quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Papa Bento XVI fala sobre a importância da oração e da unidade entre os cristãos

"Todos os crentes em Cristo são convidados a unir-se em oração para testemunhar o profundo vínculo que existe entre si e invocar o dom da plena comunhão”, foi o que disse o papa Bento XVI durante a catequese nesta quarta-feira, 19, na ocasião da Semana da Unidade dos Cristãos (Souc), celebrada pela Igreja no hemisfério norte.

Inspirado no livro dos Atos dos Apóstolos, o tema da Souc 2011 é "Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”. A partir do deste tema, o papa elencou quatro características que definem a comunidade cristã de Jerusalém como lugar de unidade e amor. “Primeira característica, ser unida e firme no ouvir o ensinamento dos Apóstolos, depois na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Como disse, esses quatro elementos são ainda hoje as pilastras da vida de toda a comunidade cristã e constituem também o único fundamento sólido sobre o qual progredir na busca da unidade visível da Igreja”, citou Bento XVI.

Durante a catequese, o papa disse ainda que todos os cristãos têm responsabilidade comum diante do mundo e que a unidade se dá principalmente através da oração. “A oração é sempre a atitude constante dos discípulos de Cristo, isto é, aquela que acompanha a vida cotidiana em obediência à vontade de Deus”.

Na próxima terça-feira, 25, o papa vai presidir, em Roma, a missa que marca a conclusão da Semana de Oração, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. A cerimônia acontece na Solenidade Litúrgica da Conversão de São Paulo, quando estarão presentes representantes de outras igrejas e comunidades eclesiais de Roma.

Semana da Unidade dos Cristãos

No hemisfério sul, as celebrações começam na semana após a festa da Ascensão do Senhor e vai até o Domingo de Pentecostes. Na Europa, a Semana acontece entre 18 e 25 de janeiro, datas que marcam, respectivamente, a festa da Cátedra de São Pedro e a de São Paulo.

A cada ano, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) convida os parceiros ecumênicos de uma determinada região do mundo para prepararem um texto simples sobre um tema bíblico. Em seguida, um grupo internacional de participantes patrocinados pelo CMI (protestantes e ortodoxos) e os católicos romanos editam este texto e garante que ele está relacionado com a busca de unidade entre as igrejas.

O texto é publicado conjuntamente pelo Pontifício Conselho para Promoção da Unidade dos Cristãos e CMI, através de sua Comissão de Fé e Ordem, que também acompanha todo o processo de produção de texto. O material final é enviado às igrejas-membro e dioceses católicas romanas, que são convidadas a traduzir e contextualizar o texto para seu próprio uso.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Governo cede em R$ 5 e já fala em salário mínimo de R$ 545

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que o governo irá defender um salário mínimo de R$ 545 para o ano de 2011, e não mais de R$ 540, como havia sido decidido pelo então presidente Lula, em dezembro.

A diferença de R$ 5 foi cedida pelo governo em função de o Índice Nacional Preços ao Consumidor (INPC) ter ficado acima do esperado no mês de dezembro.

A partir de um acordo firmado em 2007 pelo presidente Lula com as centrais sindicais, o salário mínimo no Brasil passou a ser reajustado com base na inflação do ano anterior e no Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.

Como em 2009, o crescimento econômico ficou negativo, o reajuste para este ano prevê apenas a correção pela inflação.

O valor defendido pelo governo terá ainda de ser aprovado pelo Congresso, que retoma os trabalhos em fevereiro.

O tema foi um dos principais assuntos da primeira reunião da presidente Dilma Rousseff com todos os seus 37 ministros, nesta sexta-feira, em Brasília.

Preocupada com o ritmo inflacionário no país, a presidente pediu a todos os seus ministros que avaliem a possibilidade de cortes em suas respectivas pastas. A ideia é de que o orçamento de 2011 sofra uma redução de, pelo menos, R$ 25 milhões – mas já existem rumores de que o governo poderá exigir um corte de até R$ 40 milhões.

Ao reduzir suas despesas, o governo federal ajuda a desaquecer a economia, uma das razões do aumento da inflação.

Mariana Della Barba
2011-01-15, 23:50

domingo, 16 de janeiro de 2011

O preço de não escutar a natureza

A causa principal do cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre a região serrana do Rio de Janeiro, "deriva do modo como costumamos tratar a natureza", escreve Leonardo Boff, teólogo e escritor.

Segundo ele, "só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis".

Eis o artigo.

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que distribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.

Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Vaticano anuncia beatificação de João Paulo II para 1º de maio

O Papa Bento XVI aprovou nesta sexta-feira um milagre atribuído ao Papa João Paulo II, abrindo caminho para a beatificação do pontífice, o passo final antes da canonização. O Vaticano anunciou que a cerimônia de beatificação ocorrerá em Roma no domingo 1º de maio.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no jornal National Catholic Reporter, 14-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Enquanto espera-se que o anúncio desta sexta-feira seja saudado com alegria em todo o mundo católico, os críticos levantaram questões tanto sobre o caso de fundo para declarar o falecido Papa santo, incluindo a sua história na crise dos abusos sexuais, quanto sobre a rapidez com que isso ocorreu.

Em um comunicado divulgado na manhã desta sexta-feira, o Vaticano afirmou que, além de abrir mão do período normal de cinco anos de espera antes de começar a causa da canonização, em virtude do que é descrito como a "imposição de fama de santidade" desfrutada por João Paulo II durante a sua vida, todas as outras "disposições canônicas comuns" para as causas da canonização foram "integralmente observadas"

Os organizadores esperam que a cerimônia atraia a maior multidão em Roma desde os acontecimentos que rodearam a morte de João Paulo II e a eleição de Bento XVI, há seis anos, em abril de 2005.

Formalmente, a beatificação autoriza um candidato a ser designado como "beato", mas não ainda como santo. Tradicionalmente, a oração e a devoção a um "beato" eram encorajadas apenas na Igreja local dessa pessoa, mas o apelo global de João Paulo II significa que sua beatificação terá ecos muito além da sua Polônia natal ou da cidade de Roma.

O milagre
No processo de canonização, é necessário um milagre para a beatificação e outro para a canonização. (A lógica é que os milagres ofereçam provas de que o santo está de fato no Céu e é capaz de interceder por aqueles que pedem ajuda em oração.)

A maioria dos milagres nas causas da canonização são curas, e o Vaticano, historicamente, aplica três padrões para se certificar que uma cura tem as qualificações necessárias. Ela deve ser "completa", ou seja, não é suficiente que a pessoa simplesmente se sinta melhor ou mostre alguma melhora; "instantânea", em oposição a uma recuperação que se desenrole ao longo de semanas, meses, ou mais; e deve ser "durável", ou seja, com uma condição de não retorno. Além disso, a cura deve ser médica e cientificamente inexplicável.

O milagre aprovado nesta sexta-feira por Bento XVI diz respeito a uma freira francesa de 49 anos, Ir. Marie Simon-Pierre, que foi diagnosticada com uma forma agressiva da doença de Parkinson em 2001, e cuja ordem rezou a João Paulo II após sua morte em 2005 para pedir ajuda. Consta que, depois de escrever o nome do falecido Papa em um pedaço de papel em uma noite de junho de 2005, a Ir. Marie-Simone acordou curada na manhã seguinte e foi capaz de retomar seu trabalho como enfermeira da maternidade.

No início deste ano, reportagens indicaram que a irmã francesa tinha ficado doente novamente, e que pelo menos um médico questionou o diagnóstico da doença de Parkinson, sugerindo que podia ser algum outro distúrbio nervoso. Parece que o Vaticano resolveu essas dúvidas em seu favor, no entanto, já que o milagre foi aprovado tanto por consultores médicos e teológicos do Vaticano, assim como pelos cardeais e bispos que compõem a Congregação para as Causas dos Santos e o próprio Papa.

O estímulo para declarar João Paulo II santo começou quase no momento de sua morte.

Na preparação para o conclave que elegeu Bento XVI ao papado, em abril de 2005, alguns cardeais assinaram uma petição solicitando que o próximo Papa imediatamente abrisse um processo de canonização para João Paulo II. Durante a missa de seu funeral, os fiéis portavam cartazes e gritavam "Santo subito!", isto é, "Santo já!".

Logo após sua eleição, Bento XVI abriu mão do período de espera, mas, por outro lado, declarou que o procedimento habitual deveria ser seguido.

Entre os conhecedores da Igreja, é fato que a causa de João Paulo II não vai parar na beatificação, mas que ele também será rapidamente canonizado e declarado santo.

As possíveis críticas
Dada a popularidade de João Paulo II e seu elevado perfil público, a notícia de sua beatificação certamente será um evento midiático importante. No entanto, também há três linhas de críticas persistentes que provavelmente irão ressurgir nos próximos dias.

Primeiro, alguns liberais católicos que viam João Paulo II como excessivamente conservador têm indicado que a sua causa está sendo acelerada, a fim de marcar pontos políticos em debates católicos internos. Esse grupo tem se perguntado, por exemplo, por que João Paulo II está sendo beatificado tão rapidamente, quando o saudoso Papa João XXIII, que iniciou um período de reforma do catolicismo, ao convocar o Concílio Vaticano II (1962-1965), ainda não foi canonizado depois de sua própria beatificação no ano 2000.

Segundo, alguns católicos tradicionais podem objetar a aparente pressa na causa de João Paulo II, argumentando que isso corre o risco de baratear o processo de canonização se houver a percepção de que um determinado candidato está sendo estimulado com muita pressa. Percepções de que o processo comum entrou em "curto-circuito", alertam alguns, podem indicar que os ensinamentos e outras disciplinas da Igreja podem ser massageados ou postos de lado. Eles acrescentam que, de acordo com a teologia católica, a Igreja não tem poder para "fazer" um santo – ela pode simplesmente ratificar que uma figura particular já está no Céu. Por essa lógica, não há pressa, já que, se de fato João Paulo II é santo, a beatificação e canonização formais não acrescentam nada.

Terceiro, algumas vítimas de abusos sexuais por parte do clero e seus advogados acreditam que o histórico de João Paulo II com relação à crise não é digno de canonização, ou pelo menos que beatificá-lo agora corre o risco de ofender as vítimas que associam o falecido Papa a uma resposta ambígua para a crise. Alguns argumentaram que o estudo da vida e do legado de João Paulo II como parte do processo de canonização não deu importância suficiente à sua gestão da crise dos abusos sexuais, como é o caso do falecido fundador dos Legionários de Cristo, o padre mexicano Marcial Maciel Degollado, um dos favoritos de longa data durante o papado de João Paulo II, que depois foi desonrado quando os Legionários reconheceram que ele era culpado de várias formas de má conduta sexual.

Nesta sexta-feira, mesmo antes do anúncio formal do Vaticano, a Survivors’ Network of those Abused by Priests [rede de apoio às vítimas da pedofilia] emitiu um comunicado afirmando que a hierarquia está "esfregando mais sal nas feridas" das vítimas com uma "ímpeto apressado para conferir a santidade ao pontífice, sob cujo reinado a maioria dos crimes sexuais do clero amplamente documentados e seus encobertamentos ocorreram".

As autoridades do Vaticano não deram qualquer resposta às críticas de fundo de João Paulo II, mas, em casos passados em que papas foram encaminhados ao longo da via da santidade, elas geralmente afirmam que beatificar ou canonizar um papa não equivale a endossar todas as escolhas políticas de seu pontificado. Pelo contrário, dizem, é uma declaração de que esse papa viveu uma vida santa, digno de ser imitada, apesar de que algumas falhas possam ter ocorrido durante a sua vida – incluindo o seu reinado como papa.

A data para a cerimônia de beatificação, 1º de maio, tem sido observada desde 2000 como o "Domingo da Divina Misericórdia" pela Igreja Católica. A festa da Divina Misericórdia está associada a uma freira polonesa do século XX, Santa Faustina Kowalska, que foi uma visionária e mística por quem João Paulo II tinha uma forte devoção pessoal.

Ironicamente, o dia 1º de maio também é o "May Day" [Dia do Trabalho, no Brasil], tradicionalmente associado ao movimento socialista internacional, o que é surpreendente, dado que o colapso do Comunismo Europeu é geralmente retratado como a conquista política central de João Paulo II.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Os animais, nossos irmãos

Quando nascem, despertam a atenção e o carinho dos humanos. São engraçadinhos, frágeis, tão pequenos.

Cãezinhos de raças diversas são requisitados pelas crianças que desejam fazer deles seu brinquedo.

E assim, eles são levados para casa. Por vezes, adquiridos a alto preço, pelo pedigree, pela pureza da raça.

Enquanto pequenos, tudo é levado à conta de peraltices próprias de quem está descobrindo o mundo ao seu redor.

A criança o leva para todo lugar, e o cãozinho a segue, sempre fiel.

Não é raro que durmam juntos e, à mesa, o animalzinho fica ao lado, aguardando os bocados que o pequerrucho lhe passa à boca.

Brincam juntos no jardim, no interior da casa, nas piscinas.

A criança nem sempre é suficientemente cuidadosa e por vezes, pisa na cauda do cão, puxa-lhe as orelhas, aperta-o em demasia.

O animal solta um latido meio sufocado, dizendo da dor que sentiu, mas continua fiel, nem pensando em revidar a agressão, mesmo involuntária.

Pulam, saltam, correm um atrás do outro, enquanto as horas vão somando os dias...

Cresce o animal. Agora, já não é tão engraçadinho assim. Ele solta pêlo por todo lugar e, porque ninguém lhe ensinou o que ele podia e o que não podia fazer, é castigado porque arranhou o sofá da sala.

Porque mordeu o chinelo recém comprado.

Porque rasgou a bola, com os dentes.

E, até mesmo, porque as suas necessidades fisiológicas foram feitas em lugares inapropriados.

A criança também cresce. Os interesses mudam. E, um dia, o animal que vivia em uma família, rodeado por todos, dentro de casa, gozando da confiança doméstica, se vê colocado no quintal.

Mas, como faz buracos, traz terra para o piso da garagem, ele é preso a uma coleira e uma corda.

Ao menos fosse em lugar confortável. Contudo, por vezes, fica exposto ao sol, à chuva, ao vento. Preso.

Suas pernas desejam correr, pular. Sua cauda abana a cada barulho significativo, seu bem conhecido, que os ouvidos registram: o carro chegando; a algazarra das crianças vindo da escola; o barulho da bola quicando no muro, no chão, na mão, no muro...

Quando as luzes se acendem na casa, ele olha e fica aguardando que alguém se lembre dele, outra vez.

Finalmente, chega um dia em que ele é colocado no carro da família. Vai alegre.

A viagem é longa, por estradas que não acabam nunca. Então, o veículo estaciona.

Ele corre para fora, esperando que alguém o chame, que corra atrás dele.

Mas, logo percebe que o carro fecha as portas de novo e arranca, perdendo-se na poeira da estrada.

Ele corre, tenta alcançar. Por que eles não param? Por que o esqueceram?

Indesejável, foi abandonado.

A partir daí, sua vida será um peregrinar pelas estradas, pelas ruas, à cata de comida, água, um lugar para morar.

Cachorro sem dono.

Não chegue perto. Ele pode morder.

Não toque nele. Deve estar doente. Veja como está magro.

Cachorro de ninguém.

Seus dias acabarão logo mais, sob as rodas de um automóvel, ou por enfermidade ou tristeza.

* * *

Pensemos, olhando nossos animais de estimação, como os estamos tratando.

São seres vivos: têm fome, sede. Sentem cansaço, calor, frio. Sobretudo precisam de afeto, de atenção.

Os animais estão sob a guarda e proteção dos homens.

Assim dispôs a Lei Divina: que servissem ao homem e o homem, de sua vez, os protegesse e amparasse.

Não percamos de vista este dever para com nossos irmãos inferiores, os animais.

(autor desconhecido)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Encerra-se mais um ano em sua vida...

Encerra-se mais um ano em sua vida...

Quando este ano começou, ele era todo seu.

Foi colocado em suas mãos...

Podia fazer dele o que quisesse...

Era como um Livro em Branco, e nele você podia ter um poema, um pesadelo uma blasfêmia, uma oração. Podia...

Hoje não pode mais, já não é seu.

É um livro já escrito...

Concluído...

Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será lido, com todos os detalhes, e não poderá corrigi-lo.

Estará fora de seu alcance.

Portanto...

Antes que termine este ano, reflita, tome seu velho livro e folheie com cuidado...

Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela consciência;

Faça o exercício de ler a você mesmo.

Leia tudo...

Aprecie aquelas páginas de sua vida em que usou seu melhor estilo.

Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.

Não...

Não tentes arrancá-las.

Seria inútil...

Já estão escritas.

Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que será entregue.

Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.

Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o instrumento do livre arbítrio e terá, para preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.

Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.

Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o nas mãos do Criador.

Não importa como esteja...

Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras: Obrigado e Perdão!!!

E, quando o novo ano chegar, lhe será entregue outro livro, novo, limpo, branco, todo seu, no qual irá escrever o que desejar...

FELIZ LIVRO NOVO !

(autor desconhecido)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

FAMÍLIA DESTE SÉCULO

Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:

- Moça, vocês têm pen drive?

- Temos, sim.

- O que é pen drive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.

- Bom, pen drive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.

- Ah, como um disquete...

- Não. No pen drive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes.

O disquete, que nem existe mais, só salva texto.

- Ah, tá bom. Vou querer.

- Quantos gigas?

- Hein?

- De quantos gigas o senhor quer o seu pen drive?

- O que é giga?

- É o tamanho do pen.

- Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.

- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.

- Ah, tá. E quantos tamanhos têm?

Dois, quatro, oito, dezesseis gigas...

- Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.

- Neste caso, o melhor é levar o maior.

- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?

- Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?

- Como?

- É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.

- USB não é a potência do ar condicionado?

- Não, aquilo é BTU.

- Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.

- USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador.

O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.

- Hmmmm! Enfiar o pino no buraquinho, né?

- He he he! O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2.

- Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete?

Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso.

O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?

- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pen drive.

- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.

- Quem sabe o senhor liga pra ele?

- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda não aprendi a discar.

- Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora, radio AM/FM, TV, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, micro-ondas e conexão wireless.

- Micro-ondas? Dá para cozinhar nele?

- Não senhor. Assim o senhor me faz rir. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.

- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores não possuíam Bluetooth.

- O senhor sabe para que serve?

- É claro que não.

- É para um celular comunicar com outro, sem fio.

- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular.

- Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...

- Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo.

- Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.

- Ah, e antes precisava fio?

- Não, tinha que trocar o chip.

- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...

- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.

- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?

- Momentinho... Deixa eu ver... Sim, tem chip.

- E faço o quê, com o chip?

- Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.

- Sei, sim, portabilidade, não é?, claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples?

- Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...

- Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho?

- Anote aqui o número dele. Isso. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão verde... pronto, está chamando.

Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:

- Oi filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome?

- Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive. De noite eu levo para casa.

- Que idade tem seu filho?

- Vai fazer dez em março.

- Que gracinha...

- É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.

- Certo, senhor. Quer para presente?

Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes? Onde iremos parar? Olha, com receio, para o celular sobre a mesa.

"Máquina infernal", pensa.

Tudo o que ele quer é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha a infelicidade de ter mais de quarenta anos saberá compreender.

Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona.

O garoto insere o aparelho e na tela abre-se uma janela. Em seguida, com o mouse, abre uma página da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um 'heavy metal' infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo.

Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:

- Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pen drive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.

- Teu celular tem entrada USB?

- É lógico. O teu também tem.

- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?

- Se o senhor não quiser baixar direto da internet...

Naquela noite, antes de dormir, deu um beijo em Clarinha e disse:

- Sabe que eu tenho Bluetooth?

- Como é que é?

- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?

- Não enche, Haroldo, deixa eu dormir.

- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?

- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né?

- Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.

- E conexão USB também.

- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.

- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido.  Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.

- Ué? Por quê?

- Porque eu recém tinha aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.

- Por falar nisso temos que trocar nossa televisão.

- Ué? A nossa estragou?

- Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.

- Tudo isso?

- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir.

