Depois, fundou o Convento Santo Antônio.

Em 1988, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Com a saúde extremamente debilitada, a religiosa morreu em 1992, com 77 anos de idade. Com o processo de canonização, os restos mortais foram levados para a Capela do Convento Santo Antônio. Depois de receber o título de venerável, foram transferidos para a Capela das Relíquias, ambos em Salvador.


Palavra do Papa

O papa Bento XVI lembrou a beatificação de irmã Dulce, durante a tradicional Oração Regina Coeli. Num discurso em português, o papa chamou a religiosa baiana de “mãe dos desamparados”.

“Desejo também unir-me à alegria dos pastores e dos fieis congregados em Salvador para a beatificação da irmã Dulce Lopes Pontes, que deixou para trás uma prodigiosa pegada de caridade a serviço dos mais pobres, fazendo com que todo o Brasil visse nela a mãe dos desamparados”, disse Bento XVI.


fonte: http://www.cnbb.org.br/site/regionais/nordeste-3/6634-mais-de-70-mil-pessoas-participam-de-cerimonia-de-beatificacao-de-irma-dulce-em-salvador

sábado, 21 de maio de 2011

NOTA DA CNBB A RESPEITO DA UNIÃO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
49ª Assembléia Geral
Aparecida-SP, 04 a13 de maio de 2011
49ª AG (Doc)


NOTA DA CNBB A RESPEITO DA DECISÃO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL QUANTO À UNIÃO
ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO


Nós, Bispos do Brasil em Assembleia Geral, nos dias 4 a 13 de maio, reunidos na casa da nossa Mãe, Nossa Senhora Aparecida, dirigimo-nos a todos os fiéis e pessoas de boa vontade para reafirmar o princípio da instituição familiar e esclarecer a respeito da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Saudamos todas as famílias do nosso País e as encorajamos a viver fiel e alegremente a sua missão. Tão grande é a importância da família, que toda a sociedade tem nela a sua base vital. Por isso é possível fazer do mundo uma grande família.
A diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural. O matrimônio natural entre o homem e a mulher bem como a família monogâmica constituem um princípio fundamental do Direito Natural. As Sagradas Escrituras, por sua vez, revelam que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e os destinou a ser uma só carne (cf. Gn 1,27; 2,24).  Assim, a família é o âmbito adequado para a plena realização humana, o desenvolvimento das diversas gerações e constitui o maior bem das pessoas.
As pessoas que sentem atração sexual exclusiva ou predominante pelo mesmo sexo são merecedoras de respeito e consideração. Repudiamos todo tipo de discriminação e violência que fere sua dignidade de pessoa humana (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 2357-2358).
As uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo recebem agora em nosso País  reconhecimento do Estado. Tais uniões não podem ser equiparadas à família, que se fundamenta no consentimento matrimonial, na complementaridade e na reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e educação dos filhos. Equiparar as uniões entre pessoas do mesmo sexo à família descaracteriza a sua identidade e ameaça a estabilidade da mesma. É um fato real que a família é um recurso humano e social incomparável, além de ser também uma grande benfeitora da humanidade. Ela favorece a integração de todas as gerações, dá amparo aos doentes e idosos, socorre os desempregados e pessoas portadoras de deficiência. Portanto têm o direito de ser valorizada e protegida pelo Estado.
É atribuição do Congresso Nacional propor e votar leis, cabendo ao governo garanti-las. Preocupa-nos ver os poderes constituídos ultrapassarem os limites de sua competência, como aconteceu com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal. Não é a primeira vez que no Brasil acontecem conflitos dessa natureza que comprometem a ética na política.
A instituição familiar corresponde ao desígnio de Deus e é tão fundamental para a pessoa que o Senhor elevou o Matrimônio à dignidade de Sacramento. Assim, motivados pelo Documento de Aparecida, propomo-nos a renovar o nosso empenho por uma Pastoral Familiar intensa e vigorosa.
Jesus Cristo Ressuscitado, fonte de Vida e Senhor da história, que nasceu, cresceu e viveu na Sagrada Família de Nazaré, pela intercessão da Virgem Maria e de São José, seu esposo, ilumine o povo brasileiro e seus governantes no compromisso pela promoção e defesa da família.

Aparecida (SP), 11 de maio de 2011


Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana – MG
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus – AM
Vice-Presidente da CNBB




Dom Dimas Lara Barbosa
Arcebispo nomeado para Campo Grande – MS
Secretário Geral da CNBB


Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/cat_view/406-49o-assembleia-geral

domingo, 15 de maio de 2011


Lembrete Importante

  
Data
:
23, 24, 25 e 26 de maio de 2011

Horário

:

 19:30 às 21:30h
Local
:

Paróquia São Luís Gonzaga
Centro – Canoas
             

CURSO PARA NOVOS MINISTROS DA PALAVRA




aberto a todas as Paróquias do Vicariato

E a missa tridentina chega a Porto Alegre

Oito de maio de 2011, 9h30.

No Dia das Mães, mais de 80 fiéis se reúnem na tradicional Igreja São José, no centro de Porto Alegre, para participar de uma missa que remonta aos séculos. Especificamente o século XVI, quando o Papa Pio V, no contexto da Contrarreforma, aprovou o então novo Missal Romano, dirimindo algumas questões teológico-litúrgicas levantadas pelos protestantes de então e buscando uma unificação dos diversos ritos católicos da época.

A Comunidade de São José dos Alemães, estabelecida na capital do Estado em 1871, pôde, assim, reviver uma experiência litúrgica dos seus primeiros membros. Porém, nesta versão do século XXI, os fiéis se deslocam até a Igreja de carro, desligam seus celulares ao entrar no templo, e o sistema eletrônico de som e luzes colabora com a construção simbólica da celebração.
Pe. Feiler diante do altar-mor da Igreja São José, em Porto Alegre



Atendida desde a sua fundação pelos padres da Companhia de Jesus, a comunidade foi guiada nessa "nova experiência antiga" por um jovem jesuíta: o padre Adilson Feiler. Natural de Santa Catarina, Feiler entrou para a Companhia de Jesus no ano 2000 e foi ordenado há dois anos em Curitiba. É um padre, portanto, da geração Bento XVI, como ele mesmo destaca. Feiler fez filosofia e teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - Faje, em Belo Horizonte. É mestre em filosofia pela Unisinos e doutorando na mesma área pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC-RS, em cuja tese aborda uma aproximação entre dois filósofos, a partir dos conceitos de destino e amor, em busca de um pacto sobre um mesmo ethos cristão: Hegel e Nietzsche.

Após a publicação do motu proprio de Bento XVI, em 2007, a chamada "missa tridentina", a partir do missal aprovado após o Concílio de Trento, em 1570, foi novamente incentivada. A proposta do papa também era retomar a "dignidade do culto contra certas deformações causadas por uma leitura apressada do Concílio Vaticano II", como afirma o padre Feiler em artigo publicado no boletim informativo mensal da Igreja São José.

Na última sexta-feira, o padre Feiler recebeu a IHU On-Line em seu escritório, na secretaria da igreja, para conversar sobre a retomada das celebrações da missa tridentina em Porto Alegre, que deverão ter continuidade a cada 15 dias.

Com o placet do arcebispo local, Dom Dadeus Grings, Feiler dirigiu-se resoluto ao altar da Igreja São José naquele domingo, "espaço litúrgico todo privilegiado pela beleza arquitetônica como pela excelente acústica", de acordo com Feiler em seu artigo. Acompanhado por cinco acólitos, ele celebrou a missa de seus antepassados, em latim e versus Deum.

Eis a entrevista.

IHU On-Line - Como vocês chamaram essa "forma extraordinária" da missa, segundo o documento do Papa: missa tridentina, missa tradicional?

Adilson Feiler - Popularmente, nós chamamos de missa tridentina. Conversando com o senhor arcebispo, Dom Dadeus, preferimos que seja chamada de missa do Missal do Beato João XXIII, uma missa originária do Missal de São Pio V, do século XVI, e que passou por várias modificações, até ter, no Missal de 1962, de João XXIII, sua forma última. Eu prefiro chamar de missa do Missal de João XXIII.

IHU On-Line - Como nasceu a ideia de celebrar a missa tridentina aqui, em Porto Alegre?

Adilson Feiler - Essa missa já foi possibilitada por Sua Santidade, o Papa Bento XVI, desde 2007, dois anos depois do início do seu pontificado. Então, em vários lugares no Brasil, essa missa já existia, já era celebrada, de maneira - como você disse - extraordinária. Causou algumas repercussões em algumas comunidades, pelo que eu tenho acompanhado, quando alguns padres decidiram substituir missas de maneira ordinária. Isso criou alguns problemas, mas que foram, depois, contornados com o diálogo.

Então, quando eu estive em Curitiba, no ano passado, eu cheguei a presidir essa missa em algumas ocasiões em duas paróquias. São os padres seculares, diocesanos, que a presidem. E, às vezes, eles pediam para que eu os substituísse, quando não podiam. E não são muitos os padres, pelo que eu sei, que presidem essa missa.

Quando eu cheguei aqui em Porto Alegre, algumas pessoas souberam que eu já presidia essas missas, de maneira extraordinária, esporadicamente; perguntaram, então, se haveria a possibilidade de eu presidir essa missa aqui, na Igreja São José. Eu respondi: "Olha, vou ter que consultar o reitor da Igreja [Pe. Eloy Oswaldo Guella, SJ], em primeiro lugar, e as pessoas da comunidade". Esta é uma Igreja particular, da comunidade dos alemães, não é da Companhia de Jesus. Os jesuítas apenas prestam um serviço, desde a sua fundação, há mais de 100 anos. Então, em discernimento diante do Senhor, a comunidade achou que seria uma experiência interessante, que poderíamos começar para ver.


Mas, é claro, nós tínhamos que tratar também desse assunto com o ordinário da Arquidiocese de Porto Alegre, que é o senhor arcebispo, a quem nós estamos, em primeiro lugar, submetidos. Sobre qualquer coisa que diga respeito ao serviço da Igreja, temos que nos dirigir ao senhor arcebispo e à comunidade. Então, conversamos com o arcebispo, ele nos disse que não haveria problemas, que inclusive algumas pessoas já solicitaram essa missa a ele.


Então, surgiu essa possibilidade. Nós preparamos alguns acólitos daqui mesmo, já que é uma missa cheia de rubricas e exige bastante preparo - a própria pronúncia do latim, requer-se um certo conhecimento da língua. Presidimos a primeira missa no domingo passado [8 de maio], às 9h30, e durou exatamente uma hora, pois temos a missa ordinária às 10h30.

IHU On-Line - E como a comunidade em geral reagiu? Qual foi a repercussão?

Adilson Feiler - Havia muitas pessoas, em torno de 86. E isso que foi no Dia das Mães, e muitas pessoas que não puderam vir disseram que querem participar das próximas. E havia pessoas não só de Porto Alegre, mas até de Encantado. Então, o que as pessoas disseram? Agradeceram pela missa. E eu achei impressionante, porque nós preparamos um ritual que as pessoas pudessem acompanhar, bilíngue - português e latim -, e as pessoas respondiam e cantavam. Nós fizemos uma missa híbrida, porque existem as low masses, que são as missas simples, e as missas solenes, high masses. Então, tomamos a missa simples, porém com enxertos da missa solene. E eu senti o quanto as pessoas aproveitaram, cantaram, rezaram.

Igreja São José, no centro de Porto Alegre

É claro, algumas pessoas que nunca tinham vivido esse rito tiveram alguma dificuldade em  acompanhar o ritual. Mas, em geral, ouvi elogios das pessoas. Aquelas que vieram, na sua grande maioria, é porque pediram essa missa, salvo outras que vieram por curiosidade. Nós evitamos ao máximo, conforme conversamos com o senhor arcebispo, não tornar esse ritual da missa um espetáculo, um teatro.
Porque a missa tem um valor em si mesma, o sacrifício que se renova da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor. Sobre o aspecto místico, posso destacar que, desde a preparação, entre os cinco auxiliares de missa, os cinco acólitos que estavam na sacristia, havia um silêncio, um recolhimento que proporcionou a essas pessoas um clima de oração, de comunhão com Deus. Eu senti isso muito. E, se fosse fazer uma síntese, a repercussão foi positiva nas pessoas, elas se sentiram contentes, agradeceram.

Muitas chegaram depois na sacristia e disseram: "Obrigado, padre, por nos ter dado esse presente". Então, eu senti o quanto elas fizeram uma experiência de Deus. Fazendo uma avaliação, eu diria que alguns detalhes nós podemos melhorar nas próximas ocasiões, mas, no todo, foi válido.

IHU On-Line - Foi toda rezada em latim, ou houve momentos, como as leituras, que foram em português, como o motu proprio permite?

Adilson Feiler - No documento motu proprio diz-se que as leituras podem ser em português. Nós fizemos em latim. Estamos pensando, para a próxima missa, em fazê-las em português. A homilia, que é feita no púlpito, é em português. Na próxima missa, estamos pensando em até fazer uma breve explicação, já que essa missa não tem comentários. Tem certos elementos que não se pode mudar. Pode-se fazer as leituras em português, como nós pensamos para a próxima, e uma breve explicação da estrutura da missa, para que as pessoas possam aproveitar mais, uma espécie de catequese fora da homilia, que é o momento em que o padre se volta para as pessoas. Em outros momentos, ele está versus Deum [voltado para Deus], mas, em outros, ele se volta para as pessoas, como em algumas invocações, Dominus vobiscum [Deus esteja convosco].

IHU On-Line - Para o fiel, quais são as principais diferenças litúrgicas da missa celebrada no rito antigo com relação à missa em sua forma ordinária, segundo o missal de Paulo VI usado hoje?

Adilson Feiler - Conforme o documento do papa, não é um outro rito: é o mesmo rito, o rito latino. Porém, muda a maneira de celebrar, uma maneira que é chamada - popular ou vulgarmente - de "tridentina". Mas o que basicamente muda são alguns gestos do padre, a sua própria postura: ele está versus Deum - essa é a grande diferença - e o fato de ser em latim.

Também as orações ao pé do altar, logo no princípio. São recitadas algumas antífonas: "Introibo ad altare Dei qui lætificat juventutem meam", "Subirei ao altar de Deus, que é a alegria da minha juventude", mais alguns versículos do Salmo 42. É uma espécie de preparação que o padre com os seus acólitos fazem.

Existe também uma única oração eucarística, que é o Cânon Romano - I Oração Eucarística do missal atual -, e que é toda rezada em silêncio, in secreto. Talvez esse seja o ponto que mais crie estranhamento nas pessoas, porque é uma oração toda em silêncio. Então, esse é um ponto que merece um esclarecimento para as pessoas, principalmente as que não viveram essa missa.

Outra diferença é um segundo Evangelho, sempre fixo, que é o Prólogo do Evangelho de João, que é rezado depois da bênção final, na Sacra, ao lado esquerdo do altar, que é o lado da Epístola, como nós chamamos - Epístola, Evangelho e Lavabo: esses são os três lados do altar.


Basicamente são essas as diferenças. Não há grandes diferenças. O Kyrie, o Ato Penitencial, o Glória, o Creio são todos iguais, só que em latim.

IHU On-Line - O senhor também disse que a proposta não é de uma experiência estética. Então, com relação aos aspectos teológicos mais de fundo, por que rezar uma missa tridentina e por que não a missa ordinária?

Adilson Feiler - Nós celebramos a missa ordinária diariamente, e, como o próprio nome já diz, é a missa da ordem comum. Já a missa do Missal de João XXIII é uma missa extraordinária, conforme as orientações do papa. As pessoas que querem, têm a possibilidade de celebrar também a missa extraordinária.

IHU On-Line - Mas existe alguma opção teológica de fundo?

Adilson Feiler - Não. Simplesmente colocamos em prática uma das orientações do Papa Bento XVI. As pessoas que querem, pedem, têm como direito seu que se celebre essa missa. Se há uma comunidade de fé de pessoas que partilham e que conhecem minimamente o latim, que comungam desse espírito, elas fazem a experiência de Deus: aí não se torna espetáculo. Caso contrário se torna algo externo. Então, se existe uma comunidade de fiéis que comungue com isso, teologicamente falando, a missa nova é igual à missa antiga: ou seja, a Igreja faz eucaristia, a eucaristia faz Igreja, um processo dialético.
A unidade da fé dos fiéis: isso é igual. Desde tempos imemoriais até o futuro, deve ser respeitado o princípio segundo o qual cada Igreja particular deve estar de acordo com a Igreja universal sobre a doutrina da fé e os sinais sacramentais, nos usos universalmente transmitidos pela tradição apostólica contínua. Estes devem manter-se não só para evitar os enganos, mas também para que a fé seja transmitida em sua integridade, já que a regra de oração da Igreja (lex orandi) corresponde a sua regra da fé (lex credendi).
Pe. Feiler e o púlpito de onde é proferida a homilia na missa tridentina 

IHU On-Line - Foi necessário algum tipo de negociação com a Igreja local, com Dom Dadeus ou com os seus irmãos jesuítas? Foi necessário obter autorização?  

Adilson Feiler - A primeira autorização tivemos que pedir à comunidade. Eu sou vice-reitor. O reitor da Igreja é a autoridade máxima aqui dentro [da comunidade]. Claro, você tem que conhecer minimamente a comunidade. Esse é o princípio missionário da Companhia de Jesus: se adaptar aos tempos, lugares e pessoas.

A comunidade São José é uma comunidade tradicional. Não daria para se fazer isso em outras comunidades em que eu vivi, que já não têm esse perfil. Eu não estaria falando, traduzindo o Evangelho na linguagem dessas pessoas. Aqui, então, foi perfeitamente viável.

