sábado, 7 de abril de 2012

Sexta-feira Santa - não se celebra missa ou qualquer sacramento. É dia de silêncio e de Jejum.

A liturgia deste dia santo tem um tom fúnebre, porém, com um ar de esperança, porque sabemos que a morte não tem a última palavra nos desígnios salvíficos de Deus. O sofrimento é uma etapa para a purificação, o inicio do resgate do povo que ao longo da sua história não quis responder ou fazer caso do amor sem medida do eterno e sempre Senhor do céu e da terra. Hoje como cada ano, os nossos olhares estarão somente numa coisa: na cruz, a árvore da vida. Como já meditamos alguns domingos anteriores, onde os gregos e os judeus não entendiam este anúncio de são Paulo: de como pode ser que da cruz poderia sair a vida nova ou a nossa humanidade restaurada e transformada, pois sim, porque pelo amor tudo alcança. Porque daqui sai a redenção do mundo.


Já comecei dizendo que neste dia os nossos olhares devem estar direcionado plenamente na cruz, aí está o nosso Senhor Jesus, crucificado, neste momento até os meus olhos começam a lacrimejar ao contemplar nesta tarde este episódio tão cheio de compaixão e sofrimento, onde um inocente assume os pecados da humanidade nas suas costas e derrama o seu sangue precioso para lavar e purificar toda mancha de impureza das nossas culpas, dos nossos pecados, das nossas omissões. Não podemos ficar somente nestes momentos da cruz, devemos ir um pouco mais além de tudo que estamos vendo e escutando.


Na primeira leitura desta Sexta-feira Santa do profeta Isaías (52, 13-53, 12): em um primeiro momento já nos indica a morte salvadora de Cristo. A descrição do Servo que assume no seu próprio corpo os males da humanidade, não deixa de ser uma das verdades mais dramáticas do Antigo Testamento, que nós interpretamos numa chave messiânica salvadora na pessoa do próprio Cristo: “De tal forma ele já nem parecia gente, tanto havia perdido a aparência humana, que muitos se horrorizaram com ele […] Não fazia vista, nem tinha beleza a atrair o olhar, não tinha aparência que agradasse. Era o mais desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor […] Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores, que levava às costas… Mas estava sendo transpassado por causa de nossas rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos de pagar caiu sobre ele, com os seus ferimentos veio a cura para nós” (52, 14; 53, 2-5).


Hoje é o dia que nas igrejas de todo o mundo tem uma grande assistência de fiéis, isto é porque cada uma das pessoas que participam se identificam com estes sofrimentos do Servo de Javé. E que um ano mais a crise econômica é a que faz com que a sociedade sofra e carregue a sua cruz cada vez mais pesada. Porém, considero que não existe ou não aparece um mal na nossa vida que nos ajuda a ver as coisas com outros olhos, por isso vejo como uma boa oportunidade para que a humanidade volte o seu olhar e o seu pensamento para Jesus, o Servo massacrado. Ele foi quem sofreu para nos libertar das ataduras do pecado, da morte, do mal e de tudo aquilo que nos faz sofrer. Reconheçamos de uma vez por todas que não existe vida plena sem cruzes, mas tampouco podemos negar que se temos alguma cruz é para a nossa própria purificação.


Uma coisa é importante e que devemos entender, que neste dia não estamos de luto, mas não deixa de ser uma celebração sombria e intensa, onde contemplamos com fé e admiração a entrega generosa de Cristo na solidariedade com o gênero humano. Deus nos salva assumindo ele próprio a dor levando a cabo o seu plano salvador no meio da fragilidade do seu povo.


Aqueles que experimentaram no seu próprio corpo ser curados por alguma doença ou alguma ferida, assim são as feridas de Jesus, estas feridas cicatrizam tudo aquilo que foram causados pela nossa própria liberdade, porém poderia ser que ainda existam algumas feridas provocadas pela história e que continuam causando grandes dores na alma e no espírito, feridas provocadas sejam por acontecimentos ou algum imprevisto da vida. Hoje é o dia da manifestação do poder gratuito que brota deste madeiro, o madeiro santo, a árvore da vida. Hoje é o dia que Deus manifestará na sua vida, deixemo-nos contaminar por esta graça que o Senhor deseja realizar na sua vida. Irmãos creiam e vocês verão as grandes graças que realizarão este rei que governa do seu trono, a cruz pode mudar a sua vida e a sua história.

Necessitamos de cura, necessitamos que as nossas feridas se fechem e cicatrizem para poder levar uma vida plena e assim corresponder ao grande amor que nos teve e continua manifestando.
Pe. Lucimar, sf


Fonte: http://padrelucimar.com/sexta-feira-santa-ciclo-b-portesp/



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