(autor desconhecido)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Programação do mes de Janeiro - Par. N. Sª da Conceição e Igreja São José

J A N E I R O   /   2 0 1 1
IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
01
Sab.
19h
MISSA - LITURGIA: SÃO  TARCÍSIO / G.L.A. / SANTA CECÍLIA
02
Dom
9:30h
MISSA COM O SACRAMENTO DO BATISMO - LITURGIA: BATISMO
03
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
04
3ª f.
15h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: CATEQUESE
04
3ª f.
19:30h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
06
5ª f.
15h
MISSA COM BÊNÇÃOS - LITURGIA: PASTORAL DA SAÚDE E G.L.A.
06
5ª f.
19h
ENSAIO DE CÂNTICOS DO GRUPO SANTA CECÍLIA
07
6ª f.
14h
15h
REUNIÃO MENSAL DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO E
MISSA EM HONRA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
08
Sab.
18h
19h
20h
18h – TERÇO HORA MARIANA – LITURGIA: MISSIONÁRIAS
19h – MISSA EM HONRA A N. Sª DA CONCEIÇÃO – LITURGIA: DIZIMO
20 às 21h – ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO – LITURGIA: MESCE
08
Sab.
20h
REUNIÃO DOS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA COMUNHÃO
09
Dom
9:30h
MISSA - LITURGIA: CURSILHO E DÍZIMO
10
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
10
2ª f.
19:30h
CURSO DE FORMAÇÃO – EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS
DE 10 A 13 DE JANEIRO – 19:30 às 22:00h – PAR. SÃO LUÍS (CENTRO)
11
3ª f.
15h
PARTILHA DA “PALAVRA DE VIDA” - LITURGIA: CATEQUESE
11
3ª f.
19:30h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
13
5ª f.
15h
MISSA COM BÊNÇÃOS - LITURGIA: PASTORAL DA LIMPEZA
13
5ª f.
19h
ENSAIO DE CÂNTICOS DO GRUPO SANTA CECÍLIA
14
6ª f.
15h
ORAÇÃO DO TERÇO
15
Sab.
16h
CELEBRAÇÃO NA COMUNIDADE N. Sª DA CONCEIÇÃO, NA BERTO CÍRIO
15
Sab.
19h
MISSA - LITURGIA: VOCACIONAL E SÃO TARCÍSIO
16
Dom
9:30h
MISSA - LITURGIA: MINISTÉRIO DA PALAVRA
16
Dom
18h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA – GRUPO BOM PASTOR
17
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
18
3ª f.
15h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: CATEQUESE
18
3ª f.
19:30h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
19
4ª f.
15h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
20
5ª f.
15h
MISSA COM BÊNÇÃOS - LITURGIA: CURSILHO
20
5ª f.
19h
ENSAIO DE CÂNTICOS DO GRUPO SANTA CECÍLIA
20
5ª f.
19:30h
REUNIÃO MENSAL DO MINISTÉRIO DA PALAVRA COM LEITURA ORANTE
21
6ª f.
15h
ORAÇÃO DO TERÇO – LITURGIA: MISSIONÁRIAS DAS CAPELINHAS
21
6ª f.
20h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA, NO CONDOMÍNIO SÃO LUÍS
22
Sab.
19h
MISSA - LITURGIA: J.C.
23
Dom
9:30h
MISSA - LITURGIA: CATEQUESE
24
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
25
3ª f.
15h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: CATEQUESE
25
3ª f.
19:30h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
27
5ª f.
15h
MISSA COM BÊNÇÃOS - LITURGIA: J.C.
27
5ª f.
19h
ENSAIO DE CÂNTICOS DO GRUPO SANTA CECÍLIA
28
6ª f.
15h
ORAÇÃO DO TERÇO
29
Sab.
19h
MISSA - LITURGIA: VOCACIONAL E SÃO TARCÍSIO
30
Dom
9:30h
MISSA - LITURGIA: CURSILHO
31
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
J A N E I R O   /   2 0 1 1
IGREJA SÃO JOSÉ
01
Sab.
17h
REUNIÃO DO G.L.A. – PREPARAÇÃO DAS MISSAS E ENSAIO DE CANTOS
01
Sab.
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: E.C.C.
02
Dom
8h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: MCC / NAVEGANTES
03
Dom
19h
MISSA - LITURGIA: MCC / P. SOCORRO E SÃO FRANCISCO
03
Dom
20h
REUNIÃO DOS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA COMUNHÃO
03
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
04
3ª f.
15:45h
TERÇO
06
5ª f.
20h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
07
6ª f.
15:45h
TERÇO
08
Sab.
17h
REUNIÃO DO G.L.A. – PREPARAÇÃO DAS MISSAS E ENSAIO DE CANTOS
08
Sab.
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: G.L.A.
09
Dom
8h
MISSA - LITURGIA: CATEQUESE E MISSIONÁRIAS DO DÍZIMO
09
Dom
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: MCC / P. SOCORRO
10
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
10
2ª f.
19:30h
CURSO DE FORMAÇÃO – MINISTÉRIO PALAVRA – EVANGELHO DE MATEUS
DE 10 A 13 DE JANEIRO – 19:30 às 22:00h – PAR. SÃO LUÍS GONZAGA
11
3ª f.
15:45h
TERÇO
12
4ª f.
15h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
13
5ª f.
20h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
14
6ª f.
15:45h
TERÇO
15
Sab.
17h
REUNIÃO DO G.L.A. – PREPARAÇÃO DAS MISSAS E ENSAIO DE CANTOS
15
Sab.
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRRA- LITURGIA: MCC / SÃO FRANCISCO
16
Dom
8h
MISSA - LITURGIA: MISSIONÁRIAS DAS CAPELINHAS
16
Dom
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: MCC / P. SOCORRO
17
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
18
3ª f.
15:45h
TERÇO
19
4ª f.
18h
19h
 
TERÇO HORA MARIANA
MISSA EM HONRA A SÃO JOSÉ
LITURGIA: G.L.A. / APOSTOLADO / MISSIONÁRIAS
20
5ª f.
20h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
21
6ª f.
15:45h
TERÇO
22
Sab.
17h
REUNIÃO DO G.L.A. – PREPARAÇÃO DAS MISSAS E ENSAIO DE CANTOS
22
Sab.
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: MCC / SANTO ANTONIO
23
Dom
8h
MISSA - LITURGIA: E.C.C.
23
Dom
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: CATEQUESE
24
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
25
3ª f.
15:45h
TERÇO
26
4ª f.
15h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
27
5ª f.
18h
19h
20h
TERÇO HORA MARIANA
MISSA EM HONRA A N. Sª. DO PERPÉTUO SOCORRO – LITURGIA: B.PASTOR
REUNIÃO MENSAL DO GRUPO BOM PASTOR
27
5ª f.
20h
LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
28
6ª f.
15:45h
TERÇO
29
Sab.
17h
REUNIÃO DO G.L.A. – PREPARAÇÃO DAS MISSAS E ENSAIO DE CANTOS
29
Sab.
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: G.L.A.
30
Dom
8h
MISSA - LITURGIA: MCC / NAVEGANTES
30
Dom
19h
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA - LITURGIA: MCC / P. SOCORRO
31
2ª f.
15h
ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Nos meses de Janeiro e Fevereiro
as celebrações vespertinas serão as 19h

Evangelho segundo São Mateus

Ministério da Palavra

Curso de Formação

Evangelho segundo São Mateus

Vc é nosso convidado(a) especial

venha estudar com o Pe. Bonifácio
e os Ministros da Palavra

O Ministério da Palavra do Vicariato de Canoas promoverá em janeiro e fevereiro um estudo para todas as pessoas sobre o Evangelho segundo São Mateus. Como nos anos anteriores, o curso será oferecido no mês de janeiro e se repetirá no mês de fevereiro para oferecer mais oportunidades a quem não pode fazer num dos meses.

