Texto do teólogo
espanhol José Antonio Pagola.
Batista não permite que as pessoas o confundam com o Messias.
Conhece os seus limites e reconhece-os. Há alguém mais forte e decisivo que
ele. O único que o povo deve acolher. A razão é clara. Ele lhes oferece um
batismo de água. Apenas Jesus, o Messias, os “batizará com o Espírito Santo e
com fogo”.
Na opinião de não
poucos observadores, o maior
problema da Igreja é hoje “a mediocridade espiritual”. A Igreja não
possui o vigor espiritual de que necessita para enfrentar os desafios do
momento atual. Cada vez isso fica mais patente. Precisamos ser batizados por
Jesus com o Seu fogo e o Seu Espírito.
Nestes últimos anos
têm crescidos a desconfiança na força do Espírito e o medo a tudo o que possa
nos levar a uma renovação. Insiste-se muito na continuidade para conservar o
passado, mas não nos preocupamos em executar as chamadas do Espírito para
preparar o futuro. Pouco a pouco estamos
ficando cegos para ler os “sinais dos tempos”.
Dá-se primazia a certezas e crenças para robustecer a fé e conseguir
uma maior coesão eclesial frente à sociedade moderna, mas com frequência não se
cultiva a adesão viva a Jesus. Teremos esquecido que Ele é mais forte
que todos nós? A doutrina religiosa, exposta quase sempre com categorias
pré-modernas, não toca os corações nem converte as nossas vidas.
Abandonado ao alento
renovador do Concílio, foi-se apagando a alegria em setores importantes do povo
cristão, para dar passagem à resignação. De forma silenciosa porém palpável vão crescendo o desafeto e a
separação entre a instituição eclesial e não poucos crentes.
É urgente criar o quanto antes melhor um clima mais amável e cordial. Qualquer
um não poderá despertar no povo simples a ilusão perdida. Precisamos voltar às
raízes da nossa fé. Colocar-nos em contato com o Evangelho. Alimentar-nos das
palavras de Jesus que são “espírito e vida”.
Daqui a alguns anos, as nossas comunidades cristãs serão muito
pequenas. Em muitas paróquias não haverá já presbíteros de forma permanente. O
importante é cuidar desde já de um núcleo de crentes em torno do Evangelho.
Eles manterão vivo o Espírito de Jesus entre nós. Tudo será mais humilde, mas
também mais evangélico.
A nós pede-se que iniciemos já a reação. O melhor que podemos
deixar de herança às futuras gerações é um amor novo a Jesus e uma fé mais
centrada na Sua pessoa e no Seu projeto. O resto é mais secundário. Se vivem a
partir do Espírito de Jesus, encontrarão caminhos novos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário