quinta-feira, 21 de abril de 2011

MISSA DA CEIA DO SENHOR - 5ª feira santa

É a missa em que se celebra última ceia de Jesus com seus apóstolos e também quando Ele institui a Santa Eucaristia.

No início da noite da primeira Quinta-feira Santa, Jesus quis comer a ceia pascal com seus discípulos; deu também, como Mestre, um exemplo belíssimo de humildade lavando-lhes os pés. Foi durante esta refeição que nosso Salvador instituiu seu próprio memorial, a sagrada Eucaristia!

O Sacrossantum Concilium (no 47), nos diz:

Na última ceia, na noite em que foi traído, nosso Salvador instituiu o sacrifício eucarístico de seu corpo e sangue. Fez isto para perpetuar o sacrifício da cruz pelos séculos, até que volte, e, assim, confiar à Igreja, sua amada esposa, o memorial de sua morte e ressurreição: sacramento de amor, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal, em que Cristo é consumado, o espírito é saciado de graça e nos é dado o penhor da futura glória.

Portanto, a Eucaristia é o sacramento de amor por excelência, é o sacramento da unidade que nos une a Cristo na caridade.

Quando nos reunimos em família, pensamos logo numa refeição, num almoço ou num jantar, pois esse acontecimento nos une mais fortemente, os laços familiares tornam-se mais estreitos. Pode haver expressão maior de unidade do que numa refeição em família ou mesmo compartilhada com os amigos?

A Eucaristia é refeição. Cristo nos convida a partilhar com Ele a refeição em que Jesus se faz comida e bebida para nos fortalecer espiritualmente.

O evangelista João relata o último discurso de Jesus em que Ele diz: “Desejei ardentemente comer esta refeição pascal convosco”. Nesse dizer de nosso Senhor há uma profunda alegria. Entre os judeus, a ceia da Páscoa era sempre esperada como uma hora de grande alegria, pois eles relembravam a saída do povo judeu do Egito, lugar de escravidão e morte. A Páscoa instituída por Moisés era celebrada todos os anos como a festa máxima do calendário religioso judaico. Páscoa judaica, que quer dizer “passagem” era, e é ainda hoje, a celebração da libertação do povo da escravidão do Egito para a liberdade na terra prometida onde corre leite e mel. Cristo aproveita-se da festa da Páscoa para se oferecer ao Pai como Vitima perfeita, o Cordeiro, aquele que tira o pecado do mundo. Ele transforma a Páscoa judaica, não apenas na libertação de um povo do jugo da escravidão, mas liberta a humanidade de uma escravidão maior, mais profunda, que a afasta do Pai e causa a verdadeira morte. Ele nos liberta da escravidão do pecado que traz a morte eterna.

A Páscoa cristã tem profunda ligação com a Páscoa judaica, tanto que na missa da Ceia do Senhor, a primeira leitura (Ex 12, 1-8.11-14) nos traz o relato do Antigo Testamento no que diz respeito à Páscoa judaica, são instruções dadas por Moisés sobre como ela deveria se desenrolar, que animal deveria ser sacrificado ao cair da tarde, como deveria ser consumido, enfim todo um ritual. Esta Páscoa relatada na primeira leitura prefigura a Páscoa de Cristo e o banquete pascal (a Eucaristia) que Ele instituirá.

Instituindo a Eucaristia e passando por sua paixão, morte e ressurreição, Jesus quis mostrar que Ele era o cumprimento das profecias e das figuras do Antigo Testamento, que era o verdadeiro Cordeiro Pascal, que com seu derramamento de sangue e sua morte, salvaria definitivamente seu povo e toda a humanidade. Ao transformar pão e vinho em seu próprio Corpo e Sangue, estabeleceu o rito pascal da Igreja.

Na segunda leitura (1Cor 11, 23-26) Paulo nos relata a última ceia e como Cristo instituiu a Eucaristia. É considerado o relato mais antigo da instituição, por isso, é colocado nesta missa, pois é de particular interesse e valor. Ele nos indica que por volta de 57 d.C. a tradição litúrgica da Santa Eucaristia já estava firmemente estabelecida. A Igreja primitiva já testemunhava sua fé na presença real de Cristo no sacrifício da Eucaristia: “Isto é o meu corpo que é para vós”. Nessa época a Igreja já tinha consciência de que celebrar a Eucaristia era obedecer à ordem de Jesus: “Fazei isto em memória de mim”. A exemplo da Igreja primitiva, atualmente a Igreja celebra a Eucaristia não apenas como o memorial de Cristo, mas também anunciandos o seu retorno no fim dos tempos.

O Evangelho desta missa (Jo 13,1-15) nos relata o lava-pés dos discípulos. Este Evangelho nos mostra o tema do amor fraterno, intimamente ligado à Eucaristia, pois ela é o “sacramento do amor”. Celebrar o sacrifício da missa é nos comprometer com o amor e o serviço aos irmãos. É seguir a doutrina de amor que Cristo nos ensinou. O gesto de Jesus ao lavar os pés dos discípulos, os espantou. O Mestre lavando os nossos pés? Como pode ser isso? Mas Jesus realiza com este gesto uma lição de amor e de serviço: “Eu não vim ao mundo para ser servido, mas para servir! Vendo o espanto dos discípulos, nosso Senhor diz: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais”.

Nesta missa, evocando este gesto de Jesus, doze pessoas são escolhidas para representar os apóstolos. São colocadas à vista de todos no presbitério e o presidente da celebração, usando um avental, pega uma toalha, derrama água e lava os pés de cada um dos representantes dos apóstolos. Depois os enxuga. Durante esta cerimônia o grupo de canto entoa alguns cantos tradicionais que evocam o momento em que o Mestre lava os pés de seus apóstolos. Nesses cantos é comum aparecer as seguintes palavras proferidas por Cristo: “Eis que eu vos dou um novo mandamento, deixo, ao partir, nova lei: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”.

A missa da Ceia do Senhor, além da instituição da Santa Eucaristia, nos transmite a mensagem do serviço mútuo. A lavagem dos pés dos discípulos simbolizou profundamente o ato supremo de Jesus de serviço amoroso a toda humanidade, a ponto de chegar ao sacrifício da sua própria vida em expiação dos nossos pecados. Nesse sentido, Cristo deseja que o sigamos até mesmo nas menores coisas, e também se necessário dar nossas vidas por sua causa.

Ao final desta missa somos convidados a continuar em adoração a Jesus Eucarístico por um determinado tempo que, geralmente vai até a meia-noite. É o que chamamos de vigília eucarística. Ela tem por finalidade evocar a própria vigília de Cristo no jardim do Getsêmani, onde Jesus foi tomado de grande tristeza diante do sofrimento que passaria: “Ó Pai se for possível afaste de mim este cálice, mas que não se faça a minha vontade e sim a tua”. Lembremos aqui as palavras de Jesus que convida os três discípulos a vigiar e orar com Ele... Quando volta, encontra os três dormindo... Como?... “Não fostes capazes de vigiar comigo por uma hora!” (Mt 26, 38.40).

Que possamos fazer de nossa vida uma verdadeira Eucaristia!



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