Local: Paróquia São Luís Gonzaga
(centro de Canoas)

datas: 10, 11, 12 e 13 de janeiro
                 07, 08, 09 e 10 de fevereiro

Horário: 19h30h às 22h

Sua presença é muito importante, não falte!

sábado, 1 de janeiro de 2011

LIBERDADE RELIGIOSA, CAMINHO PARA A PAZ

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE

BENTO XVI

PARA A CELEBRAÇÃO DO

XLIV DIA MUNDIAL DA PAZ

1 DE JANEIRO DE 2011



LIBERDADE RELIGIOSA, CAMINHO PARA A PAZ

1. NO INÍCIO DE UM ANO NOVO, desejo fazer chegar a todos e cada um os meus votos: votos de serenidade e prosperidade, mas sobretudo votos de paz. Infelizmente também o ano que encerra as portas esteve marcado pela perseguição, pela discriminação, por terríveis atos de violência e de intolerância religiosa.

Penso, em particular, na amada terra do Iraque, que, no seu caminho para a desejada estabilidade e reconciliação, continua a ser cenário de violências e atentados. Recordo as recentes tribulações da comunidade cristã, e de modo especial o vil ataque contra a catedral siro-católica de «Nossa Senhora do Perpétuo Socorro» em Bagdad, onde, no passado dia 31 de Outubro, foram assassinados dois sacerdotes e mais de cinquenta fiéis, quando se encontravam reunidos para a celebração da Santa Missa. A este ataque seguiram-se outros nos dias sucessivos, inclusive contra casas privadas, gerando medo na comunidade cristã e o desejo, por parte de muitos dos seus membros, de emigrar à procura de melhores condições de vida. Manifesto-lhes a minha solidariedade e a da Igreja inteira, sentimento que ainda recentemente teve uma concreta expressão na Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos, a qual encorajou as comunidades católicas no Iraque e em todo o Médio Oriente a viverem a comunhão e continuarem a oferecer um decidido testemunho de fé naquelas terras.

Agradeço vivamente aos governos que se esforçam por aliviar os sofrimentos destes irmãos em humanidade e convido os católicos a orarem pelos seus irmãos na fé que padecem violências e intolerâncias e a serem solidários com eles. Neste contexto, achei particularmente oportuno partilhar com todos vós algumas reflexões sobre a liberdade religiosa, caminho para a paz. De fato, é doloroso constatar que, em algumas regiões do mundo, não é possível professar e exprimir livremente a própria religião sem pôr em risco a vida e a liberdade pessoal. Noutras regiões, há formas mais silenciosas e sofisticadas de preconceito e oposição contra os crentes e os símbolos religiosos. Os cristãos são, atualmente, o grupo religioso que padece o maior número de perseguições devido à própria fé. Muitos suportam diariamente ofensas e vivem frequentemente em sobressalto por causa da sua procura da verdade, da sua fé em Jesus Cristo e do seu apelo sincero para que seja reconhecida a liberdade religiosa. Não se pode aceitar nada disto, porque constitui uma ofensa a Deus e à dignidade humana; além disso, é uma ameaça à segurança e à paz e impede a realização de um desenvolvimento humano autêntico e integral.[1]

De fato, na liberdade religiosa exprime-se a especificidade da pessoa humana, que, por ela, pode orientar a própria vida pessoal e social para Deus, a cuja luz se compreendem plenamente a identidade, o sentido e o fim da pessoa. Negar ou limitar arbitrariamente esta liberdade significa cultivar uma visão redutiva da pessoa humana; obscurecer a função pública da religião significa gerar uma sociedade injusta, porque esta seria desproporcionada à verdadeira natureza da pessoa; isto significa tornar impossível a afirmação de uma paz autêntica e duradoura para toda a família humana.

Por isso, exorto os homens e mulheres de boa vontade a renovarem o seu compromisso pela construção de um mundo onde todos sejam livres para professar a sua própria religião ou a sua fé e viver o seu amor a Deus com todo o coração, toda a alma e toda a mente (cf. Mt 22, 37). Este é o sentimento que inspira e guia a Mensagem para o XLIV Dia Mundial da Paz, dedicada ao tema: Liberdade religiosa, caminho para a paz.

Direito sagrado à vida e a uma vida espiritual

2. O direito à liberdade religiosa está radicado na própria dignidade da pessoa humana,[2] cuja natureza transcendente não deve ser ignorada ou negligenciada. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 27). Por isso, toda a pessoa é titular do direito sagrado a uma vida íntegra, mesmo do ponto de vista espiritual. Sem o reconhecimento do próprio ser espiritual, sem a abertura ao transcendente, a pessoa humana retrai-se sobre si mesma, não consegue encontrar resposta para as perguntas do seu coração sobre o sentido da vida e dotar-se de valores e princípios éticos duradouros, nem consegue sequer experimentar uma liberdade autêntica e desenvolver uma sociedade justa.[3]

A Sagrada Escritura, em sintonia com a nossa própria experiência, revela o valor profundo da dignidade humana: «Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que lá colocastes, que é o homem para que Vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos ocupardes? Fizestes dele quase um ser divino, de honra e glória o coroastes; destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos, tudo submetestes a seus pés» (Sl 8, 4-7).

Perante a sublime realidade da natureza humana, podemos experimentar a mesma admiração expressa pelo salmista. Esta manifesta-se como abertura ao Mistério, como capacidade de interrogar-se profundamente sobre si mesmo e sobre a origem do universo, como íntima ressonância do Amor supremo de Deus, princípio e fim de todas as coisas, de cada pessoa e dos povos.[4] A dignidade transcendente da pessoa é um valor essencial da sabedoria judaico-cristã, mas, graças à razão, pode ser reconhecida por todos. Esta dignidade, entendida como capacidade de transcender a própria materialidade e buscar a verdade, há de ser reconhecida como um bem universal, indispensável na construção duma sociedade orientada para a realização e a plenitude do homem. O respeito de elementos essenciais da dignidade do homem, tais como o direito à vida e o direito à liberdade religiosa, é uma condição da legitimidade moral de toda a norma social e jurídica.

Liberdade religiosa e respeito recíproco

3. A liberdade religiosa está na origem da liberdade moral. Com efeito, a abertura à verdade e ao bem, a abertura a Deus, radicada na natureza humana, confere plena dignidade a cada um dos seres humanos e é garante do respeito pleno e recíproco entre as pessoas. Por conseguinte, a liberdade religiosa deve ser entendida não só como imunidade da coação mas também, e antes ainda, como capacidade de organizar as próprias opções segundo a verdade.

Existe uma ligação indivisível entre liberdade e respeito; de fato, «cada homem e cada grupo social estão moralmente obrigados, no exercício dos próprios direitos, a ter em conta os direitos alheios e os seus próprios deveres para com os outros e o bem comum».[5]

Uma liberdade hostil ou indiferente a Deus acaba por se negar a si mesma e não garante o pleno respeito do outro. Uma vontade, que se crê radicalmente incapaz de procurar a verdade e o bem, não tem outras razões objetivas nem outros motivos para agir senão os impostos pelos seus interesses momentâneos e contingentes, não tem uma «identidade» a preservar e construir através de opções verdadeiramente livres e conscientes. Mas assim não pode reclamar o respeito por parte de outras «vontades», também estas desligadas do próprio ser mais profundo e capazes, por conseguinte, de fazer valer outras «razões» ou mesmo nenhuma «razão». A ilusão de encontrar no relativismo moral a chave para uma pacífica convivência é, na realidade, a origem da divisão e da negação da dignidade dos seres humanos. Por isso se compreende a necessidade de reconhecer uma dupla dimensão na unidade da pessoa humana: a religiosa e a social. A este respeito, é inconcebível que os crentes «tenham de suprimir uma parte de si mesmos – a sua fé – para serem cidadãos ativos; nunca deveria ser necessário renegar a Deus, para se poder gozar dos próprios direitos».[6]

A família, escola de liberdade e de paz

4. Se a liberdade religiosa é caminho para a paz, a educação religiosa é estrada privilegiada para habilitar as novas gerações a reconhecerem no outro o seu próprio irmão e a sua própria irmã, com quem caminhar juntos e colaborar para que todos se sintam membros vivos de uma mesma família humana, da qual ninguém deve ser excluído.

A família fundada sobre o matrimônio, expressão de união íntima e de complementaridade entre um homem e uma mulher, insere-se neste contexto como a primeira escola de formação e de crescimento social, cultural, moral e espiritual dos filhos, que deveriam encontrar sempre no pai e na mãe as primeiras testemunhas de uma vida orientada para a busca da verdade e para o amor de Deus. Os próprios pais deveriam ser sempre livres para transmitir, sem constrições e responsavelmente, o próprio patrimônio de fé, de valores e de cultura aos filhos. A família, primeira célula da sociedade humana, permanece o âmbito primário de formação para relações harmoniosas a todos os níveis de convivência humana, nacional e internacional. Esta é a estrada que se há de sapientemente percorrer para a construção de um tecido social robusto e solidário, para preparar os jovens à assunção das próprias responsabilidades na vida, numa sociedade livre, num espírito de compreensão e de paz.

Um patrimônio comum

5. Poder-se-ia dizer que, entre os direitos e as liberdades fundamentais radicados na dignidade da pessoa, a liberdade religiosa goza de um estatuto especial. Quando se reconhece a liberdade religiosa, a dignidade da pessoa humana é respeitada na sua raiz e reforça-se a índole e as instituições dos povos. Pelo contrário, quando a liberdade religiosa é negada, quando se tenta impedir de professar a própria religião ou a própria fé e de viver de acordo com elas, ofende-se a dignidade humana e, simultaneamente, acabam ameaçadas a justiça e a paz, que se apóiam sobre a reta ordem social construída à luz da Suma Verdade e do Sumo Bem.

Neste sentido, a liberdade religiosa é também uma aquisição de civilização política e jurídica. Trata-se de um bem essencial: toda a pessoa deve poder exercer livremente o direito de professar e manifestar, individual ou comunitariamente, a própria religião ou a própria fé, tanto em público como privadamente, no ensino, nos costumes, nas publicações, no culto e na observância dos ritos. Não deveria encontrar obstáculos, se quisesse eventualmente aderir a outra religião ou não professar religião alguma. Neste âmbito, revela-se emblemático e é uma referência essencial para os Estados o ordenamento internacional, enquanto não consente alguma derrogação da liberdade religiosa, salvo a legítima exigência da justa ordem pública.[7] Deste modo, o ordenamento internacional reconhece aos direitos de natureza religiosa o mesmo status do direito à vida e à liberdade pessoal, comprovando a sua pertença ao núcleo essencial dos direitos do homem, àqueles direitos universais e naturais que a lei humana não pode jamais negar.

A liberdade religiosa não é patrimônio exclusivo dos crentes, mas da família inteira dos povos da terra. É elemento imprescindível de um Estado de direito; não pode ser negada, sem ao mesmo tempo minar todos os direitos e as liberdades fundamentais, pois é a sua síntese e ápice. É «o papel de tornassol para verificar o respeito de todos os outros direitos humanos».[8] Ao mesmo tempo que favorece o exercício das faculdades humanas mais específicas, cria as premissas necessárias para a realização de um desenvolvimento integral, que diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em cada uma das suas dimensões.[9]

A dimensão pública da religião

6. Embora movendo-se a partir da esfera pessoal, a liberdade religiosa – como qualquer outra liberdade – realiza-se na relação com os outros. Uma liberdade sem relação não é liberdade perfeita. Também a liberdade religiosa não se esgota na dimensão individual, mas realiza-se na própria comunidade e na sociedade, coerentemente com o ser relacional da pessoa e com a natureza pública da religião.

O relacionamento é uma componente decisiva da liberdade religiosa, que impele as comunidades dos crentes a praticarem a solidariedade em prol do bem comum. Cada pessoa permanece única e irrepetível e, ao mesmo tempo, completa-se e realiza-se plenamente nesta dimensão comunitária.

Inegável é a contribuição que as religiões prestam à sociedade. São numerosas as instituições caritativas e culturais que atestam o papel construtivo dos crentes na vida social. Ainda mais importante é a contribuição ética da religião no âmbito político. Tal contribuição não deveria ser marginalizada ou proibida, mas vista como válida ajuda para a promoção do bem comum. Nesta perspectiva, é preciso mencionar a dimensão religiosa da cultura, tecida através dos séculos graças às contribuições sociais e sobretudo éticas da religião. Tal dimensão não constitui de modo algum uma discriminação daqueles que não partilham a sua crença, mas antes reforça a coesão social, a integração e a solidariedade.

Liberdade religiosa, força de liberdade e de civilização:os perigos da sua instrumentalização

7. A instrumentalização da liberdade religiosa para mascarar interesses ocultos, como por exemplo a subversão da ordem constituída, a apropriação de recursos ou a manutenção do poder por parte de um grupo, pode provocar danos enormes às sociedades. O fanatismo, o fundamentalismo, as práticas contrárias à dignidade humana não se podem jamais justificar, e menos ainda o podem ser se realizadas em nome da religião. A profissão de uma religião não pode ser instrumentalizada, nem imposta pela força. Por isso, é necessário que os Estados e as várias comunidades humanas nunca se esqueçam que a liberdade religiosa é condição para a busca da verdade e que a verdade não se impõe pela violência mas pela «força da própria verdade».[10] Neste sentido, a religião é uma força positiva e propulsora na construção da sociedade civil e política.

Como se pode negar a contribuição das grandes religiões do mundo para o desenvolvimento da civilização? A busca sincera de Deus levou a um respeito maior da dignidade do homem. As comunidades cristãs, com o seu patrimônio de valores e princípios, contribuíram imenso para a tomada de consciência das pessoas e dos povos a respeito da sua própria identidade e dignidade, bem como para a conquista de instituições democráticas e para a afirmação dos direitos do homem e seus correlativos deveres.

Também hoje, numa sociedade cada vez mais globalizada, os cristãos são chamados – não só através de um responsável empenhamento civil, econômico e político, mas também com o testemunho da própria caridade e fé – a oferecer a sua preciosa contribuição para o árduo e exaltante compromisso em prol da justiça, do desenvolvimento humano integral e do reto ordenamento das realidades humanas. A exclusão da religião da vida pública subtrai a esta um espaço vital que abre para a transcendência. Sem esta experiência primária, revela-se uma tarefa árdua orientar as sociedades para princípios éticos universais e torna-se difícil estabelecer ordenamentos nacionais e internacionais nos quais os direitos e as liberdades fundamentais possam ser plenamente reconhecidos e realizados, como se propõem os objetivos – infelizmente ainda menosprezados ou contestados – da Declaração Universal dos direitos do homem de 1948.

