Texto extraído
do livro "Caminhando com Jesus"
Série A Palavra na Vida - Edição
182/183
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes
Páginas: 28 a 31
CEBI Publicações
vendas@cebi.org.br
Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes
Páginas: 28 a 31
CEBI Publicações
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1. SITUANDO
O texto de hoje descreve várias
atividades de Jesus: a admiração do povo diante do ensinamento de Jesus (Mt
1,21-22), o primeiro milagre da expulsão de um demônio (Mt 1,23-28), a cura da
sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a cura e muitos doentes (Mc 1,32-34). Marcos
recolheu estes episódios, que eram transmitidos oralmente nas comunidades, e os
uniu entre si como tijolos numa parede.
Nos anos 70, época em que Marcos
escreveu, as comunidades necessitavam de orientação. Descrevendo como foi o
início da atividade de Jesus, Marcos indicava como elas deviam fazer para
anunciar a Boa Nova aos que viviam oprimidos pelo medo dos demônios, pela
imposição arbitrária de normas ultrapassadas, pela perseguição por parte do
Império Romano. Marcos fez catequese contando para as comunidades os fatos e
acontecimentos da vida de Jesus.
2. COMENTANDO
1. Marcos 1,21-22: Admirado com o ensino
de Jesus, o povo cria consciência crítica
A primeira coisa que Jesus faz é
chamar gente para formar comunidade (Mc 1,16-20). A primeira coisa que o povo
percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o
jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu jeito diferente, Jesus cria
consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O
povo percebe, compara e diz: Ele ensina com autoridade, diferentemente dos
escribas. Os escribas da época ensinam citando autoridades. Jesus não cita
autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.
2. Marcos 1,23-26: Jesus combate o poder
do mal
O primeiro milagre é a expulsão
de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava de si
mesmas. Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios
de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do
consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não
vive direito como gente se não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Em
Marcos, o primeiro gesto de Jesus consiste em expulsar e combater o poder do
mal. Jesus envolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade.
3. Marcos 1,27-28: A reação do povo - o
primeiro impacto
Os dois primeiro sinais da Boa
Nova que o povo percebe em Jesus são estes: o seu jeito diferente de ensinar as
coisas de Deus e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo
caminho para o povo conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele
tempo, uma pessoa que era declarada impura já não podia comparecer diante de
Deus para rezar e receber a bênção prometida por Deus a Abraão. Teria que se
purificar primeiro. Assim, havia muitas leis e normas que dificultavam a vida
do povo e marginalizavam muita gente como impura. Agora, purificadas por Jesus,
as pessoas impuras podiam comparecer novamente à presença de Deus.
4. Marcos 1,29-31: Jesus restaura a vida
para o serviço
Depois de participar da
celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra
dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Com a saúde e a
dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas
cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.
5. Marcos 1,32-24: Jesus acolhe os marginalizados
Ao cair da tarde, terminado o
sábado, na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura
os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos eram as
pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer.
Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava
impuras. Elas não podiam participar da comunidade. Era como se Deus as
rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a
Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os
marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na convivência.
3. ALARGANDO
Os oito pontos da missão da comunidade
Um duplo cativeiro marcava a
situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da religião oficial, mantida
pelas autoridades religiosas da época, e o cativeiro da política de Herodes,
apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado da
exploração e de repressão. Por causa disso, uma grande parte do povo vivia excluída,
enxotada e sem lugar, nem na religião nem na sociedade. Era o contrário da
fraternidade que Deus sonhou para todos! É neste contexto que Jesus começa a
realizar sua missão.
Após a descrição da preparação da
Boa Nova (Mc 1,1-13) e da sua proclamação (Mc 1,14-15), Marcos reúne, um depois
do outro, oito episódios ou atividades de Jesus para descrever a missão das
comunidades (Mc 1,16-45). É a mesma missão que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21).
Estes oito episódios são oito critérios para as comunidades fazerem uma boa
revisão e verificar se estão realizando bem a sua missão. Vejamos:
1) Mc 1,16-20: Criar comunidade - A primeira coisa que Jesus faz é
chamar pessoas para segui-lo. A tarefa básica da missão é congregar as pessoas
em torno de Jesus e criar comunidade.
2) Mc 1,21-22: Despertar consciência
crítica - A
primeira coisa que o povo percebe é a diferença entre o ensino de Jesus e o dos
escribas. Faz parte da missão contribuir para que o povo crie consciência
crítica frente à religião social.
3) Mc 1,23-28: Combater o poder do mal -
O
primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um espírito impuro. Faz parte da
missão combater o poder do mal que estraga a vida e aliena as pessoas de si
mesmas.
4. Mc 1,29-31: Restaurar a vida para o
serviço - Jesus curou a sogra de Pedro, ela levantou-se e
começou a servir. Faz parte da missão preocupar-se com os doentes de tal modo
que possam levantar-se e voltar a prestar serviço aos outros.
5. Mc 1,32-34: Acolher os marginalizados
- Depois
que o sábado passou, o povo trouxe até Jesus todos os doentes e endemoninhados,
para que Jesus os curasse, e ele curou a todos, impondo-lhes as mãos. Faz parte
da missão acolher os marginalizados.
6. Mc 1,35: Permanecer unido ao Pai pela
oração - Após um dia de trabalho até tarde, Jesus se
levantou cedo para poder rezar num lugar deserto. Faz parte da missão
permanecer unido à fonte da Boa Nova que é o Pai, através da oração.
7. Mc 1,36-39: Manter a consciência da
missão - Os discípulos gostaram do resultado e queriam que
Jesus voltasse. Mas ele seguiu adiante. Faz parte da missão não se fechar no
resultado já obtido e manter viva a consciência da missão.
8. Mc 1,40-45: Reintegrar os
marginalizados na convivência - Jesus
cura um leproso e pede que se apresente ao sacerdote para poder ser declarado
curado e voltar a conviver com o povo. Faz parte da missão reintegrar os
marginalizados na convivência humana.
Esses oito pontos, tão bem
escolhidos por Marcos, mostram o rumo e o objetivo da missão de Jesus: "Eu
vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10). Estes
mesmos oito pontos podem servir como avaliação para a nossa comunidade. Por aí
a gente vê como Marcos constrói o seu Evangelho. Construção bonita, que leva em
conta duas coisas ao mesmo tempo (1) informa as pessoas a respeito das coisas
que Jesus fez e ensinou; (2) forma as comunidades e as pessoas para a missão de
anunciadores e anunciadoras da Boa Nova.
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