Mas foi necessária uma negociação com o reitor da Igreja, com a comunidade e com o arcebispo, que é o nosso ordinário no que diz respeito a qualquer coisa que formos fazer. No que diz respeito ao celebrar o culto, propriamente - embora o papa autorize a presidência desta missa extraordinariamente -, para nos manter em comunhão com a Igreja local, nós tivemos que pedir a autorização, o placet do senhor arcebispo. Isso foi muito tranquilo.

No nosso boletim, eu até escrevi uma breve nota sobre o documento motu proprio, já que isso pode causar um certo estranhamento em algumas pessoas. Tudo o que você for fazer vai causar prós e contras. É claro, temos que suscitar a discussão e enfrentar o conflito mais com argumentos, que sejam minimamente plausíveis para que venham corroborar a nossa proposta de possibilitar às pessoas ter acesso a essa missa. Pessoas que conhecem, que participam, que fazem uma experiência de Deus dentro desse rito, melhor dizendo, dentro dessa maneira de celebrar.

IHU On-Line - E com os jesuítas, como foi?

Adilson Feiler - Alguns apoiam, outros não. Há controvérsias. E é inclusive salutar que existam.

IHU On-Line - Quais são os projetos a partir de agora? A missa no rito antigo vai ter continuidade, de 15 em 15 dias? 

Adilson Feiler - Esperamos que sim. O nosso termômetro é a comunidade dos fieis, a quem nós servimos.

IHU On-Line - E estão planejadas outras celebrações segundo o missal de Pio V, como batizados, casamentos etc.?

Adilson Feiler - A princípio, até se poderia, segundo o documento. Mas por enquanto são as eucaristias, quinzenalmente.

IHU On-Line - E com relação à instrução sobre o motu proprio, que vai esclarecer algumas questões que foram surgindo ao longo do tempo, o que o senhor desejaria que ficasse mais claro? 

Adilson Feiler - Um esclarecimento maior sobre o fato de que a missa do Missal de João XXIII e a missa do Missal de Paulo VI são a mesma missa. Não se tratam de ritos diferentes (o que seria algum rito oriental, por exemplo). E também um esclarecimento para que não exista confusão entre a maneira tridentina de celebrar com o ser conservador. Essa é a grande confusão que pode ser causada nas pessoas. Acho que é um juízo, no mínimo, apressado.

IHU On-Line - Perante uma sociedade que se diz pós-moderna, líquida, marcada pela revolução tecnológica, que significado o senhor percebe nessa retomada de uma fé mais tradicional? É um paradoxo ou é um sinal dos tempos?

Adilson Feiler - Isso nós podemos assistir em todos os momentos da história quando se está vivendo uma abertura grande: de repente, se vê a fragmentação. Nós podemos dizer que o homem pós-moderno, o homem de hoje, está fragmentado. E, nessa fragmentação, está havendo a busca de algo, de um sentido. Nós estamos mergulhados em um chamado "niilismo". Então é preciso estabelecer algum ponto de sustentação, e acredito que, possivelmente, essa maneira de celebrar seja uma das respostas às quais somos chamados.

Claro, todas as mudanças são doloridas, são traumáticas. Estamos vivendo uma fase de transição. Fui ordenado na era Bento XVI, que é uma outra era. Eu tenho que enfrentar, digamos, críticas de uma parte que viveu uma outra era. Então, é comum isso dentro da sociedade, da Igreja e mesmo nas ordens religiosas. Temos que viver aquilo que Santo Inácio diz: estar aberto aos tempos, ao espírito dos tempos. E o espírito que nós vivemos é este: de fragmentação e, dentro dessa fragmentação, há uma busca. Então é preciso estabelecer sentido para a vida, valores, e, dentro deles, também pode-se destacar os valores religiosos, celebrativos. As pessoas estão buscando a mística, o silêncio na liturgia: ou seja, o mistério. O barulho se torna espetáculo; o silêncio conduz as pessoas ao mistério.
 E para endossar esta ideia cito um pensamento de um teólogo jesuíta Karl Rahner: "O cristão do futuro ou será místico ou não será cristão". A maneira tridentina de celebrar não seria uma busca dessa mística?



(Por Moisés Sbardelotto)



Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=43279

sábado, 14 de maio de 2011

48º Dia Mundial de Oração pelas Vocações


Queridos irmãos e irmãs!

O 48º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 15 de Maio de 2011, IV Domingo de Páscoa, convida-nos a refletir sobre o tema: «Propor as vocações na Igreja local». Há sessenta anos, o Venerável Papa Pio XII instituiu a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. Depois, em muitas dioceses, foram fundadas pelos Bispos obras semelhantes, animadas por sacerdotes e leigos, correspondendo ao convite do Bom Pastor, quando, «ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas, por andarem fatigadas e abatidas como ovelhas sem pastor» e disse: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 36-38).

A arte de promover e cuidar das vocações encontra um luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objeto particular da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 9). Para começar, vê-se claramente que o primeiro ato foi a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração, à escuta da vontade do Pai (cf. Lc 6, 12), numa elevação interior acima das coisas de todos os dias. A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contato constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao «Dono da messe» quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais.

O Senhor, no início da sua vida pública, chamou alguns pescadores, que estavam a trabalhar nas margens do lago da Galileia: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens» (Mt 4, 19). Mostrou-lhes a sua missão messiânica com numerosos «sinais», que indicavam o seu amor pelos homens e o dom da misericórdia do Pai; educou-os com a palavra e com a vida, de modo a estarem prontos para ser os continuadores da sua obra de salvação; por fim, «sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13, 1), confiou-lhes o memorial da sua morte e ressurreição e, antes de subir ao Céu, enviou-os por todo o mundo com este mandato: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações» (Mt 28, 19).

