Jéssica Marçal
Da Redação
O padre André Gustavo de
Sousa, da arquidiocese de Aparecida (SP), que explicou a diferença entre
catecismo e catequese
Neste Ano da Fé, o Catecismo
da Igreja Católica completa 20 anos. O livro refere-se à doutrina da Igreja
católica e é um instrumento para as diversas formas de evangelização, em
especial a catequese. Mas é comum encontrar pessoas que confundem os termos
“catecismo” e “catequese”, atribuindo a ambos o mesmo significado.
Para além da diferença entre
catecismo e catequese, existe complementaridade entre eles. Isso é o que diz o
assessor da Comissão para Animação Bíblico-Catequética da arquidiocese de
Aparecida (SP), padre André Gustavo de Sousa.
Ele explicou que durante um
longo período na história da Igreja, a era da cristandade, utilizou-se o termo
“catecismo” para se referir ao tempo de preparação para a recepção dos
sacramentos da Iniciação Cristã. Mas, na verdade, o Catecismo é o livro que apresenta as
verdades fundamentais da fé cristã.
“Com o fim da era da cristandade e com a crescente descristianização, há
necessidade de repensar os diversos componentes da atividade catequética. Com
isso nasce e desenvolve-se o Movimento Catequético, que busca ser um florescer
da Catequese para um tempo novo. Assim, passa-se a utilizar o termo Catequese
para o processo de educação da fé”, disse.
Ao longo desses 20 anos, o
sacerdote disse que o Catecismo enriqueceu e muito esse processo de educação na
fé. Ele conta, porém, que mudou a forma de trabalhar com esse compêndio da fé
católica. “Se antes o processo era mais
de memorização, através de perguntas e respostas, hoje, busca-se fazer
interação fé e vida, ou seja, uma catequese doutrinal sólida (fundamentada no
Catecismo), mas também mais celebrativa e vivencial”
A catequese hoje
Padre André explicou que esse
entendimento do catecismo
como “aula” chegou ao fim com o Concílio Vaticano II, que veio
propor a revisão de alguns pontos essenciais referentes à catequese: Palavra de
Deus, fé e Igreja. “Propõe (o Concílio) a
busca de novos caminhos e a criatividade; enfatiza-se a centralidade da Bíblia,
a dimensão antropológica e sócio-política da catequese”.
O sacerdote lembrou ainda que
a catequese está em constante avanço ao longo do tempo, mas não perde o
essencial, que é sua missão evangelizadora. “A palavra
‘catequese’, de origem grega, quer dizer: ecoar. A catequese é serviço ao
Evangelho, educação sistemática e permanente da fé, e por isso mesmo, é
prioridade indiscutível em nossas comunidades eclesiais”.
Sem perder sua essência, o
padre defende que a catequese deve sim ser dinâmica e atrativa, o que inclui a
incorporação de novos elementos, criatividade e discernimento crítico à luz do
Evangelho. Isso, porém, exige boa preparação daqueles que se propõe a assumir a
missão evangelizadora da catequese.
Formação dos catequistas
Com uma tarefa importante a
ser desempenhada, o sacerdote defende que é necessário investir sempre mais na
formação dos catequistas para que eles possam ser pessoas maduras na fé e
testemunhas confiáveis da Boa Nova de Jesus Cristo.
“Catequese também é testemunho e o catequista, como testemunha, se torna
lugar privilegiado de encontro com Cristo, pelo seu jeito de ser, de amar, de
acolher, de educar na fé. Por isso a formação deve contemplar as competências:
ser, saber e saber fazer do catequista”.
O padre acredita que, além de
saber utilizar recursos dinâmicos, o catequista precisa ter sensibilidade,
capacidade de acolhimento e saber incentivar os processos de aprendizagem, com
especial atenção à comunicação da fé.
“Tudo isso requer planejamento: o grupo de catequistas deve construir um
bom planejamento catequético e colocá-lo em prática, contando com os recursos
que favoreçam e facilitem a compreensão dos catequizandos”.
Desafios
A boa catequese, no entanto,
não depende apenas da boa formação dos catequistas, mas envolve também o
interesse dos catequizandos e aí está um grande desafio. Padre André explicou
que a catequese deve contemplar em sua metodologia as diferenças de cada fase
do desenvolvimento da pessoa.
“Portanto, para os jovens uma catequese jovial: mostrar o rosto jovem de
Jesus Cristo, a partir daquilo que é próprio da realidade do jovem cristão
(música, teatro, redes sociais, etc.), suscitando o seu protagonismo no
processo catequético”.
Essa dinamicidade não é
diferente com o conteúdo do Catecismo, que precisa ser abordado de forma a
atrair a atenção dos catequizandos. Um auxílio nesse processo é o YouCat,
Catecismo Jovem da Igreja Católica.
“Recentemente, fomos presenteados com o Youcat, que traz toda a
estrutura do compêndio numa linguagem mais jovem, com questionamentos que
muitos jovens trazem consigo a respeito da fé, da doutrina cristã, com
ilustrações e um visual muito interessante. Recomendo à juventude que tenha em
mãos o Youcat, utilizem nas pastorais juvenis, nos grupos, nos encontros de
preparação para Crisma”.
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