quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo a CNBB

CNBB Travessia: passo a passo, o caminho se faz - Ex 15,22-18,27. Brasília: CNBB, 2011, 88 p. - ISBN 9788579720864

Por Ferdinando Henrique Pavan Rubio

Este livro apresenta, de maneira introdutória, subsídios para estudo, reflexão, oração e prática para o mês da Bíblia de 2011. A “Travessia”, como sugere o tema, segue o roteiro apresentado em Ex 15,22-18,27 e a escolha se justifica, pois o êxodo e a caminhada são realidades vividas no dia a dia do povo de Deus.

O objetivo da reflexão sobre a caminhada do povo de Deus no deserto é animar as comunidades cristãs de hoje. Tratando disso, dedicaremos mais atenção às etapas da marcha no deserto depois da libertação do Egito, fato que antecede a experiência de Deus e a revelação do Sinai.

O lema escolhido “Aproximai-vos do Senhor” (Ex 16,9) é um convite a renunciar aos ídolos mudos e retomar a caminhada, fiéis ao Senhor.

Finalmente, este livro foi escrito a três mãos. A primeira parte, “Êxodo e caminhada”, que contextualiza a travessia no êxodo, foi elaborada por Frei Vicente Artuso. A segunda parte, “As etapas da caminhada”, com os roteiros para estudo e reflexão, foi desenvolvida por Frei Ildo Perondi (Ex 15,22-17,16) e por Valmor da Silva (Ex 18).

A primeira parte do livro logo nos apresenta que êxodo significa saída, é caminhada em marcha, enfrentando dificuldades, vencendo etapas e também celebrando conquistas passo a passo; a esperança final da caminhada é a entrada na terra prometida.

O tema do êxodo possui profundo sentido teológico, pois revela que o Senhor é o personagem central da história. Ele está presente nos acontecimentos como libertador que supera o poderoso concorrente, o faraó do Egito.

É provável que a época histórica do êxodo do Egito ocorreu por volta de 1250 a.C., durante o domínio do poderoso faraó Ramsés II que reinou por 67 anos e que grande parte dos livros de Êxodo e Números foi formada a partir do cativeiro de Babilônia (587-538 a.C.). O Pentateuco, por sua vez, só ficou pronto por volta de 400-350 a.C.

Aliás, partida (êxodo), caminhada (deserto), parada (sinais), chegada (Moab) são etapas na realização do projeto do Êxodo bem costuradas nos cinco livros do Pentateuco.

Na segunda parte dessa obra, seguem-se os passos da travessia pelo deserto, a caminhada após a passagem do mar, até a chegada ao monte Sinai.

Vejamo-los:

Primeiro roteiro, Ex 15,22-27: O povo de Deus no deserto – Neste trecho o povo já saiu do Egito e a caminhada em busca da Terra Prometida agora começa a entrar pelo deserto. Mas após três dias de viagem o estoque de água acabou. Veio a sede e a primeira fonte encontrada em Mara, era de água amarga. Por isso o povo começou a murmurar, mas Moisés agirá em nome do povo para resolver o problema da sede. Esta passagem bíblica termina indicando que, quando partiu de Mara, o povo caminhou mais um longo trecho e chegou até Elim. Desta vez não houve mais murmurações e então o povo encontrou a abundância: doze fontes de água, setenta palmeiras e o lugar para o descanso! (cf. Ex 15,27).

Segundo roteiro, Ex 16,1-36: O povo de Deus diante da fome – Depois da sede em Mara, surgiu outro problema na caminhada do povo: a fome. Então o povo voltou a murmurar! Deus, porém, escutou o clamor de seu povo e, usando o maná e as codornizes, solucionou o flagelo da fome.

Terceiro roteiro, Ex 17,1-7: A sede leva seu povo a tentar seu Deus – Faltou água e o povo “murmurou” contra Moisés outra vez. Ele já não sabia mais o que fazer, pois até corria o risco de ser apedrejado. A solução para o problema veio, outra vez, do meio do povo, quando Deus mandou que Moisés escolhesse os “anciãos” para ajudá-lo e que levasse consigo a vara. Assim, Moisés golpeou a rocha e dela saiu água! Novamente o problema foi resolvido.

Quarto roteiro, Ex 17,8-16: A oração e a luta vencem o inimigo – O novo conflito surgiu com os amalecitas, que atacaram o povo de Deus que rumava à Terra Prometida. Josué foi o responsável pela organização do povo para a defesa e realização do combate com os inimigos. Enquanto isso, Moisés, junto com seus dois ajudantes, subiu à montanha para interceder e pedir ajuda. Aqui, a intervenção divina foi o que desequilibrou o combate, trazendo a vitória ao povo de Deus.

Quinto roteiro, Ex 18,1-12: Famílias se encontram para um projeto comum – Antes de acampar ao pé do monte Sinai, em pleno deserto, um novo episódio marca o fim dessa caminhada. Chega Jetro, com a filha e os netos, para encontrar o genro. O assunto entre Moisés e o sogro girou em torno dos feitos do Senhor em favor de Israel, algo que causou grande alegria a Jetro, a ponto de louvar e professar a fé no Deus Javé.

Sexto roteiro, Ex 18,13-27: O caminho da participação passa pela descentralização – A palavra de Jetro impulsiona nova organização com maior descentralização do poder, ao sugerir escolher do meio do povo homens capazes, tementes a Deus, seguros, incorruptíveis, e organizá-los como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez. juntamente com Moisés, eles serão juízes permanentes e dividirão a carga, de maneira proporcional.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo o Centro Bíblico Verbo

CENTRO BÍBLICO VERBO A caminhada no deserto: entendendo o livro do Êxodo 15,22-18,27. São Paulo: Paulus, 2011, 112 p. - ISBN 9788534928045

Por Wesley Gonçalves de Oliveira

A equipe do Centro Bíblico Verbo publicou recentemente, a cargo da Paulus editora, um riquíssimo livro que, servindo de reflexão em encontros ou cursos bíblicos, busca oferecer às pessoas e comunidades um roteiro simples com fundamentação bíblica para assuntos importantes na pastoral.

Organizado para ser um subsídio, A caminhada no deserto – Entendendo o livro do Êxodo 15,22-18,27 oferece elementos capazes de mostrar com clareza o contexto em que os textos desse livro foram escritos, incentivando o leitor a se aprofundar na mensagem e a viver os ensinamentos de Deus.

Este subsídio pertence à coleção “Do povo para o povo” e surgiu da necessidade de socializar numa linguagem simples e didática as descobertas da pesquisa bíblica. A leitura divide-se em cinco encontros. Cada um traz orientações sobre o tema proposto, situando, comentando e aprofundando o texto sugerido para os debates.

Os encontros salientam de modo geral a importância da partilha, reavivando a experiência da gratuidade de Deus nos milagres experimentados em nossa vida cotidiana. Além disso, os responsáveis pelo texto falam sobre as relações humanas, meditam acerca do compromisso com a justiça e a solidariedade e destacam vários temas presentes no livro do Êxodo que ainda são atuais em nossa sociedade.