A proposta, que Jesus faz às pessoas ao dizer-lhes «Segue-Me!», é exigente e exaltante: convida-as a entrar na sua amizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do Evangelho: «Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24); convida-as a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus (cf. Mt 12, 49-50) e se torna o sinal distintivo da comunidade de Jesus: «O sinal por que todos vos hão-de reconhecer como meus discípulos é terdes amor uns aos outros» (Jo 13, 35).

Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a própria vontade à d’Ele. Trata-se de uma verdadeira e própria escola de formação para quantos se preparam para o ministério sacerdotal e a vida consagrada, sob a orientação das autoridades eclesiásticas competentes. O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada; e a Igreja «é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais» (JOÃO PAULO II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 41). Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por «outras vozes» e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações. É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja. Da minha parte, sempre os encorajo como fiz quando escrevi aos que se decidiram entrar no Seminário: «Fizestes bem [em tomar essa decisão], porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade» (Carta aos Seminaristas, 18 de Outubro de 2010).

É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens – como Jesus fez com os discípulos – para maturarem uma amizade genuína e afetuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica; para aprenderem a escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, através de uma familiaridade crescente com as Sagradas Escrituras; para compreenderem que entrar na vontade de Deus não aniquila nem destrói a pessoa, mas permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos; para viverem a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, porque só abrindo-se ao amor de Deus é que se encontra a verdadeira alegria e a plena realização das próprias aspirações. «Propor as vocações na Igreja local» significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida.

Dirijo-me particularmente a vós, queridos Irmãos no Episcopado. Para dar continuidade e difusão à vossa missão de salvação em Cristo, «promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular as missionárias» (Decr. Christus Dominus, 15). O Senhor precisa da vossa colaboração, para que o seu chamado possa chegar aos corações de quem Ele escolheu. Cuidadosamente escolhei os dinamizadores do Centro Diocesano de Vocações, instrumento precioso de promoção e organização da pastoral vocacional e da oração que a sustenta e garante a sua eficácia. Quero também recordar-vos, amados Irmãos Bispos, a solicitude da Igreja universal por uma distribuição equitativa dos sacerdotes no mundo. A vossa disponibilidade face a dioceses com escassez de vocações torna-se uma bênção de Deus para as vossas comunidades e constitui, para os fiéis, o testemunho de um serviço sacerdotal que se abre generosamente às necessidades da Igreja inteira.

O Concílio Vaticano II recordou, explicitamente, que o «dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover, sobretudo mediante uma vida plenamente cristã» (Decr. Optatam totius, 2). Por isso, desejo dirigir uma fraterna saudação de especial encorajamento a quantos colaboram de vários modos nas paróquias com os sacerdotes. Em particular, dirijo-me àqueles que podem oferecer a própria contribuição para a pastoral das vocações: os sacerdotes, as famílias, os catequistas, os animadores. Aos sacerdotes recomendo que sejam capazes de dar um testemunho de comunhão com o Bispo e com os outros irmãos no sacerdócio, para garantirem o húmus vital aos novos rebentos de vocações sacerdotais. Que as famílias sejam «animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade» (Ibid., 2), capazes de ajudar os filhos e as filhas a acolherem, com generosidade, o chamado ao sacerdócio e à vida consagrada. Convictos da sua missão educativa, os catequistas e os animadores das associações católicas e dos movimentos eclesiais «de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina» (Ibid., 2).

Queridos irmãos e irmãs, o vosso empenho na promoção e cuidado das vocações adquire plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da comunidade eclesial – a catequese, os encontros de formação, a oração litúrgica, as peregrinações aos santuários – são uma ocasião preciosa para suscitar no Povo de Deus, em particular nos menores e nos jovens, o sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção livre e consciente, ao chamado para o sacerdócio e a vida consagrada.

A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. Invoquemos, com confiança e insistência, a ajuda da Virgem Maria, para que, seguindo o seu exemplo de acolhimento do plano divino da salvação e com a sua eficaz intercessão, se possa difundir no âmbito de cada comunidade a disponibilidade para dizer «sim» ao Senhor, que não cessa de chamar novos trabalhadores para a sua messe.

Com estes votos, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 15 de Novembro de 2010.


 
BENEDICTUS PP. XVI

fonte: http://www.diocesederondonopolis.org.br/index.php?pg=artigo&intNotID=575

sábado, 7 de maio de 2011

SER MÃE: MISSÃO PARA A VIDA!

Os desafios de uma sociedade que passa por mudanças é uma das maiores preocupações trazidas pelas mulheres ao buscarem a maternidade. Inseguranças, desejos, expectativas sobre os filhos, futuro: uma imensidão de pensamentos invade o imaginário das futuras mamães ou daquelas que fazem esse plano. Mas, vamos pensar juntos: será que existe um “modelo ideal de mãe”? 

A missão de mãe da mulher inicia-se no momento da concepção, a partir disso, todos os ideais vão sendo construídos. Não existe a mãe ideal, mas sim a mãe possível e disponível; isso, sim, é importante! Muitas vezes, constrói-se o ideal da "mãe perfeita", da "mãe que não erra". 

Mas o que seria positivo para a criação de um filho? Ter o equilíbrio para cuidar dele, para protegê-lo, para educá-lo, para apoiá-lo, para prover-lhe as necessidades físicas e materiais, mas, especialmente, para prover as necessidades de afeto. Dar o consolo necessário, estar disponível e disposta a olhar, a conversar, ser empática, ou seja, a entender ou a colocar-se no lugar dos filhos e do seu momento de vida são algumas das formas de construir a missão de ser mãe.

É claro que a vida não é estática nem oferece condições que fazem com que tudo esteja bem o tempo todo: para isso, é necessário que saibamos nos observar para não transferirmos as experiências negativas vividas em nossa formação para a formação de nosso filho. Como diz o título de um livro, é importante que cada mãe possa “falar para seu filho ouvir e ouvir para seu filho falar (do livro: Falar para seu filho ouvir e ouvir para seu filho falar de Adele Faber e Elaine Mazlish). Recusar os sinais que ele dá, não olhar nos olhos dele, desconfiar dele, não dar peso às coisas que ele fala, não o ajuda em nada. É importante que saibamos ensinar, mas que também saibamos confiar e dar autonomia e possibilidade para que nosso filho amadureça com pessoa.