Uma questão de justiça e de civilização:o fundamentalismo e a hostilidade contra os crentes prejudicam a laicidade positiva dos Estados

8. A mesma determinação, com que são condenadas todas as formas de fanatismo e de fundamentalismo religioso, deve animar também a oposição a todas as formas de hostilidade contra a religião, que limitam o papel público dos crentes na vida civil e política.

Não se pode esquecer que o fundamentalismo religioso e o laicismo são formas reverberadas e extremas de rejeição do legítimo pluralismo e do princípio de laicidade. De fato, ambas absolutizam uma visão redutiva e parcial da pessoa humana, favorecendo formas, no primeiro caso, de integralismo religioso e, no segundo, de racionalismo. A sociedade, que quer impor ou, ao contrário, negar a religião por meio da violência, é injusta para com a pessoa e para com Deus, mas também para consigo mesma. Deus chama a Si a humanidade através de um desígnio de amor, o qual, ao mesmo tempo que implica a pessoa inteira na sua dimensão natural e espiritual, exige que lhe corresponda em termos de liberdade e de responsabilidade, com todo o coração e com todo o próprio ser, individual e comunitário. Sendo assim, também a sociedade, enquanto expressão da pessoa e do conjunto das suas dimensões constitutivas, deve viver e organizar-se de modo a favorecer a sua abertura à transcendência. Por isso mesmo, as leis e as instituições duma sociedade não podem ser configuradas ignorando a dimensão religiosa dos cidadãos ou de modo que prescindam completamente da mesma; mas devem ser comensuradas – através da obra democrática de cidadãos conscientes da sua alta vocação – ao ser da pessoa, para o poderem favorecer na sua dimensão religiosa. Não sendo esta uma criação do Estado, não pode ser manipulada, antes deve contar com o seu reconhecimento e respeito.

O ordenamento jurídico a todos os níveis, nacional e internacional, quando consente ou tolera o fanatismo religioso ou anti-religioso, falta à sua própria missão, que consiste em tutelar e promover a justiça e o direito de cada um. Tais realidades não podem ser deixadas à mercê do arbítrio do legislador ou da maioria, porque, como já ensinava Cícero, a justiça consiste em algo mais do que um mero ato produtivo da lei e da sua aplicação. A justiça implica reconhecer a cada um a sua dignidade,[11] a qual, sem liberdade religiosa garantida e vivida na sua essência, fica mutilada e ofendida, exposta ao risco de cair sob o predomínio dos ídolos, de bens relativos transformados em absolutos. Tudo isto expõe a sociedade ao risco de totalitarismos políticos e ideológicos, que enfatizam o poder público, ao mesmo tempo que são mortificadas e coarctadas, como se lhe fizessem concorrência, as liberdades de consciência, de pensamento e de religião.

Diálogo entre instituições civis e religiosas

9. O patrimônio de princípios e valores expressos por uma religiosidade autêntica é uma riqueza para os povos e respectivas índoles: fala diretamente à consciência e à razão dos homens e mulheres, lembra o imperativo da conversão moral, motiva para aperfeiçoar a prática das virtudes e aproximar-se amistosamente um do outro sob o signo da fraternidade, como membros da grande família humana.[12]

No respeito da laicidade positiva das instituições estatais, a dimensão pública da religião deve ser sempre reconhecida. Para isso, um diálogo sadio entre as instituições civis e as religiosas é fundamental para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da harmonia da sociedade.

Viver no amor e na verdade

10. No mundo globalizado, caracterizado por sociedades sempre mais multiétnicas e pluriconfessionais, as grandes religiões podem constituir um fator importante de unidade e paz para a família humana. Com base nas suas próprias convicções religiosas e na busca racional do bem comum, os seus membros são chamados a viver responsavelmente o próprio compromisso num contexto de liberdade religiosa. Nas variadas culturas religiosas, enquanto há que rejeitar tudo aquilo que é contra a dignidade do homem e da mulher, é preciso, ao contrário, valer-se daquilo que resulta positivo para a convivência civil.

O espaço público, que a comunidade internacional torna disponível para as religiões e para a sua proposta de «vida boa», favorece o aparecimento de uma medida compartilhável de verdade e de bem e ainda de um consenso moral, que são fundamentais para uma convivência justa e pacífica. Os líderes das grandes religiões, pela sua função, influência e autoridade nas respectivas comunidades, são os primeiros a ser chamados ao respeito recíproco e ao diálogo.

Os cristãos, por sua vez, são solicitados pela sua própria fé em Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo, a viver como irmãos que se encontram na Igreja e colaboram para a edificação de um mundo, onde as pessoas e os povos «não mais praticarão o mal nem a destruição (...), porque o conhecimento do Senhor encherá a terra, como as águas enchem o leito do mar» (Is 11, 9).

Diálogo como busca em comum

11. Para a Igreja, o diálogo entre os membros de diversas religiões constitui um instrumento importante para colaborar com todas as comunidades religiosas para o bem comum. A própria Igreja nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo. «Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria segue e propõe, todavia refletem não raramente um raio da verdade que ilumina todos os homens».[13]

A estrada indicada não é a do relativismo nem do sincretismo religioso. De fato, a Igreja «anuncia, e tem mesmo a obrigação de anunciar incessantemente Cristo, “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6), em quem os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo mesmo todas as coisas».[14] Todavia isto não exclui o diálogo e a busca comum da verdade em diversos âmbitos vitais, porque, como diz uma expressão usada frequentemente por São Tomás de Aquino, «toda a verdade, independentemente de quem a diga, provém do Espírito Santo».[15]

Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um fator de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz.

Verdade moral na política e na diplomacia

12. A política e a diplomacia deveriam olhar para o patrimônio moral e espiritual oferecido pelas grandes religiões do mundo, para reconhecer e afirmar verdades, princípios e valores universais que não podem ser negados sem, com os mesmos, negar-se a dignidade da pessoa humana. Mas, em termos práticos, que significa promover a verdade moral no mundo da política e da diplomacia? Quer dizer agir de maneira responsável com base no conhecimento objetivo e integral dos fatos; quer dizer desmantelar ideologias políticas que acabam por suplantar a verdade e a dignidade humana e pretendem promover pseudo-valores com o pretexto da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos; quer dizer favorecer um empenho constante de fundar a lei positiva sobre os princípios da lei natural.[16] Tudo isto é necessário e coerente com o respeito da dignidade e do valor da pessoa humana, sancionado pelos povos da terra na Carta da Organização das Nações Unidas de 1945, que apresenta valores e princípios morais universais de referência para as normas, as instituições, os sistemas de convivência a nível nacional e internacional.