Esclarecem os autores: “No cotidiano, aprendemos que os tropeços nos ajudam na caminhada. Ao longo da história, o povo de Israel sempre fez memória da experiência vivida no deserto. Essa lembrança o ajudou a enfrentar as dificuldades do momento presente. Travessia é o espaço de uma nova aprendizagem”.

Por fim, travessia indica experiência e acontecimento. É por isso que “diversos grupos em diferentes épocas relembraram a saída do Egito e a caminhada no deserto. É uma fonte antiga e sempre nova. Mais uma vez, vamos entrar nessa caminhada e refazer esse percurso procurando novas luzes para a nossa caminhada hoje”, afirmam os autores.

O Centro Bíblico Verbo é um centro de estudos que há mais de vinte anos está a serviço do povo de Deus, desenvolvendo uma leitura exegética, comunitária, ecumênica e popular da Bíblia. O Centro Bíblico Verbo oferece cursos regulares de formação bíblica, em diferentes modalidades.


domingo, 28 de agosto de 2011

HÁ UM RATO NA SALA

Por Juliano Rigatti

Era uma vez uma família. Um dia, enquanto conversavam animadamente na sala, um berro, um grito agudo os interrompeu. "Que foi???", a filha encarou a mãe. "Um rato!!!", respondeu-lhe aquela senhora pálida, do alto de sua histeria e de sua cadeira. Acuado, o pequeno intruso congelou entre a estante e a caixa de som. Só os observava. Não se atrevia a mexer nem o rabo. Prendeu a respiração. Seis pares de olhos o observavam igualmente paralisados. "Tu vais esperar quantas horas, pai?", questionou a filha adolescente, exigindo uma atitude. "Não!!!", a mãe interrompeu a reação do pai, "e sujar a parede?!". "Então o que vocês querem?", revoltou-se o filho, pegando um pé do tênis. "Deixem ele", falou o pai, com toda sua autoridade de pai. O rato soltou o fôlego. "Essa noite, montarei uma ratoeira e amanhã cedo tudo estará acabado". A mobilização de todos se desfez e o bichano desapareceu por baixo da TV.

Havia um rato naquela sala. Assustada, a família mobilizou-se para matá-lo, para eliminá-lo dali. Agiram como todos agiriam. Afinal, o rato era o problema. A solução, portanto, era acabar com aquele roedor assustado e restabelecer a paz.

Até que outro rato aparecesse.

Só há ratos onde há restos de comida, onde há sujeira, onde há lixo exposto. Onde há omissão e maus hábitos de adultos e crianças. Mas ignoramos essas circunstâncias e depositamos a atenção no rato. É comum colocarmos nosso foco em providências mais fáceis de serem tomadas. É assim que a sociedade costuma agir com os seus problemas estruturais. É assim que aprendemos a agir contra a epidemia da dependência química: ainda estamos tentando matar o rato que está na sala.

É preciso avançar. É preciso descobrir o que leva o rato até aquela casa. É preciso investigar o que o atrai e o que o sustenta. Que comportamentos inadequados a família cultivava antes mesmo da droga chegar? Em que se omitiu? Que maus hábitos são cultivados naquele lugar até hoje? Por quanto tempo os sinais do problema foram ignorados? O culpado é sempre o outro? A família está disposta a mudar as suas atitudes se o dependente aceitar o tratamento? E quando ele voltar, como será? E o filho mais novo, terá o mesmo destino? O pai ainda exige que façam o que ele diz, mas não façam o que ele faz?

Em todo lar em que a droga fez um doente há inúmeros questionamentos como esses sem resposta. Há perguntas como essas sendo ignoradas. E há milhares de famílias, pobres, ricas, com ou sem vivência religiosa, com grande potencial para enfrentar o mesmo drama.

O rato precisa ser morto? Claro que sim. Transitando pela sala, ele pode transmitir doenças e pode chamar outros ratos e outros insetos. É preciso alertar a população para aos malefícios das substâncias químicas? Claro que sim. Mas isso é muito pouco. O fato é que em uma sociedade desestruturada, com valores superficiais e famílias desnorteadas, o vazio existencial surgirá e a droga será a alternativa de muitos, mesmo que saibam de seus males e de suas consequências.

Famílias, voltemos para a cozinha! Vamos em busca do que não está certo, dos restos de comida, da omissão, dos maus hábitos. Da falta de cooperação, do respeito às diferenças e aos limites de cada um; procurem o lixo exposto, a permissividade em excesso, a falta de respeito com pai e mãe, a ausência de religiosidade, a individualidade. Deve haver muita sujeira na despensa, deve haver falta de bons exemplos e do amor que ama, mas que não aceita o que está sendo feito de errado.

Há um rato na sala, sabemos que há.
Mas ele é só um sintoma inevitável de problemas muito mais graves.



Fonte: http://www.mundoalegraivos.com/2011/08/ha-um-rato-na-sala.html

sábado, 27 de agosto de 2011

Mês da Bíblia 2011: Êxodo, segundo Valmor da Silva

DA SILVA, V. Deus ouve o clamor do povo: teologia do êxodo. São Paulo: Paulinas, [2004] 2010, 113 p. - ISBN 8535614435

Por Severino Germano da Silva

Há vários anos a Igreja dedica o mês de setembro para refletir sobre a Palavra Deus, já que este mês é dedicado à Bíblia. Este ano refletiremos o livro do Êxodo, mais especificamente os capítulos que se referem à travessia do mar dos juncos e a marcha no deserto.

Para nos ajudar na compreensão de tão importante texto e o que significa para nossa fé este episodio, nos apoiaremos na reflexão feita por Valmor da Silva no seu livro, de 11 capítulos, “Deus ouve o clamor do povo: Teologia do êxodo”, publicado pelas Paulinas.

Valmor da Silva nasceu em Santa Catarina na cidade de Laurentino, no dia 13 de novembro de 1951. Cursou Filosofia e Teologia em Ponta Grossa, PR, fez mestrado em exegese bíblica em Roma, e doutorou-se em Ciências da Religião na Universidade Metodista em São Paulo. Atualmente é Professor de Ciências da Religião na Universidade Católica de Goiás, em Goiânia, GO.

Valmor inicia seu livro nos explicando que, para compreendermos o que se passou a mais de três mil anos atrás, quando o povo de Deus saiu da terra do Egito, é preciso entender quem era este povo.

O autor começa definindo que êxodo é: saída, passagem, libertação, fuga, mudança de uma situação para outra. No caso do êxodo do Egito, é a saída de um grupo de escravos da opressão faraônica em direção à terra prometida.

Este evento se tornou modelo para vários momentos da história. E ficou na lembrança de tal modo que passou de geração em geração e se tornou profissão de fé daquela nação, conforme vemos em Dt 26,5-9.

A história de José do Egito, como nós a conhecemos, é a ponte que liga o Gênesis ao Êxodo. Contando a história de José, o autor bíblico quer fazer uma crítica ao modelo agrário imposto pelos faraós, ou seja, na política faraônica havia uma grande concentração de riqueza, justamente o oposto da forma tribal na qual viviam os israelitas. Este sistema imposto pelo Egito é chamado pelos estudiosos de modo de produção asiático.

Se faz necessário conhecer o Egito nesse período, que corresponde ao século XIII a.E.C. O Egito era governado neste período por um regime de dinastias e o Faraó da época era Ramsés II que fazia parte da XIX dinastia. A saída dos hebreus deste país pode ter acontecido neste período. Mas pode ter acontecido no período do sucessor de Ramsés II, Merneptá. Isso porque um documento chamado "estela de Merneptá", gravado em pedra por volta de 1219 a.E.C. menciona um grupo chamado "Israel" presente em Canaã.

A forma de dominação dos egípcios em Canaã era a de cidades-Estados, ou seja, o território era dividido entre vários grupos e as famílias ricas que governavam estas cidades tinham autonomia, usando seu chefe o título de rei. Este sistema era frágil e sem muita segurança, o que facilitava a entrada de estrangeiros e povos marginalizados. Surge aí um novo grupo social, denominado hapiru. Os hapirus eram pessoas que viviam nas montanhas e perturbavam a paz nas cidades, saqueando-as e influenciando outras pessoas. Não constituíam um povo, mas, pelas lutas e atribulações que sofriam, faziam da sua vida uma luta revolucionária. Muitos historiadores asseguram que o termo bíblico hebreu tem sua raiz nos hapirus.

Mas uma pergunta intriga os estudiosos: o que foi o êxodo? Sabe-se que o evento aconteceu por volta do século XIII a.E.C. mas o que se questiona é como isso aconteceu. Com o surgimento de muitas guerras os reinos ficaram enfraquecidos e com o Egito não foi diferente. Com as quedas da vários reinos, surge um novo sistema político, recuperando a união tribal, a partir dos laços de sangue, ou seja, a família era a base desse novo sistema. A união desses vários grupos deu origem a um Estado, mas não governado por um rei. É provável que nessa época tenham surgido vários movimentos deste tipo, sendo o mais importante o de Moisés. "Os demais grupos assumiram a mesma história e comemoraram juntos como uma tradição tribal" (p. 24).

Como aconteceu a passagem do mar? O livro do Êxodo trás umas nuances interessantes. Primeiro diz que foi uma marcha popular dos filhos de Israel, mas não foi uma passagem milagrosa. Depois diz que pode ter sido uma perseguição por parte dos egípcios, ou ainda uma intervenção miraculosa por parte de Deus. Também não se descarta a possibilidade de ter havido um desentendimento no comando do exército do Faraó. Não é possível saber ao certo a história do êxodo, pois a narrativa bíblica não tem intenção de contar uma história, mas de transmitir um testemunho de fé.

Naturalmente a história de cada grupo contribuiu para que a liberdade acontecesse. Dentre eles se destaca o grupo de Moisés, que de acordo com a Bíblia, fugiu, ou foi expulso, ou ainda teve a permissão para sua saída do Egito. Isto talvez reflita experiências vividas por diferentes grupos em processo de libertação. O grupo do Sinai foi o que viveu a experiência do êxodo do deserto, que mais tarde se juntou ao grupo de Moisés. Há também o grupo abraâmico, assim chamado porque associado à Abraão. Possivelmente eram vários grupos seminômades, possuíam divindades familiares, nomeadas na Bíblia como o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó ou, ainda, o Deus dos pais. E havia os hapirus, que podem ser identificados com os camponeses oprimidos e revoltados das cidades-Estados de Canaã e de outros lugares... "Enfim, muitos êxodos estão na origem histórica de Israel. Vários grupos viveram a libertação. Muitas experiências animaram sua vida" (p. 29).

Mas, ainda no Egito, os hebreus, de acordo com a Bíblia, foram fecundos e se multiplicaram, tornando-se cada vez mais numerosos e poderosos. Em Ex 1,8-14 percebe-se um quadro com cores bastantes carregadas, para mostrar a opressão dos hebreus no Egito. Esse período pode ser o de Ramsés II, que não conheceu José, "mas não há nenhum traço, no texto bíblico, de sua identidade" (p. 32). Por medo de perder o poder, em virtude de o povo israelita ser numeroso e poderoso, constitui-se assim o trabalho escravo. Na verdade, um recrutamento forçado para trabalhos pesados que provocavam uma situação humilhante e um controle piramidal da população, típico da disciplina organizacional egípcia. Mas, diz o texto bíblico, uma situação interessante acontecia: quanto mais o povo era oprimido, mais crescia e se multiplicava, fato que fez o Faraó tomar medidas drásticas, como a matança de crianças do sexo masculino (Ex 1,15-22).

É digno de nota que as mulheres tiveram um papel fundamental dentro do processo de libertação: primeiro as parteiras, uma mãe astuciosa, uma irmã cúmplice, depois a filha do Faraó, que, com suas servas, apanharam o menino no Nilo. Mais tarde, no processo de libertação, a mulher de Moisés, Séfora. "O fato realça, sobretudo, a articulação das mulheres em todo o processo revolucionário da saída do Egito. Que Moisés, que nada! O êxodo é resultado da articulação de mulheres" (p. 35).

Entretanto, para compreendermos o êxodo precisamos olhar o grito de angústia e desespero dos oprimidos pelo sistema faraônico por três ângulos diferentes, pois este é um grito a três vozes:

. Primeiro, o Sacerdotal, escrito pelo sacerdotes no tempo do exilio da Babilônia, que quer recordar a presença de um Deus que se lembra da aliança, resgatando e libertando em vista do clamor dos pobres

. Segundo, o olhar Javista: para ele Deus conhece a aflição do povo e age para o libertar. Nesse caso, a opressão egípcia é trazida à memória para permitir uma crítica ao sistema salomônico, época deste escrito

. E terceiro, o olhar Eloísta, que tem como ponto de partida a missão de Moisés de libertar o povo da escravidão. Nota-se aqui uma evidente ligação com as narrativas de vocação profética.

A missão de Moisés, trilha caminhos de certo modo tortuosos, pois o líder tenta se livrar da missão com várias objeções:

. Primeiro não quer aceitar o chamado, fingindo humildade, respondendo ao Senhor: "Quem sou eu?" (Ex 3,11). Ora, quem poderia estar mais preparado do que Moisés, ele que morava com o Faraó até bem pouco tempo?

. Segundo, simulando falta de conhecimento, ele vai perguntar pelo nome de Deus (Ex 3,13). Tendo passado algum tempo pastoreando ovelhas na região, certamente já tinha ouvido falar do Deus daquela região...

. Outra objeção é o pretexto da falta de fé do povo que não acreditaria nele (Ex 4,1).