Estar bem emocionalmente faz que que possamos contribuir para o crescimento e o desenvolvimento saudável de nossos filhos do ponto de vista psicológico. Faço aqui uma observação especial para as mães: cuide dos outros, mas também cuide de si. Viver em harmonia com sua dimensão espiritual, afetiva, social, biológica, é essencial para que você possa cuidar bem dos outros e consiga lidar com as alegrias, tristezas, conquistas e dificuldades próprias da vida. Lembre-se de que, em primeiro lugar, você é mulher, e com isso, toda a beleza do ser mulher virá com esses cuidados, que depois se farão extensão ao cuidado com o outro, com seu marido, com os filhos.
 
Mães aprendem a todo momento: desde o choro do bebê que identifica fome ou dor, aprendem também a ligação íntima e profunda que têm com seus filhos. Aprendem pela experiência do ser mãe e, sendo mães, reformulam, superam e vivem positivamente conflitos passados em sua vida. Há uma ligação tão profunda e poderosa existente entre mães e filhos que esta sobrevive para sempre em algum lugar muito além das palavras e é algo de uma beleza indescritível.

Você, mãe, trocaria essa beleza e o poder dessa ligação materna por alguma coisa?

Ser mãe é ser a todo tempo, a toda hora, sem limites. Os limites de uma mãe sempre serão testados, colocados à prova, mas o dom, o amor e a missão farão sempre com que esta supere tudo aquilo que seja lhe dado como prova, bem como a fará experimentar todas as alegrias que esta missão lhe concede!

Muito obrigada a você, mãe, por este e por todos os dias de sua missão!


Fonte:  Elaine Ribeiro - http://www.cnbbo2.org.br/index2.php?system=news&action=read&id=10448&eid=142

PARA VOCÊ MÃE, UM MAIS QUE MERECIDO: FELIZ DIA DAS MÃES!



sexta-feira, 6 de maio de 2011

CURSO PARA CATEQUISTAS - 15 DE MAIO

CONVITE
 
Catequistas de nosso Vicariato de Canoas, finalmente o dia 15 de maio está chegando
 
Vamos nos encontrar para o 1° curso de formação de 2011.
 
Local: Paróquia Nossa Senhora do Caravaggio
 
Endereço: Rua Santos Dumont, 1198 Niterói Canoas
 
Horário de chegada: 13h30min
 
Término: 19h
 
Lanche: trazer um prato doce ou salgado. 
 
A Paróquia irá fornecer chá, em caso de necessidade de outro líquido, trazer.
 
Palestrante: Psicóloga Aline Namba Ribeiro
 
Catequista, tua presença é importante, pois a nossa formação deve ser permanente e também é uma oportunidade de nos encontrarmos e trocarmos experiências. 
 
Nós da Área Niterói – Rio Branco aguardamos cada catequista com o mesmo carinho.
 
“Deixem as crianças, e não lhes proíbam de vir a mim, porque o Reino do Céu pertence a elas.” MT 19,14
 
                                           Catequistas da Área Niterói – Rio Branco

quinta-feira, 5 de maio de 2011

49ª AG: Bispos rezam pelas vítimas das catástrofes ocorridas no país

Os participantes da 49ª Assembleia Geral da CNBB rezaram, na missa desta quinta-feira, 5, pelas vítimas das catástrofes naturais ocorridas em várias regiões do país neste ano. Dom Edney Gouvêa Mattoso, bispo de Nova Friburgo, uma das cidades mais castigadas na região serrana do Rio de Janeiro, presidiu a celebração no Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP).
 Dom Edney destacou, nos textos litúrgicos, a coragem de Pedro ao afirmar a necessidade de “obedecer a Deus antes que aos homens”. “A voz do apóstolo, com o colégio apostólico reunido, torna-se a voz da Igreja e do Espírito Santo”, disse.

O bispo lembrou os desequilíbrios da ordem natural e destacou o papel da Igreja de denunciar o pecado “na sua dimensão pessoal e social” e anunciar “a redenção em Cristo de toda a ordem criada”.

Para dom Edney, as catástrofes, como a ocorrida na região serrana do Rio, são causadas “pela impetuosidade indômita da natureza, em parte, agravada pelas omissões e irresponsabilidade daqueles que deveriam ter presente a tutela do bem comum e, apesar disso, por interesses escusos permitem construções em áreas que são naturalmente de risco”.

“Faz parte de nossa missão de pastores do rebanho que nos foi confiado estar com os infelizes e ser sua voz que grita a Deus, não com critérios da terra pura e simplesmente, como assistentes sociais ou ativistas políticos”, sublinhou dom Edney.

Segundo o bispo, ao lado de iniciativas emergenciais de socorro às vítimas deve estar presente “o compromisso evangélico do anúncio da vida e a denúncia profética das injustiças, fraudes e verdadeiros crimes contra a humanidade e a criação”.


Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/eventos/assembleia-geral/6455-49o-ag-bispos-rezam-pelas-vitimas-das-catastrofes-ocorridas-no-pais

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Em coletiva com a imprensa, dom Francisco de Assis Dantas explica o processo eletivo da CNBB

Hoje, 4, aconteceu a primeira coletiva de imprensa da 49ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece no Centro de Convenções Padre Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP). O porta-voz da Assembleia e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social da CNBB, dom Orani João Tempesta, apresentou os principais temas que serão tratados na 49ª AG.

Este ano a assembleia é eletiva, escolhendo para o próximo quadriênio o presidente, vice-presidente e secretário geral da CNBB, além deles, são eleitos também os presidentes das Comissões Episcopais Pastorais que, junto com a Presidência, constituem o Conselho Episcopal de Pastoral (Consep). Também será eleito o delegado da CNBB junto ao Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM). Para tratar desse assunto, foi convidado a falar com a imprensa o bispo de Guarabira (PB), dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, coordenador da equipe para as eleições da CNBB.

