sábado, 18 de abril de 2015

As pequenas virtudes do lar, de Georges Chevrot

Tema do II Encontro sobre
Formação Doutrinal para o exercício dos Ministérios.

 A primeira virtude do lar é a CORTESIA.


“É agradabilíssimo o lar em que todos se esforçam por ser corteses e acolhedores; os nossos ancestrais diziam polidos. Ser polido, como a própria palavra o indica, significa suavizarmos as asperezas do nosso caráter. Um objeto que não foi polido é qualificado como tosco, e este adjetivo, aplicado aos homens, nada tem de lisonjeiro. Mas acontece que a polidez é muitas vezes considerada como artigo de exportação.

Somos corteses e afáveis com as pessoas de fora, mas, quando entramos em casa, não nos importamos com nada. Afinal de contas, não voltamos para casa para nos distendermos e descansar? De acordo, desde que a mola, ao distender-se, não salte bruscamente e acabe por ferir alguém. Para descansar, será indispensável levantarmos excessivamente a voz ou assumir ares carrancudos? Franzir as sobrancelhas ou ‘fechar a cara’ não são mais sinais de uma verdadeira descontração, ao passo que o sorriso, as pequenas delicadezas e o antecipar-se aos desejos dos outros criam no lar uma atmosfera de repouso e de serenidade.” (pg. 9-10)

O lar de cada um será um lar cristão se nele todos rivalizarem em delicadezas uns para com os outros.” (pg.10)

Essa afabilidade e essa polidez (cortesia) supõem uma vigilância e um domínio de si mesmo pouco comuns.

Algumas pessoas se entristecem por não terem tempo para ir mais frequentemente à igreja; peIa complexidade das suas responsabilidades profissionais e domésticas, não conseguem tempo para dirigir a Deus uma longa oração. Mas não sabemos que, embora curta, a nossa oração pode ser muito intensa? E por que procurar a Deus por um caminho em que Ele não nos espera?

Deus marcou encontro conosco no lugar em que a sua providência nos colocou: é lá que o encontraremos com certeza, no meio das nossas obrigações cotidianas. Pensemos apenas em oferecer-lhe essas tarefas, cumprindo-as o melhor que possamos. Os nossos dias passam-se no lugar de trabalho ou no lar; e no caso da mãe de família, esses dois campos de ação se identificam, pois o seu trabalho mais importante é no lar. É aí que se devem praticar as virtudes cristãs.

É verdade que, às vezes, temos deveres muito graves a cumprir: cuidar de um enfermo, enfrentar uma situação material crítica, perdoar uma ofensa que nos faz sofrer; mas, via de regra, o cristão não se furta às virtudes difíceis, e a ocasião de praticá-las só se apresenta esporadicamente.

A vida familiar implica uma quantidade enorme de pequenos deveres, que muitas vezes negligenciamos por serem numerosos ou por não parecerem importantes, mas são importantes, e este é o motivo por que merecem a nossa atenção.

Respeitemos os anciãos, cujos cabelos embranqueceram; tenhamos presente a fraqueza daqueles a quem devemos aconselhar ou repreender; levemos em conta a fadiga daqueles que se fecham demasiado em si mesmos. Extirpemos do nosso vocabulário e das nossas atitudes as rudezas que bloqueiam os profundos sentimentos de afeto que nutrimos habitualmente uns pelos outros.  Sejamos corteses e polidos com todo Ser Humano. Respondamos a maldade com a bondade. Rezemos por nossos inimigos. Regulemos o tom de voz com tudo e com todos, acabemos a conversa quando perdermos o controle sobre o tom de voz, sejamos capazes de dialogar e aprender com os outros.

Georges Chevrot nasceu em Paris, em 08 de janeiro de 1879 e morreu em Paris em fevereiro de 1958 foi ordenado sacerdote em 1903.
Seu livro: “As Pequenas Virtudes do Lar”, é um concentrado de 14 palestras preparadas para um programa de rádio semanal na Rádio Luxemburgo.

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