. Ainda outra objeção é dizer que não sabe falar direito (Ex 4,10).

. Mais uma objeção: o reconhecimento da falta de coragem (Ex 4,13)

Podemos dizer que é como nos sentimos quando estamos diante de uma grande missão. Às vezes nos colocamos como frágeis para justificar o nosso medo.

De acordo com o livro do Êxodo, foram várias as tentativas para tirar o povo do Egito: reuniu os anciãos, contou com a solidariedade, usou astúcia e conhecimento, dividiu as tarefas, fez articulação com as famílias, enfrentou o Faraó e por fim fez o que era mais importante, manteve sempre o diálogo com Deus.

O processo de libertação passa por muitos caminhos, desde a apresentação de Moisés e Aarão diante do Faraó, e a sua negativa quanto à saída do povo, até as chamadas "dez pragas" - na verdade apenas a morte dos primogênitos é chamada de "praga', todas as outras são chamadas de "prodígios" ou "sinais". E são prodígios porque têm a função de forçar a saída dos hebreus do Egito, que como citado acima, tem três diferentes versões. Os prodígios estão ligados a fenômenos naturais. Assim como as águas do Nilo com cor avermelhada, como se fosse de sangue, todas os outros sinais e prodígios estão ligados a fenômenos naturais.

As três tradições que relatam a saída dos hebreus são cercadas de símbolismos: "originalmente, deviam circular dois relatos, um Javista-Eloísta, de sete pragas, e outro Sacerdotal, de dez" (p. 65). Ora, sete indica totalidade e o número dez significa a realização plena da obra de Deus, refletida nas dez palavras ou dez mandamentos. Mas as "pragas do Egito" são um paradigma: valem como referência ou espelho, onde acontecimentos semelhantes na história do povo se refletem.

Outro símbolo é o número dos que saíram do Egito: "cerca de seiscentos mil homens" (Ex 12,37), número exagerado! Somadas as mulheres e crianças, vamos para milhões... Mas "mil", na língua hebraica, pode simbolizar "chefe" ou "cabeça". "Cálculos mais recentes, com base nas condições de vida e na densidade populacional da época, derrubam essa estatística para 50 ou 150 pessoas" (p. 66).

A partir de Ex, 15,22, terminadas as tradições da saída do Egito, começa a caminhada do povo no deserto, também chamada de tradição do deserto e do Sinai. Isto porque todos os acontecimentos giram em torno do Monte Sinai. Mas o interessante é que no processo de libertação do Egito não se faz menção nenhuma ao Sinai. O que fica claro é que o Deus do êxodo é um Deus que caminha com seu povo, enquanto o Deus do Sinai é mais distante. Pode se concluir que o texto foi composto por duas tradições diferentes no começo, e que foram agrupadas posteriormente.

Dada a importância dos acontecimentos do Êxodo, toda a Bíblia recorre a ele para nos situarmos dentro da história da salvação. No livro do Deuteronômio encontra-se o que os autores chamam de credo histórico, que está contextualizado na festa das primícias, no ambiente familiar, que relembra a páscoa dos hebreus, quando da sua saída do Egito (Dt 26,5-9; cf. também Dt 6,20-23). Também os profetas, os Salmos e a tradição sapiencial voltam ao Êxodo para admoestar e ensinar às pessoas de sua época.

O Novo Testamento, a exemplo do Antigo, também volta ao Êxodo para ensinar e anunciar a Boa Nova. Isto fica claro, por exemplo, no Evangelho de Mateus, que apresenta Jesus como o novo Moisés. Mas há mais: na Primeira Carta aos Coríntios, no Evangelho de João, em Hebreus, no Apocalipse...

Finalmente, Valmor, no capítulo 11, nos lembra que a comunidade cristã muitas vezes aplicou o tema do êxodo a diferentes situações de sua vivência, sendo a mais intensa a desenvolvida na América Latina pela Teologia da Libertação.

Podemos concluir que o livro do Êxodo nos ensina que a marcha no deserto, a travessia do mar dos juncos, os prodígios e sinais são para nós a presença de um Deus que jamais abandona o seu povo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Abertura do Ano Vocacional lotou a Catedral Metropolitana

Em mais um momento de unidade e de atendimento a palavra de Jesus Mestre que diz: “Ide, pois fazei discípulos”, a Arquidiocese de Porto Alegre realizou na tarde do domingo, dia 7, a abertura oficial do Ano Vocacional Arquidiocesano. Uma celebração Eucarística presidida pelo Arcebispo dom Dadeus Grings, reuniu bispos, padres, seminaristas, religiosos/as e fiéis que chegaram das mais diferentes paróquias da Arquidiocese.

Com o tema “Discípulos-missionários a serviço das vocações” e o lema “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações”, todas as paróquias e comunidades estão convocadas a se mobilizarem na intensificação dos estudos, reflexões e a animação vocacional em um tempo privilegiado que segue até o dia 26 de agosto de 2012.

O Ano Vocacional Arquidiocesano acontece ainda como eco do Ano Sacerdotal e do Centenário da Província Eclesiástica do Rio Grande do Sul. Com este acontecimento, o objetivo é fazer suscitar no meio do povo novas vocações, sejam elas para o sacerdócio, para a Vida Religiosa Consagrada, para a família, para o laicato, além de aperfeiçoar a formação cristã.


Em sua homilia, Dom Dadeus Grings lembrou a vocação sacerdotal como ‘abertura’ e o fomento de outras vocações e, utilizando-se da liturgia do domingo, especialmente do evangelho (Mt 14,22-23), sustentou que Deus continua a chamar homens e mulheres para o serviço do Reino e que independente das crises, é possível assumir a vocação com confiança no Mestre:

- Se é Jesus quem chama, somos capazes de andar sobre as água. Nossa vocação maior é a vocação da fé. A crise do mundo é crise de fé. As vezes, acaba-se por não perseguir mais a meta, não olhamos para Jesus, mas Ele diz: ‘Coragem, sou eu. Não tenhais medo’. Nós temos incentivos para caminhar com toda coragem – disse.

Dom Dadeus enfatizou ainda o compromisso de homens e mulheres que anunciam a Jesus Cristo que chama e envia:

- Nesse ano todo somos chamados e chamadas as sermos porta-vozes de Jesus Cristo. Todos nós que cremos nele somos capazes de indicar para o mundo de hoje: é Ele, é o Senhor que está diante de nós e, quanto piores foram as crises do mundo, mais nós temos condições de dizer: É Jesus que está se aproximando – destacou.


Barcas Vocacionais mobilizarão paróquias

Todo esse momento rico, vivido na abertura do Ano Vocacional, agora será levado para as Paróquias da Arquidiocese de Porto Alegre. Estes momentos serão intensificados com a passagem do grande símbolo do Ano Vocacional: A barca vocacional.

Ao todo, seis exemplares vão percorrer todos os vicariatos, congregações e institutos religiosos, colégios e hospitais proporcionando um intenso processo de animação vocacional.

Dotada de uma rica simbologia, a barca conta com três velas, representando a vocação sacerdotal, consagrada e a leiga. Conta também com uma lamparina que representa a Jesus Cristo que guia a barca/Igreja e conta ainda com uma Bíblia, fundamento e alimento na animação vocacional.

As barcas foram abençoadas pelos bispos da Arquidiocese e em seguida, repassadas às comissões de animação vocacional dos Vicariatos de Porto Alegre, Canoas, Guaíba e Gravataí. Também recebeu um exemplar da barca a Conferência dos Religiosos do Brasil no Rio Grande do Sul (CRB-RS) que a levará para todas as Congregações Religiosas.


Primeira atividade:

A primeira atividade programada do Ano Vocacional Arquidiocesano será uma formação para todos os agentes de pastoral vocacional no próximo sábado, dia 13/08 das 8h30 às 17h no Seminário São José, em Gravataí. O tema do encontro será “A Vocação e a família”.

Saiba Mais:


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Quanto tempo você leva para ouvir Deus?

Eram aproximadamente 22:00 horas quando um jovem começou a se dirigir para casa.
Sentado no seu carro, ele começou a pedir:
- 'Deus! Se ainda falas com as pessoas, fale comigo. Eu irei ouvi-lo. Farei tudo para obedecê-lo'
Enquanto dirigia pela rua principal da cidade, ele teve um pensamento muito estranho: 
 
'Pare e compre um galão de leite'..
Ele balançou a cabeça e falou alto:
- 'Deus? É o Senhor?'.
Ele não obteve resposta e continuou dirigindo-se para casa.  
 
Porém, novamente, surgiu o pensamento:
'Compre um galão de leite'.
'Muito bem, Deus! No caso de ser o Senhor, eu comprarei o leite'.
Isso não parece ser um teste de obediência muito difícil...  
 
Ele poderia também usar o leite.
O jovem parou, comprou o leite e reiniciou o caminho de casa.
Quando ele passava pela sétima rua, novamente ele sentiu um pedido:
- 'Vire naquela rua'.
Isso é loucura... - pensou e, passou direto pelo retorno.  
 
Novamente ele sentiu que deveria ter virado na sétima rua..
No retorno seguinte, ele virou e dirigiu-se pela sétima rua.
Meio brincalhão ele falou alto
- 'Muito bem, Deus. Eu farei'. 
 
Ele passou por algumas quadras quando de repente sentiu que devia parar.
Ele brecou e olhou em volta.
Era uma área mista de comércio e residência.
Não era a melhor área, mas também não era a pior da vizinhança.
Os estabelecimentos estavam fechados e a maioria das casas estavam escuras, como se as pessoas já tivessem ido dormir, exceto uma do outro lado que estava acesa.  
 
Novamente, ele sentiu algo:
- 'Vá e dê o leite para as pessoas que estão naquela casa do outro lado da rua'.
O jovem olhou a casa.
Ele começou a abrir a porta mas voltou a sentar-se.
-' Senhor, isso é loucura. Como posso ir para uma casa estranha no meio da noite?'.
 
Mais uma vez, ele sentiu que deveria ir e dar o leite.
Finalmente,ele abriu a porta.....
- ' Muito Bem, Deus, se é o Senhor, eu irei e entregarei o leite àquelas pessoas.
Se o Senhor quer que eu pareça uma pessoa louca, muito bem. Eu quero ser obediente. 
 
Acho que isso vai contar para alguma coisa, contudo, se eles não responderem imediatamente, eu vou embora daqui'.
Ele atravessou a rua e tocou a campainha..
Ele pôde ouvir um barulho vindo de dentro, parecido com o choro de uma criança. 
 
A voz de um homem soou alto:
- 'Quem está aí? O que você quer?'
A porta abriu-se antes que o jovem pudesse fugir.
Em pé, estava um homem vestido de jeans e camiseta. 
 
Ele tinha um olhar estranho e não parecia feliz em ver um desconhecido em pé na sua soleira.
- 'O que é?'.
O jovem entregou-lhe o galão de leite.
- 'Comprei isto para vocês'. 
 
O homem pegou o leite e correu para dentro falando alto.
Depois, uma mulher passou pelo corredor carregando o leite e foi para a cozinha.
O homem a seguia segurando nos braços uma criança que chorava. 
 
Lágrimas corriam pela face do homem e, ele começou a falar, meio soluçando:
- 'Nós oramos.. Tínhamos muitas contas para pagar este mês e o nosso dinheiro havia acabado. Não tínhamos mais leite para o nosso bebê.  Apenas orei e pedi a Deus que me mostrasse uma maneira de conseguir leite. 
 
Sua esposa gritou lá da cozinha:
- 'Pedi a Deus para mandar um anjo com um pouco de leite... Você é um anjo?'
O jovem pegou a sua carteira e tirou todo dinheiro que havia nela e colocou-o na mão do homem..
Ele voltou-se e foi para o carro, enquanto as lágrimas corriam pela sua face..
Ele teve certeza que Deus ainda responde aos verdadeiros pedidos.  
 
 
E você? Quanto tempo leva para parar um pouquinho e ouvir Deus? 
 
"Filho(a) tenha FÉ que para DEUS nada é impossível, basta você crer!" 
 
 
Autor desconhecido.

domingo, 7 de agosto de 2011

Segura na mão de Deus: a tempestade acalmada - ‘‘Coragem! Sou eu! Não tenham medo!''

1. Situando

1.Entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o da Comunidade (Mt 18), está novamente uma longa parte narrativa (Mt 14 até 17). O Sermão das Parúbolas chamava a atenção para a presença do Reino nas coisas da vida. A parte narrativa mostra como este Reino está presente nas contradições da vida, provocando reações a favor ou contra. Um dos episódios narrados é a travessia no lago. Depois de ter reunido o povo no deserto (Mt 14,13-14) e ter instituído a mesa comum, através da parlilha que multiplicou o pão, Jesus sente a necessidade de ficar a sós com o Pai. Ele manda os discípulos fazerem a travessia para o outro lado do mar despede a multidão e sobe a montanha para rezar.

2.Esta travessia do mar simboliza a travessia que as comunidades tinham de fazer no fim do século I, sair do mundo fechado da antiga observância da lei para o novo jeito de observar a Lei do amor, ensinado por Jesus; sair da consciência de pertencer ao único povo eleito, privilegiado por Deus entre todos os povos, para a certeza de que em Cristo todos os povos estavam sendo fundidos num único Povo diante de Deus; sair do isolamento da intolerância para o mundo aberto do acolhimento e da gratuidade. Travessia perigosa, mas necessária.

2. Comentando

1. Mateus 14,22-24: Iniciar a travessia a pedido de Jesus Jesus forçou os discípulos a irem para o outro lado do mar, onde ficava a terra dos pagãos. A barca simboliza a comunidade. Ela tem a missão de dirigir-se aos pagãos e de anunciar também entre eles a Boa Nova do Reino que gera um novo jeito de viver em comunidade. Mas a travessia é perigosa e demorada. A barca é agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Apesar de terem remado a noite toda, falta muito para chegar à terra. Faltava muito para as comunidades fazerem a travessia para os pagãos. Jesus não foi com eles. Ele queria que aprendessem a superar as dificuldades da vida juntos, unidos e fortalecidos pela fé. O contraste é grande: Jesus junto de Deus na paz da montanha, e os discípulos meio perdidos lá embaixo, no mar revolto.

2. Mateus 14,25-27: Jesus se aproxima e eles não o reconhecem. Na quarta vigília, isto é, entre as 3 e 6 da madrugada, Jesus foi ao encontro dos discípulos. Andando sobre as águas, chegou perto deles. Mas não o reconheceram. Gritavam de medo pensando que fosse um fantasma. Jesus os acalmou dizendo: ‘‘Coragem! Sou eu! Não tenham medo!'' A expressão "Sou eu!'' é a mesma com que Deus fortaleceu a Moisés quando o enviou para libertar o povo do Egito (Ex 3,14). Para as comunidades, tanto de ontem como de hoje, era e é muito importante ouvir repetidamente: Coragem! Sou eu! Não tenham medo!"

3. Mateus 14,28-31: Entusiasmo e fraqueza de Pedro. Pedro pede para andar sobre as águas. Quer experimentar o poder que domina a fúria do mar. Um poder que, na Bíblia, é exclusivo de Deus (Gn 1,6; SI 104,6-9). Jesus permite que ele participe deste poder. Mas Pedro tem medo. Pensa que vai afundar e grita: "Senhor! Salva-me!" Jesus o segura e repreende: "Homem fraco na fé! Por que duvidou?" Pedro tem mais força do que ele imagina, mas tem medo das ondas contrárias e não acredita no poder que existe nele. As comunidades não acreditam na força do Espírito que existe dentro delas e que ama através da fé (Ef 1,19-20).

4. Mateus 14,32-33: Jesus á o Filho de Deus. Jesus entra na barca e a ventania pára Os discípulos ficam maravilhados e se ajoelham diante de Jesus, reconhecendo que ele é verdadeiramente o Filho de Deus. Quando reconhecemos a presença de Jesus em nosso meio, já não temos medo das tempestades e marés da vida. Ficamos segurando firmes em sua mão e vamos enfrentando os ventos contrários.

3. Alargando

1. A Comunidade; um barquinho boiando no mar da vida O canto diz: "Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai!" As ondas do mar provocam medo e pavor. Esta é a situação em que se encontravam os discípulos e discípulas na época de Mateus, boiando no mar da vida dentro do barquinho da comunidade. Ninguém tem a possibilidade de controlar a força das ondas a não ser Deus (Gn 1,2). Mateus relata a caminhada de Jesus sobre as águas para que as comunidades não se assustem nem afundem como Pedro, mas tenham a firme convicção de que em Jesus ressuscitado a força criadora de Deus as sustenta.

2. A dúvida de Pedro é a fé dos discípulos em Jesus. Diante da onda que avança sobre ele, Pedro afunda na água por falta de fé. Depois que Jesus o salvou, são os discípulos que confessam a fé em Jesus, Filho de Deus. Mais tarde Pedro terá a mesma fé em Jesus, Filho de Deus (Mt 16,6). Assim, Mateus sugere que não é Pedro que carrega a fé dos discípulos, mas sim é a fé dos discípulos que carrega a fé de Pedro.

3. Travessia: É o título deste livrinho. Como os discípulos de Jesus, as comunidades estavam numa travessia difícil e perigosa, saindo do mundo fechado das observâncias e dos sacrifícios para o mundo aberto do amor e da misericórdia. Também nós estamos numa travessia difícil para um novo tempo e uma nova maneira de ser igreja, o que exige coragem e muita confiança.

Fonte: http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=1&noticiaId=2246

Leigos(as): Discípulos(as) Missionários(as)

 
Por Dom José Luiz Bertanha, Bispo de Registro - SP
 
“Os cristãos Leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, homens e mulheres do mundo no coração da Igreja” DA 210.

João Paulo II dizia-nos “a Evangelização do Continente não pode realizar-se hoje sem a colaboração dos fiéis leigos” (EAM 44).

Celebraremos em todas as comunidades, agosto como mês da vocações.
A 1ª.´semana dedicada à vocação sacerdotal,
a 2ª. à família,
a 3ª. aos religiosos(as),
a 4ª. semana aos cristãos Leigos e Leigas.
Será um momento especial de ação de graças por muito trabalho realizado e proposta a todos para que sejam discípulos missionários.

O Documento de Aparecida retoma e reafirma as posições do Concílio Vaticano II de que os Leigos são membros efetivos do Povo de Deus e são Igreja. Duas são as dimensões da vocação laical. Primeiramente,os Leigos são chamados a exercerem diversas ações na comunidade eclesial e em diferentes formas de apostolado. Devem dar seu testemunho de vida e assumir diversos ministérios e serviços na evangelização, na catequese, na animação de comunidades, na liturgia, dentre outros (Cf. DA 211). A outra dimensão é a de atuar no mundo, “a vinha do Senhor”, com a tarefa de ser fermento, sal e luz seja pelo testemunho seja pela ação transformadora na construção da sociedade justa e solidária, conforme os critérios evangélicos. Essa missão específica deve ser vivenciada pelos leigos na política, na realidade social, na economia, nos meios de comunicação, nos sindicatos, no mundo do trabalho urbano e rural, na cultura, na família e em tantas outras realidades. (Cf EN 70 e DA 210).

Para realizar sua missão com competência e responsabilidade, os leigos “necessitam de sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e adequado acompanhamento para darem testemunho de Jesus Cristo e dos valores do Reino na vida social, econômica, política e cultural” (DA 212).

O protagonismo dos leigos está presente na caminhada da Igreja através de todos os seus fiéis e de suas lideranças que promovem e levam à frente a tarefa da evangelização sempre em união com seus pastores.

Para contribuir nesse processo a CNBB possui uma Comissão Episcopal para o Laicato que tem como função, na Igreja do Brasil, de promover a vocação e missão, formação e espiritualidade dos leigos, bem como sua organização e atuação, na Igreja e na sociedade. Fazem parte da Comissão Episcopal do Laicato os Setores Leigos, Juventude, CEBs, CNLB(Conselho Nacional dos leigos do Brasil) e todos os movimentos eclesiais. A Comissão tem relação de comunhão com o CNLB - Conselho Nacional do Laicato do Brasil e com os Movimentos e Associações Laicais. O CNLB congrega os Conselhos Regionais, movimentos, associações laicais, pastorais e outros organismos de leigos. Os CNLBs Regionais e diocesanos são importantes, pois articulam os leigos em toda a tarefa da evangelização. São expressões vivas e dinâmicas da presença e da força dos leigos nas comunidades.

Ao celebrar as vocações dos Cristãos Leigos e Leigas queremos expressar nossa mais profunda gratidão, por tantos homens e mulheres que, vivendo sua fé, testemunham seu amor a Jesus Cristo e a Igreja, na dedicação de seu tempo a serviço dos demais irmãos. Deus abençoe tantas iniciativas de transformação social e presença evangelizadora nas comunidades, paróquias, dioceses e na sociedade. O documento de Aparecida ao apresentar a vocação dos leigos (no.210), afirma “os fiéis leigos e leigas, discípulos e missionários, são luz do mundo”. Sim, discípulos missionários. Sempre aprendendo como discípulos e missionários porque comunicando o amor de Deus aos irmãos para construir juntos um mundo mais justo e fraterno.

Vamos agradecer a Deus a tantos leigos e leigas, catequistas, dizimistas, lideranças que estão em nossas pastorais, nos organismos, nos movimentos, nas CEBs, nas pastorais da juventude e nos movimentos juvenis construindo o Reino de Deus e buscando uma nova sociedade. Sempre precisamos de “muitos Leigos e Leigas no coração do mundo e muitas Leigas e Leigos no coração da Igreja”.
 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Teólogos explicam as DGAE no Encontro de Estudo e Debate, em Brasília

Dando prosseguimento aos trabalhos do Encontro de Estudo e Debate das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), que acontece na Casa de Retiros Assunção, em Brasília (DF), promovido pela Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB), hoje foi a vez dos teólogos padre Joel Portella Amado e padre Agenor Brighenti destacarem, capítulo por capítulo, o Documento 94 da CNBB, que são as DGAE.

Segundo o padre Joel Portella, a sociedade atual não vive mais num tempo de cristandade. “O que temos que entender é que a sociedade pós-moderna vive um tempo diferente da realidade da Igreja. Não vivemos mais o tempo da cristandade. Devemos ir ao encontro dessa sociedade, que se torna cada dia mais individualista. Por isso a importância das novas Diretrizes”, destacou, explicando os três primeiros capítulos do Documento.

As Diretrizes apontam cinco “urgências da ação evangelizadora” (Igreja em estado permanente de Missão; Igreja: casa da iniciação à vida cristã; Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja: comunidade de comunidades e Igreja a serviço da vida plena para todos). Segundo o padre Joel, estas urgência podem ser caracterizadas como “urgências urgentíssimas” para a Igreja nos próximos anos.

“As cinco urgências são como engrenagens de um relógio. Todas se complementam e fazem girar a máquina, portanto, devem ser todas trabalhadas, e não escolher uma e achar que está tudo resolvido. As Diretrizes devem ser encaradas e tratadas como base, alicerce para a Igreja pós-cristandade”, disse o teólogo.

Ainda de acordo com padre Joel, todos devem voltar-se mais para a Palavra de Deus para compreender melhor as Diretrizes. “Voltar à fonte não é novidade, mas sim, voltar para uma melhor compreensão do que vivemos. Isso é, para mim, imprescindível. Só com esse resgate da Palavra, conseguiremos ultrapassar a barreira do nosso entendimento da Palavra de Deus”.

O teólogo padre Agenor Brighenti destacou a importância das Diretrizes e pontuou, sinteticamente, cada uma das cinco urgências no que diz respeito às perspectivas de ação. Ele explicou que as Diretrizes indicam caminhos, princípios norteadores e urgências “irrenunciáveis”.

“A Igreja no Brasil clama pela superação de uma fé restrita a práticas religiosas fragmentadas, feita de adesões parciais e participação ocasional. As DGAE podem ajudar a superar o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas, na verdade, a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”, afirmou o padre Agenor.

O padre Agenor Brighenti completou explicando algumas características que marcam a sociedade global, atualmente. “Características marcantes de nosso tempo são mudanças profundas, de caráter global, atingindo tudo e a todos. A crise de referenciais se sentido, critérios de juízo, de valores, deixa as pessoas estressadas e desnorteadas. Daí o surgimento, de um lado, do relativismo e, do outro, do fundamentalismo, bem como de um laicismo militante. Há uma mercantilização de todas as relações, incluídas as relações humanas, familiares e sociais, até a própria religião”.

O evento, que reúne 40 participantes, entre assessores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e secretários executivos dos Regionais, acontece na Casa de Retiros Assunção, termina hoje.

Do site da CNBB - http://www.cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=6305

5ª ROMARIA DAS COMUNIDADES DO VICARIATO DE CANOAS

No dia 06 de agosto deste ano, todas as comunidades, paróquias e todo o povo do Vicariato de Canoas, se reunirão para a 5ª Romaria das Comunidades do Vicariato de Canoas.

Este ano o evento acontecerá em Canoas, na praça em frente à igreja São Pio X, bairro Mathias Velho em Canoas.

O início da chegada dos ônibus das comunidades está previsto para as 08h. Para as comunidades que vem de ônibus fica a dica para a chegada às 8 h, na Igreja São Pio X, que fica na Av. Rio Grande do Sul, 414 - Bairro Mathias Velho (próximo à estação Mathias Velho, do Trensurb).

Os ônibus deverão seguir pela Av. Rio Grande do Sul até a Rua Viamão ou Rua Torres, entram a direita até a rua Santa Catarina, onde fica localizada a Comunidade São José Operário (Rua Santa Catarina, 2251 - entre as ruas Viamão e Torres - ao lado da Antena da Band).


Leve sua família, leve a bandeira de sua Paróquia/Comunidade, vista a cor de sua comunidade e venha participar desta bonita caminhada do povo de Deus do Vicariato de Canoas. Participe!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Estratégia é Tudo?!

Um senhor vivia sozinho em Minnessota.
Ele queria virar a terra de seu jardim para plantar flores, mas era um trabalho muito pesado.


Seu único filho, que o ajudava nesta tarefa, estava na prisão.
O homem então escreveu a seguinte carta ao filho:


'Querido Filho, estou triste, pois não vou poder plantar meu jardim este ano.
Detesto não poder fazê-lo, porque sua mãe sempre adorou flores e esta é a época certa para o plantio. Mas eu estou velho demais para cavar a terra.
Se você estivesse aqui, eu não teria esse problema, mas sei que você não pode me ajudar, pois estás na prisão.
Com amor, Seu Pai.'

Pouco depois, o pai recebeu o seguinte telegrama:

'Pelo Amor de Deus, Pai, não escave o jardim!
Foi lá que eu escondi os corpos'

Como as correspondências eram monitoradas na prisão, às quatro da manhã do dia seguinte, uma dúzia de agentes do FBI e policiais apareceram e cavaram o jardim inteiro, sem encontrar qualquer corpo.

Confuso, o velho escreveu uma carta para o filho contando o que acontecera.