De acordo com dom Francisco, as eleições devem ocorrer na próxima semana, a partir do dia 9, pois, de acordo com o bispo, as votações começam tradicionalmente após o Retiro Espiritual dos Bispos, que inicia no sábado, 7, às 15h30min e termina com a missa, no domingo, dia 8, na Basílica de Nossa Senhora Aparecida.

“As eleições são o segundo tema central da Assembleia deste ano, o primeiro é as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Todos os bispos já receberam o caderno com o regulamento geral para as eleições, e os eleitos terão o cargo de duração de quatro anos e constituirão o Conselho Permanente da CNBB. Todos os bispos são livres para manifestar sua convicção e liberdade. Diferente de outras eleições teremos uma preparação espiritual para refletirmos melhor”, disse dom Francisco.
O bispo aproveitou e explicou aos jornalistas a forma de eleição dos bispos. “São usadas urnas eletrônicas nas nossas eleições, semelhantes à usada nas eleições civis. O presidente, vice e secretário geral da CNBB são eleitos em votações separadas. O eleito deve ter dois terços dos votos no primeiro ou segundo escrutínio. Se houver terceiro e quarto escrutínio, basta a maioria absoluta dos votos. Se assim não resolver, o quinto e último escrutínio acontecerá com os dois candidatos mais votados no quarto escrutínio. Já para os presidentes de Comissões Episcopais são eleitos em eventos separados, um a um, por maioria absoluta de votos, podendo ter até três escrutínios”, explicou dom Francisco de Assis Dantas de Lucena.
Somente um bispo diocesano, isto é, aquele que está à frente de uma diocese, pode ser eleito presidente ou vice-presidente da CNBB. Já para secretário geral pode ser um bispo auxiliar ou coadjutor.

Dom Murilo Krieger, 67, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, considerado conservador, é o mais forte oponente à reeleição do atual presidente, dom Geraldo Lyrio Rocha, 69, arcebispo de Mariana (MG) e considerado progressista.

Outros nomes considerados fortes são o do cardeal arcebispo de SP, dom Odilo Scherer, 61, da ala conservadora; dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio, 61, de linha moderado-progressista; e dom Dimas Lara Barbosa, 55, atual secretário-geral da CNBB, moderado.

A eleição é feita em três escrutínios. O eleito precisa ter maioria absoluta.


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mais de 1 milhão de pessoas participam da missa de beatificação de João Paulo II

Mais de um milhão de pessoas participaram hoje, dia 1º de maio, da beatificação de João Paulo II, uma das maiores da história da Igreja. O evento histórico não tem precedente, já que nos últimos mil anos nenhum papa proclamou seu antecessor como beato. A celebração de hoje ganha destaque especial também por ser o Domingo da Divina Misericórdia, festa criada por João Paulo II, particularmente devoto e ligado à santa polonesa Faustina Kowalska, religiosa falecida em 1938 e canonizada pelo próprio João Paulo II em 30 de abril de 2000.

A data escolhida para a beatificação é a celebração litúrgica mais próxima da morte de João Paulo II, que faleceu na véspera da festa da Divina Misericórdia em 2005, celebrada anualmente no primeiro domingo depois da Páscoa.
Ao entrar na Praça de São Pedro, o papa Bento XVI foi acolhido pela multidão que o saudou em sua passagem com o papa-móvel. A cerimônia começou com o pedido formal de beatificação feito pelo cardeal Agostino Vallini, vigário-geral do papa para a diocese de Roma, que leu também a biografia de João Paulo II. Ao seu lado, estava o postulador da causa, monsenhor Sławomir Oder.

Em seguida, Bento XVI recitou fórmula de beatificação em latim, fazendo o anúncio da data da festa litúrgica em 22 de outubro, (dia da primeira missa de seu pontificado) e foi mostrada uma grande foto que retrata Karol Wojtyla, em 1995. A partir daquele momento, a Igreja católica ganhou um novo beato: o bem-aventurado João Paulo II.

“Hoje diante dos nossos olhos brilha, na plena luz de Cristo ressuscitado, a amada e venerada figura de João Paulo II. Hoje, o seu nome junta-se à série dos Santos e Beatos que ele mesmo proclamou durante os seus quase 27 anos de pontificado, lembrando com vigor a vocação universal à medida alta da vida cristã, à santidade”.

Um interminável aplauso, comoção, lágrimas nos olhos de fieis de todas as idades, cantos e abraços inundaram a Praça, que explodiu de alegria.
Irmã Tobiana, uma das mais próximas colaboradoras de João Paulo II, e Irmã Marie Simon Pierre, a religiosa francesa que recebeu a graça por sua intercessão e foi curada do mal de Parkinson, levaram as relíquias ao altar: uma pequena ampola contendo o sangue do beato João Paulo II. O caixão com os restos mortais de João Paulo II ficará exposto hoje para veneração, até o último devoto, na Basílica de São Pedro.

“João Paulo II era reconhecidamente um líder mundial, um líder da Igreja que teve influência muito forte nos rumos que a Igreja tomou nas últimas décadas. Também o momento de sua longa enfermidade, a forma edificante e exemplar como ele enfrentou esta enfermidade: ele não se retraiu, continuou fazendo tudo aquilo que era possível, mesmo sofrendo visivelmente. Isto gerou no povo comoção, um sentimento de admiração pela forma como enfrentou a enfermidade e no momento decisivo de sua morte. Ele era naturalmente querido pelo povo, se dava muito bem com as multidões, com a juventude. Por isso, sua morte gerou grande comoção no mundo católico, mas não só, e isso levou as pessoas a fazerem este pedido na Praça São Pedro. Ache que refletia o que era o ‘sentir’ da Igreja: estamos diante de um homem santo, alguém que viveu o significado da santidade profundamente”, disse o representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na beatificação de João Paulo II, cardeal dom Odilo Pedro Scherer.

