terça-feira, 13 de agosto de 2013


EVITAR ACÚMULO DE FUNÇÕES

O verdadeiro trabalho em equipe funciona como um corpo, onde cada membro tem a sua função. No corpo de Cristo, que é a Igreja, do qual fazemos parte, também deve ser assim. Nele há várias funções e cada prestador(a) de serviço deve exercer bem a sua função. E somente a sua! No corpo, o pé não pode fazer as vezes da mão; a mão não pode substituir a cabeça... No trabalho em equipe é a mesma coisa. Nele deve estar muito bem expresso aquilo que somos, corpo de Cristo feito de muitos membros, e cada qual com sua função a serviço do todo. O padre não deve fazer as leituras ou as preces, que cabem ao povo.

O povo não deve rezar as orações que competem ao padre. O coral não deve substituir o povo nas partes que lhe competem. Cada qual deve ficar com a sua função, com o seu serviço, e fazê-lo bem. Portanto, deve-se evitar que a mesma pessoa acumule o serviço de outras: ser leitor e acólito, cantor e animador... Trata-se de um princípio que vem do próprio Concílio Vaticano II: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que, pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas, lhe compete” (SC 28).

TRABALHAR COMO UM CORPO

“Porém, não basta ter bons leitores(as), bons animadores(as), cantores(as), recepcionistas, um bom presidente...” – escreve a teóloga liturgista Ione Buyst – “É preciso que juntos formem uma equipe de celebração. Uma equipe é como uma banda: cada instrumento é importante para o conjunto, mas nenhum instrumento deve tocar isolado dos outros. Uma equipe é como um time de futebol: cada jogador tem uma tarefa e uma posição. Mas é o time que joga, é o time que perde, é o time que ganha, e não cada jogador isolado.

Uma equipe é como uma palavra: somente o conjunto das letras é que dá o significado da palavra. As letras, isoladas uma da outra, não dizem nada. Assim também numa equipe de celebração; não são os leitores os únicos responsáveis pela leitura, e sim toda a equipe. Não é o presidente o único responsável por uma boa homilia, por um clima de oração e de participação: toda a equipe é responsável” (Equipe de Liturgia. Petrópolis, Vozes, 2000, p. 56).

EVITAR MONOPÓLIOS

Houve uma época em que o padre decidia tudo sozinho sobre o andamento da celebração. E ainda existem padres que não assimilaram a renovação do Vaticano II. Afirmam que “não precisam da equipe”, que ela “complica tudo”, que ele “dá conta da celebração muito bem sozinho”. E houve também um tempo em que os leitores, cantores etc. eram considerados como uma espécie de “ajudantes do padre”, tarefeiros. O que o padre mandava, eles executavam. Mas não formavam com o padre uma equipe que refletia, decidia e trabalhava em comum.

Hoje, há o perigo de a equipe cair no mesmo erro. O erro do “monopólio”, pensando ser ela a única que pode agir no campo, fazendo-se a dona da celebração. “Na verdade, a equipe deve lembrar sempre que está aí como parte da assembleia. Deve ficar em permanente contato com a comunidade, colhendo sugestões e críticas, convidando pessoas para entrar na equipe, criando novas equipes para atender às novas necessidades da comunidade. Tudo deve ser feito em espírito de serviço: com competência e humildade, com amor e disponibilidade, com dedicação e simplicidade... Nada de autoritarismo, formalismo, ares de poder...” (ibid., p. 57).

Aqui vale lembrar o que Paulo escreve à comunidade de Filipos, e que serve, com certeza, para o trabalho das equipes: “Se, pois, vale alguma consolação em Cristo, algum estímulo caridoso, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria permanecendo unidos no mesmo pensar, no mesmo amor, no mesmo ânimo, no mesmo sentir. Não façais nada por espírito de competição, por vanglória; ao contrário, levados pela humildade, considerai uns aos outros superiores, não visando o próprio interesse mas o dos outros. Tende em vós os mesmos sentimentos que Cristo Jesus teve...” (Fl 2,1-5).

ENFIM ...

Para um bom “trabalho” em equipe, também não se deve ficar apenas no trabalho. “É preciso uma boa dose de amizade, de aprofundamento da fé e de oração em comum. De vez em quando, uma confraternização ou um piquenique... pode ajudar bastante. Há também equipes que fazem questão de participar do aniversário de cada um de seus membros... Tudo com simplicidade, é claro” (ibid., p. 58).


Fonte: http://www.pime.org.br/mundoemissao/teologiatrabalhar.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário