sábado, 26 de março de 2011

Amigos da Bíblia 6

O evangelho de Lucas

Assim como Mateus, também Lucas se valeu do evangelho de Marcos para desenvolver o seu evangelho. Também ele seguiu a estrutura do evangelho de Marcos, mas a completou. Da mesma forma que Mateus, Lucas reescreveu o evangelho de Marcos valendo-se também de outra fonte para completar sua obra. Assim sendo, também o evangelho de Lucas segue a estrutura do evangelho de Marcos, mas seu evangelho é mais completo. Alguns ensinos de Jesus estão em Lucas e em Mateus, mas não estão em Marcos. Isto mostra que tanto Lucas como Mateus, além de terem acesso ao evangelho de Marcos, tiveram acesso a outra obra, de onde tiraram discursos, como as Bem-aventuranças, o Pai Nosso, etc. Lucas, assim como Mateus, tem o evangelho da infância de Jesus (Lc 1-3). Se o leitor comparar o evangelho da infância no evangelho Lucas (Lc 1-3) com o evangelho da infância de Mateus (Mt 1-3), vai perceber que há muitas diferenças. Daí podemos concluir que os evangelhos não devem ser lidos como se fossem atas ou relatos estritamente históricos. São, na realidade, mais teologia do que história. Contém história, mas não no sentido atual do termo.

Lucas é o único autor não judeu de um livro bíblico. Ele é de cultura grega e escreve para gregos, ou seja, para cristãos vindos de fora do judaísmo. Por isto mesmo, a obra de Lucas, apesar de ter as mesmas fontes do evangelho de Mateus (Marcos e uma outra fonte), se diferencia de Mateus. Ou seja, Mateus apresenta Jesus para judeus. Por isto usa uma linguagem, ou uma roupagem judaica. Lucas apresenta o mesmo Jesus para gregos e por isto não usa a linguagem e roupagem judaica, pois assim não se faria entender.

Algumas idéias teológicas de Lucas

Lucas insiste muito na presença do Espírito Santo na obra de Jesus. Já na concepção de Jesus está a força do Espírito (Lc 1,26ss). O velho Simeão vai ao templo na hora da apresentação do menino, movido pelo Espírito Santo (Lc 2,27) e profetisa sobre o menino. O Espírito vem sobre Jesus no batismo (Lc 3,21-22) e é este mesmo Espírito que conduz Jesus ao deserto e o mantém firme na tentação (Lc 4,1ss). Ainda é o mesmo Espírito que leva Jesus a Nazaré e o faz entrar na sinagoga para pregar (Lc 4,14-15). Lá o mesmo Espírito Santo é o animador do programa de Jesus, quando ele diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres...”(Lc 4,18ss). Neste texto onde se mostra a que Jesus veio, é o Espírito o animador. A missão de Jesus está embasada na ação do Espírito Santo. Assim sendo, toda missão de Jesus é animada pelo Espírito Santo. Esta mesma idéia teológica continua no livro dos Atos dos Apóstolos, que também foi escrito pelo mesmo Lucas.

Lucas tem uma grande sensibilidade para com os pobres, fracos e pecadores. Maria, ao receber o anúncio da maternidade divina, canta: “Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Cumulou de bens os famintos e a ricos despediu de mãos vazias” (Lc 1,52-53). Em Lc 4,18ss ele diz que veio anunciar uma boa notícia aos pobres, libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor. Tudo isto eram favores aos pobres. Também nas Bem-aventuranças Lucas é mais incisivo do que Mateus. Ele fala na forma pessoal: “Bem-aventurados vós, os pobres...” Diz ainda: “mas ai de vós ricos...” (Lc 6,20-26).

Concluindo

Lucas mostra um Jesus muito sensível aos pobres, aos fracos e aos pecadores. Toda a sua obra é animada pelo Espírito Santo. Sua linguagem não é judaica para que pudesse ser entendido pelos gregos. Lucas apresenta Jesus da forma que seus leitores o pudessem entender.

Frei Bruno Glaab


http://www.esteditora.com.br/textos/amigos.htm

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