Vigília
A vigília da noite passada no Circo Máximo em Roma, presidida pelo Cardeal Agostino Vallini, vigário geral para a diocese de Roma, teve o testemunho de três pessoas estreitamente ligadas a João Paulo II: a protagonista do milagre que permitiu a beatificação, a religiosa francesa Marie Simon Pierre, curada do mal de Parkinson; o ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls e o Cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi secretário pessoal de João Paulo II por mais de 40 anos.

O evento teve a participação do Coro da diocese de Roma e da Orquestra do Conservatório de Santa Cecília, que interpretou o canto "Jesus Christ you are my life". O coro da comunidade filipina de Roma e o coro Gaudium Polonia e interpretaram duas peças tradicionais.

Na primeira parte da vigília, houve uma celebração da memória, em lembrança das palavras e dos gestos de João Paulo II. Foi exposta uma grande reprodução da imagem de Maria Salus Populi Romani, padroeira da cidade de Roma, e projetadas imagens do pontificado de João Paulo II.

Após a série de testemunhos, inclusive de alguns jovens romanos, foi cantado o hino "Totus tuus", composto no 50º aniversário da ordenação sacerdotal de João Paulo II (1996).

Foi projetado um vídeo focado principalmente nos meses finais da vida de João Paulo II, quando o mal de Parkinson tornou o impossibilitou de falar ou caminhar.

A segunda parte do evento começou com palavras do Cardeal Vallini, que apresentou de modo sintético a personalidade espiritual e pastoral do beato.

Após a recitação dos Mistérios Luminosos do Santo Rosário, criados por João Paulo II, foi feita a conexão direta, via satélite, com cinco santuários marianos espalhados pelo mundo.


fonte: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/internacional/6430-mais-de-1-milhao-de-pessoas-assistem-a-beatificacao-de-joao-paulo-ii

domingo, 1 de maio de 2011

Amigos da Bíblia 8 - Os Atos dos Apóstolos

Os Atos dos Apóstolos

O mesmo autor que escreveu o evangelho de Lucas, escreveu, também o livro dos Atos dos Apóstolos (comparar Lc 1,1-4 com At 1,1-5). Portanto, no evangelho de Lucas se conta a vida de Jesus, e nos Atos dos Apóstolos se conta a vida da igreja, logo depois da despedida física de Jesus, quando, enfim, os apóstolos começam a guiar e conduzir a igreja fundada por Jesus. Na realidade, o livro dos Atos dos Apóstolos não narra propriamente os atos dos apóstolos, mas antes, os atos de Paulo (At 13-28) e, até certo ponto, os atos de Pedro (At 1-5; 10; 15). Cita levemente Tiago e João e dos outros cita apenas os nomes. Mas o centro do livro é a missão de Paulo.

Algumas idéias teológicas de Atos dos Apóstolos

Entre as muitas idéias podemos destacar:

1) Paulo foi o apóstolo que abriu a igreja para os gentios (não judeus). Por isto mesmo ele foi mal entendido e até odiado por algumas pessoas da comunidade. Uns vinte anos depois de sua morte, Lucas quer defender Paulo. Lucas faz isto de diversas maneiras. Em primeiro lugar mostra que a abertura eclesial feita por Paulo também já foi ensaiada por Pedro (At 10). Mostra também que sempre que Paulo foi aos gentios para anunciar o evangelho, ele o fez motivado pelo Espírito Santo (At 13,1-5; !6,1ss, etc.). A abertura do evangelho aos povos, segundo Lucas, não foi obra humana, mas sim, do Espírito Santo. No livro de Atos dos Apóstolos, o grande missionário Paulo sempre se dirigia antes aos judeus (At 13ss), mas como estes não quiseram se converter, Paulo se dirigiu aos gentios. Logo, Paulo agiu pelo Espírito e fez o que Pedro também já fez. Ou seja, Paulo é legítimo sucessor de Pedro, assim com Pedro é legítimo sucessor de Jesus, enquanto Jesus segue o Antigo Testamento. Quem está na comunidade paulina, está em sintonia com Pedro, com Jesus e com o Antigo Testamento.

2) A igreja, depois da ascensão de Jesus é testemunhada pelos apóstolos, mas estes têm a proteção do Espírito Santo (At 1,6-8). Os apóstolos se tornam ativos com a vinda do Espírito Santo (At 2). Até então eles são medrosos, mas com a vinda do Espírito Santo eles se tornam anunciadores da Palavra. A igreja, segundo Lucas, caminha com duas pernas: o Espírito Santo e o testemunho (At 1,6-8).

3) O livro dos Atos dos Apóstolos destaca o primado de Pedro. Assim que Jesus se despede (At,1,6-11), é Pedro que toma as rédeas da comunidade na mão. É ele quem coordena a escolha do sucessor de Judas (At 1,15-26). Também é ele quem se pronuncia por primeiro depois da vinda do Espírito Santo (At 2,14ss). É ele quem dirige a palavra no templo (At 3,11-26) e diante do sinédrio (At 4,8-12). Quando surge o primeiro problema pastoral na igreja (At 15,1-35) novamente é Pedro quem toma a dianteira para dirimir a questão.

4) A igreja deve congregar todos os povos. Quando vem o Espírito Santo (At 2,1-13), ele faz com que os apóstolos sejam entendidos por todos os povos que se congregam em Jerusalém: partos, medos, elamitas, da Panfília, da Frigia, judeus, árabes, etc. A igreja animada pelo Espírito Santo não exclui, mas faz com que todos os povos se entendam. Não é preciso ver milagres neste fato. Trata-se da união de todos os povos em Cristo, movidos pelo Espírito Santo.

Conclusão

O livro dos Atos dos Apóstolos quer mostrar, mais teológica do que historicamente, os primeiros passos da jovem igreja depois da ausência física de Jesus. A igreja é para todos. Paulo abriu sua prática pastoral para todos os povos, pois assim o Espírito o determinou. Pedro também já o fizera.

Frei Bruno Glaab
http://www.esteditora.com.br/textos/amigos.htm