quinta-feira, 17 de abril de 2014

5ª feira Santa - O Tríduo Pascal começa com a celebração da Ceia do Senhor e Lava-Pés


O Evangelho de S. João substitui a instituição da Eucaristia pelo Lava-pés. 

O gesto escandaloso de Jesus revela um enfoque nem sempre percebido em seu sentido profundo. Ele revela aos apóstolos um “novo ângulo” ou um novo modo de ver as coisas: não a partir do lugar dos comensais, mas a partir da perspectiva de quem não está sentado à mesa. O gesto de Jesus nos convida a deslocar-nos, ou seja, ocupar o lugar da pessoa que não participa da mesa. Quê novidade percebemos a partir deste lugar?

Jesus deixa transbordar os segredos de seu coração. Ele revela o rosto de Deus, que é Amor. Ninguém serve a Deus, a não ser do jeito de Jesus, isto é, lavando os pés, amando até o fim. “Levanta-se da mesa” – “senta-se à mesa”: movimento de partida e de chegada; mesa que se projeta no serviço, mesa que faz memória festiva, mesa do encontro...

O gesto do lava-pés é repleto da “espiritualidade do cuidado”.

O cuidado é um diálogo de presenças, não só de palavras. São seres “vulneráveis” que dialogam.

O cuidado é expressão de ternura e delicadeza. É atenção às pessoas; é gesto de inclusão.

O cuidado é gesto amoroso para com o outro, gesto que protege e traz serenidade e paz.

O amor é a expressão mais alta do cuidado, porque tudo o que amamos cuidamos. E tudo o que cuidamos é um sinal de que também amamos. Cuidar é envolver-se com o outro ou com a comunidade de vida, mostrando zelo e preocupação. Mas é sempre uma atitude de benevolência que quer estar junto, acompanhar e proteger; é ter espírito de gentileza e ternura para captar e sentir o outro como outro, como original, e acolhê-lo na sua diferença.

O Lava-pés nos pede vestir a toalha da simplicidade, da ternura acolhedora, da escuta comprometida, do serviço desinteressado...

Lava-pés não é teatro, mas modo habitual de proceder e de estar no mundo.

Fonte: Katia Sassi

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