Esta foi a resposta:

'Pode plantar seu jardim agora, amado Pai.
Isso foi o máximo que eu pude fazer no momento..'

Estratégia é tudo!!!
"Ter problemas na vida é inevitável, ser derrotado por eles é opcional"

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Obrigado pelo seu testemunho de pertença a Jesus e à Igreja.


1.Obrigado pelo seu testemunho de pertença a Jesus e à Igreja. O seu dízimo é sinal e prova de que você tem consciência do batismo que recebeu, e que conhece o significado de com (viver) em comunidade, participando ativamente dela.

2.Obrigado pelo seu compromisso que, somado ao compromisso dos demais membros da comunidade, faz com que ela seja inteiramente evangelizadora, como o eram as primeiras comunidades cristãs (At 2,42-47; 4,32-37).

3.Obrigado pela partilha. Ao separar e entregar à comunidade parte do que é seu, você demonstra que é uma pessoa desapegada, ao mesmo tempo em que encoraja as demais a imitá-las ao usar, e não deixar-se usar, pelos bens materiais.

4. Obrigado por você contribuir com a Deus, por meio da comunidade, uma parte do que você tem, consciente de que tudo pertence a Ele. A devolução a Deus é um gesto de reconhecimento de que tudo é relativo, e que só Ele é de fato absoluto, o único Absoluto.

5.Obrigado pela sua gratidão. Ela é prova de que você tem uma mente e um coração sensíveis à bondade de Deus, que se abrem a Ele em ação de graças. A sua oferta e o seu dízimo são o seu “obrigado” pelo dom da vida e pelos demais dons dele recebidos.

6.Obrigado pela sua generosidade. Você não oferece a sobra, o resto, mas sim uma quantia significativa do que possui. Por isso o seu dízimo é expressão de entrega generosa. Por meio dela, a mesquinhez e a avareza são derrotadas, dando lugar à ação de graças e à partilha.

7.Obrigado por você renunciar a algo que é seu para colocar em comum com a comunidade. Toda renúncia custa caro porque por meio dela se transfere para outro o que se gostaria de guardar para si. Ao contribuir com o dízimo e as ofertas, você faz um sacrifício coerente com a sua fé.

8.Obrigado por você entender o significado do que é ser co-responsável. Ao ser responsável junto com os demais batizados pela sua comunidade de fé e vida, você está testemunhando que é juntos, na unidade e em comunhão, que se evangeliza. A soma das contribuições forma um todo no qual as contribuições individuais são mescladas e se tornam uma só, expressão da generosidade de toda a comunidade.

9.Obrigado pelo seu senso de justiça. Num mundo onde impera a injustiça, você partilha o que tem, tornando a sociedade menos desigual. E mais: o seu dízimo e a sua oferta pressupõem a prática da justiça, fazendo com que todos os/as Dizimistas tenham presente que não se pode fazer o bem “passando o chapéu alheio”, mas que se deve contribuir com aquilo a que de fato se tem direito. O que pertence ao outro não deve ser oferecido como dízimo, mas devolvido a quem (de direito) pertence.

10.Obrigado pela sua perseverança na contribuição do dízimo. Assim, a comunidade pode prever as suas despesas e investimentos, correndo riscos calculados, sem deixar de evangelizar por medo de se endividar. Os Dizimistas que são pontuais em suas contribuições possibilitam que a comunidade se organize e seja administrativamente eficiente.

11.Obrigado porque o seu dízimo é de qualidade, isto é, soma quantia e convicção, e é oferecido com tal consciência que se transforma em “oração”, levando a um autêntico encontro com Deus. O despojamento e o esvaziamento interior permite que o humano abra espaço para o divino, acolhendo-o.

12.Obrigado porque o seu dízimo é oferecido com alegria, identificada no sorriso que marca o seu rosto sempre que você faz a sua contribuição. Não há coação, obrigatoriedade ou pressão, e sim espontaneidade, leveza e gratuidade.

13.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade temos o suficiente para adquirir o que precisamos para as celebrações: hóstias, vinho, cálices, cibórios, ostensório, aspersório, galhetas, toalhas, castiçais, velas, folhetos e livros, vestimentas, imagens e quadros sacros, instrumentos musicais, cadeiras e/ou bancos, luminárias, aparelhagem/sistema de som, armários, extintores, sistema de segurança, entre outros. Uma comunidade é como uma família ampliada, com diversas necessidades a serem supridas (pagamento de água, luz, telefone, etc.).

14.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade temos o suficiente para manter e sustentar, bem como investir, na casa paroquial, contribuindo com a côngrua (= ajuda de custo) para os sacerdotes e diáconos; com o plano de saúde, encargos sociais e salários das pessoas liberadas (secretários/as, cozinheira e agentes de pastoral liberados).

15.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade podemos organizar a nossa secretaria paroquial, que disponibiliza diversos serviços e permite que a nossa pastoral esteja em pleno funcionamento.

16.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade contribuímos para que a nossa Diocese cumpra com a sua missão de coordenar a pastoral diocesana e organizar jurídica e administrativamente as paróquias e suas comunidades.

17.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade participamos da formação de nossos futuros diáconos e sacerdotes. Esse investimento só é possível quando as paróquias de uma diocese repassam a ela o dízimo do dízimo, conscientes de que a diocese não tem outra fonte de renda senão a que advém da contribuição generosa das paróquias.

18.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade assistimos os empobrecidos em suas necessidades mais urgentes, como saciar a fome, vestir o corpo, combater a doença, possibilitar o encontro entre familiares. Ao acolher o empobrecido, acolhemos o próprio Jesus (Mt 25,31-46).

19.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade promovemos os empobrecidos, oferecendo-lhes encontros e cursos profissionalizantes, orientando-os para que, com o nosso auxílio, ganhem o sustento com o trabalho das próprias mãos, sentindo-se e descobrindo-se co-criadores e aperfeiçoadores deste mundo que Deus confiou à humanidade (Gn 1,26-31).

20.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade podemos sustentar e ainda investir em nossos projetos sociais, lutando com todas as nossas forças para que os direitos e a dignidade humana sejam conhecidos, respeitados e promovidos.

21.Obrigado porque com o seu dízimo e o dos demais membros da comunidade somos fiéis à vocação missionária da Igreja, partilhando parte do que possuímos com comunidades mais carentes do que a nossa, e conscientizando para a Coleta para as Missões, realizada anualmente no penúltimo domingo de outubro.

22.Obrigado pela sua fidelidade! Com certeza você, como os demais Dizimistas, tem momentos difíceis, nos quais contribuir com o dízimo exige muita disponibilidade e generosidade. Agradecemos a sua força e perseverança; você é, para toda a comunidade, testemunha de que é possível, sim, ser um/uma Dizimista fiel!

23.Obrigado pela sua presença nas várias atividades desenvolvidas pela comunidade. Você é Dizimista, mas antes de ser Dizimista, é batizado e, portanto, membro por direito da Igreja de Jesus.