Vaticano,
04 Jun. 14 / 01:50 pm (ACI/EWTN Noticias).- Durante a Audiência Geral desta
quarta-feira, o Papa Francisco refletiu sobre o dom da piedade, que não
significa ter compaixão, fazer “cara de santo” ou fazer de conta que é um
santo, mas é “autêntico espírito religioso, de intimidade filial com Deus,
daquela capacidade de rezar a Ele com amor e simplicidade que é própria das
pessoas humildes de coração”.
Diante
dos fiéis congregados na Praça de São Pedro, Francisco alentou a cultivar este
dom porque “seremos capazes de alegar-se com quem está na alegria, de chorar
com quem chora, de estar próximo a quem está sozinho ou angustiado, de corrigir
quem está no erro, de consolar quem está aflito, de acolher e socorrer quem
está precisando. Há uma relação muito estreita entre o dom da piedade e a
mansidão”.
Segue
abaixo, a íntegra da catequese por cortesia da Rádio Vaticano:
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia,
Hoje
queremos nos concentrar em um dom do Espírito Santo que tantas vezes é mal
entendido ou considerado de modo superficial, e em vez disso toca no coração a
nossa identidade e a nossa vida cristã: trata-se do dom da piedade.
É preciso
esclarecer logo que este dom não se identifica com ter compaixão de alguém, ter
piedade do próximo, mas indica a nossa pertença a Deus e a nossa ligação
profunda com Ele, uma ligação que dá sentido a toda a nossa vida e que nos
mantém sadios, em comunhão com Ele, mesmo nos momentos mais difíceis e conturbados.
1. Esta
ligação com o Senhor não deve ser entendida como um dever ou uma imposição. É
uma ligação que vem de dentro. Trata-se de uma relação vivida com coração: é a
nossa amizade com Deus, dada a nós por Jesus, uma amizade que muda a nossa vida
e nos enche de entusiasmo, de alegria. Por isso, o dom da piedade suscita em
nós antes de tudo a gratidão e o louvor. É este, na verdade, o motivo e o
sentido mais autêntico do nosso culto e da nossa adoração.
Quando o
Espírito Santo nos faz perceber a presença do Senhor e todo o seu amor por nós,
aquece-nos o coração e nos move quase naturalmente à oração e à celebração.
Piedade, então, é sinônimo de autêntico espírito religioso, de intimidade
filial com Deus, daquela capacidade de rezar a Ele com amor e simplicidade que
é própria das pessoas humildes de coração.
2. Se o
dom da piedade nos faz crescer na relação e na comunhão com Deus e nos leva a
viver como seus filhos, ao mesmo tempo nos ajuda a dirigir este amor também
para os outros e a reconhecê-los como irmãos. E então sim seremos movidos por
sentimentos de piedade – não de pietismo! – nos confrontos com quem está
próximo a nós e com aqueles que encontramos todos os dias. Por que digo não de
pietismo? Porque alguns pensam que ter piedade é fechar os olhos, fazer uma
cara de imagem, fazer de conta que é um santo. No dialeto piemontês se diz
‘fare la “mugna quacia”’. Este não é o dom da piedade.
O dom da
piedade significa ser realmente capaz de alegar-se com quem está na alegria, de
chorar com quem chora, de estar próximo a quem está sozinho ou angustiado, de
corrigir quem está no erro, de consolar quem está aflito, de acolher e socorrer
quem está precisando. Há uma relação muito estreita entre o dom da piedade e a
mansidão. O dom da piedade que nos dá o Espírito Santo nos faz mansos, nos faz
tranquilos, pacientes, em paz com Deus, a serviço dos outros com mansidão.
Queridos
amigos, na Carta aos Romanos o apóstolo Paulo afirma: “Todos aqueles que são
conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porquanto não recebestes
um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o
espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai” (Rm 8,14-15).
Peçamos
ao Senhor que o dom do seu Espírito possa vencer o nosso temor, as nossas
incertezas, também o nosso espírito inquieto, impaciente, e possa nos tornar
testemunhas alegres de Deus e do seu amor, adorando o Senhor em verdade e
também no serviço ao próximo com mansidão e com sorriso que sempre o Espírito
Santo nos dá na alegria. Que o Espírito Santo dê a todos nós este dom da
piedade.
Fonte: http://www.acidigital.com/
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