segunda-feira, 27 de junho de 2011

''Não há razões teológicas para excluir as mulheres do sacerdócio''



''Não há razões teológicas para excluir as mulheres do sacerdócio'', afirma patriarca de Lisboa.
 
  Segundo declarações do cardeal José da Cruz Policarpo em uma entrevista, o problema consiste principalmente em uma "forte tradição, que vem de Jesus".

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 25-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Haverá presbíteras "quando Deus quiser", mas neste momento é melhor "não levantar a questão". Mas não há "nenhum obstáculo fundamental" do "ponto de vista teológico" para as mulheres rezarem missa no altar. Trata-se, ao contrário, de "uma tradição" que remonta aos tempos de Jesus. A afirmação é do cardeal José da Cruz Policarpo, 75 anos, patriarca de Lisboa, recém-confirmado por mais dois anos à frente da diocese da capital portuguesa.

Policarpo concedeu uma longa entrevista à revista Oa, da Ordem dos Advogados de Portugal, republicada por uma agência portuguesa.
Nela, o patriarca explicou que, com relação ao sacerdócio feminino, "a posição da Igreja Católica se baseia muito no Evangelho, não na autonomia de um partido ou de um governo. Baseia-se na fidelidade ao Evangelho, à pessoa de Jesus e a uma tradição muito forte recebida dos apóstolos".

"João Paulo II – continuou Policarpo –, em um certo momento, pareceu resolver a questão". A referência é à Carta apostólica Ordinatio sacerdotalis (1994), um dos documentos mais curtos de João Paulo II, com o qual o papa, depois da decisão da Comunhão Anglicana de se abrir às presbíteras, reafirmava que a Igreja Católica jamais faria isso.

"Penso – disse o cardeal Policarpo – que a questão não pode se resolver assim. Teologicamente, não há nenhum obstáculo fundamental [para as presbíteras]. Há essa tradição, digamos assim: jamais se fez de outro modo".


Quando perguntado pelo entrevistador, curioso com relação à afirmação do purpurado sobre o fato de não haver razões teológicas contra as mulheres-padre, Policarpo respondeu: "Penso que não haja nenhum obstáculo fundamental. É uma igualdade fundamental de todos os membros da Igreja. O problema consiste em uma forte tradição, que vem de Jesus e da facilidade com a qual as Igrejas reformadas concederam o sacerdócio às mulheres".

O patriarca de Lisboa também explicou que considera a demanda das presbíteras como um "falso problema", porque as próprias meninas que lhe colocam a questão sacodem depois a cabeça quando ele rebate se elas estariam dispostas a se tornar sacerdotisas.
As afirmações do cardeal português devem provocar debate. 


Um ano depois daquela carta de João Paulo II, foi de fato posto uma dúvida (dubium) à Congregação para a Doutrina da Fé, então guiada pelo cardeal Joseph Ratzinger e pelo secretário Tarcisio Bertone. Perguntava-se se "a doutrina, segundo a qual a Igreja não tem a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, proposta na Carta apostólica Ordinatio sacerdotalis, de modo a ser mantida de modo definitivo, deve ser considerada como pertencente ao depósito da fé". A resposta, aprovada pelo Papa Wojtyla, foi "afirmativa".

A Congregação explicou que "essa doutrina exige um assentimento definitivo, já que, fundamentada na Palavra de Deus escrita e constantemente conservada e aplicada na Tradição da Igreja desde o início, foi proposta infalivelmente pelo magistério ordinário e universal" e, portanto, "deve ser mantida sempre, em toda a parte e por todos os fiéis, enquanto pertencente ao depósito da fé".

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=44704

Nenhum comentário:

Postar um comentário