Para além do ódio e do preconceito

13. Não obstante os ensinamentos da história e o compromisso dos Estados, das organizações internacionais a nível mundial e local, das organizações não governamentais e de todos os homens e mulheres de boa vontade que cada dia se empenham pela tutela dos direitos e das liberdades fundamentais, ainda hoje no mundo se registram perseguições, descriminações, atos de violência e de intolerância baseados na religião. De modo particular na Ásia e na África, as principais vítimas são os membros das minorias religiosas, a quem é impedido de professar livremente a própria religião ou mudar para outra, através da intimidação e da violação dos direitos, das liberdades fundamentais e dos bens essenciais, chegando até à privação da liberdade pessoal ou da própria vida.

Temos depois, como já disse, formas mais sofisticadas de hostilidade contra a religião, que nos países ocidentais se exprimem por vezes com a renegação da própria história e dos símbolos religiosos nos quais se refletem a identidade e a cultura da maioria dos cidadãos. Frequentemente tais formas fomentam o ódio e o preconceito e não são coerentes com uma visão serena e equilibrada do pluralismo e da laicidade das instituições, sem contar que as novas gerações correm o risco de não entrar em contacto com o precioso patrimônio espiritual dos seus países.

A defesa da religião passa pela defesa dos direitos e liberdades das comunidades religiosas. Assim, os líderes das grandes religiões do mundo e os responsáveis das nações renovem o compromisso pela promoção e a tutela da liberdade religiosa, em particular pela defesa das minorias religiosas; estas não constituem uma ameaça contra a identidade da maioria, antes, pelo contrário, são uma oportunidade para o diálogo e o mútuo enriquecimento cultural. A sua defesa representa a maneira ideal para consolidar o espírito de benevolência, abertura e reciprocidade com que se há de tutelar os direitos e as liberdades fundamentais em todas as áreas e regiões do mundo.

Liberdade religiosa no mundo

14. Dirijo-me, por fim, às comunidades cristãs que sofrem perseguições, discriminações, atos de violência e intolerância, particularmente na Ásia, na África, no Médio Oriente e de modo especial na Terra Santa, lugar escolhido e abençoado por Deus. Ao mesmo tempo que lhes renovo a expressão do meu afeto paterno e asseguro a minha oração, peço a todos os responsáveis que intervenham prontamente para pôr fim a toda a violência contra os cristãos que habitam naquelas regiões. Que os discípulos de Cristo não desanimem com as presentes adversidades, porque o testemunho do Evangelho é e será sempre sinal de contradição.

Meditemos no nosso coração as palavras do Senhor Jesus: «Felizes os que choram, porque hão-se ser consolados. (...) Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. (...) Felizes sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentido, vos acusarem de toda a espécie de mal. Alegrai-vos e exultai, pois é grande nos Céus a vossa recompensa» (Mt 5, 4-12). Por isso, renovemos «o compromisso por nós assumido no sentido da indulgência e do perdão – que invocamos de Deus para nós, no “Pai-nosso” – por havermos posto, nós próprios, a condição e a medida da desejada misericórdia: “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”(Mt 6, 12)».[17] A violência não se vence com a violência. O nosso grito de dor seja sempre acompanhado pela fé, pela esperança e pelo testemunho do amor de Deus. Faço votos também de que cessem no Ocidente, especialmente na Europa, a hostilidade e os preconceitos contra os cristãos pelo fato de estes pretenderem orientar a própria vida de modo coerente com os valores e os princípios expressos no Evangelho. Mais ainda, que a Europa saiba reconciliar-se com as próprias raízes cristãs, que são fundamentais para compreender o papel que teve, tem e pretende ter na história; saberá assim experimentar justiça, concórdia e paz, cultivando um diálogo sincero com todos os povos.

Liberdade religiosa, caminho para a paz

15. O mundo tem necessidade de Deus; tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e compartilhados, e a religião pode oferecer uma contribuição preciosa na sua busca, para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional.

A paz é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, um projeto a realizar, nunca totalmente cumprido. Uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz, que não é simples ausência de guerra, nem mero fruto do predomínio militar ou econômico, e menos ainda de astúcias enganadoras ou de hábeis manipulações. Pelo contrário, a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada. Convido todos aqueles que desejam tornar-se obreiros de paz e sobretudo os jovens a prestarem ouvidos à própria voz interior, para encontrar em Deus a referência estável para a conquista de uma liberdade autêntica, a força inesgotável para orientar o mundo com um espírito novo, capaz de não repetir os erros do passado. Como ensina o Servo de Deus Papa Paulo VI, a cuja sabedoria e clarividência se deve a instituição do Dia Mundial da Paz, «é preciso, antes de mais nada, proporcionar à Paz outras armas, que não aquelas que se destinam a matar e a exterminar a humanidade. São necessárias sobretudo as armas morais, que dão força e prestígio ao direito internacional; aquela arma, em primeiro lugar, da observância dos pactos».[18] A liberdade religiosa é uma autêntica arma da paz, com uma missão histórica e profética. De fato, ela valoriza e faz frutificar as qualidades e potencialidades mais profundas da pessoa humana, capazes de mudar e tornar melhor o mundo; consente alimentar a esperança num futuro de justiça e de paz, mesmo diante das graves injustiças e das misérias materiais e morais. Que todos os homens e as sociedades aos diversos níveis e nos vários ângulos da terra possam brevemente experimentar a liberdade religiosa, caminho para a paz!

Vaticano, 8 de Dezembro de 2010.

BENEDICTUS PP XVI
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[1] Cf. BENTO XVI, Carta enc. Caritas in veritate, 29.55-57.
[2] Cf. CONC. ECUM. VAT. II, Decl. sobre a liberdade religiosa Dignitatis humanae, 2.
[3] Cf. BENTO XVI, Carta enc. Caritas in veritate,, 78.
[4] Cf. CONC. ECUM. VAT. II, Decl. sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs Nostra aetate, 1.
[5] CONC. ECUM. VAT. II, Decl. sobre a liberdade religiosa Dignitatis humanae, 7.
[6] BENTO XVI, Discurso à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (18 de Abril de 2008): AAS 100 (2008), 337.
[7] Cf. CONC. ECUM. VAT. II, Decl. sobre a liberdade religiosa Dignitatis humanae, 2.
[8] JOÃO PAULO II, Discurso aos participantes na Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) (10 de Outubro de 2003), 1: AAS 96 (2004), 111.
[9] Cf. BENTO XVI, Carta enc. Caritas in veritate, 11.
[10] Cf. CONC. ECUM. VAT. II, Decl. sobre a liberdade religiosa Dignitatis humanae, 1.
[11] Cf. CÍCERO, De inventione, II, 160.
[12] Cf. BENTO XVI, Discurso aos Representantes de outras Religiões do Reino Unido (17 de Setembro de 2010): L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 25/IX/2010), 6-7.
[13] CONC. ECUM. VAT. II, Decl. sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs Nostra aetate, 2.
[14] Ibid., 2.
[15] Super evangelium Joannis, I, 3.
[16]Cf. BENTO XVI, Discurso às Autoridades civis e ao Corpo Diplomático em Chipre (5 de Junho de 2010): L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 12/VI/2010), 4; COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, À procura de uma ética universal: um olhar sobre a lei natural (Cidade do Vaticano 2009).
[17] PAULO VI, Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1976: AAS 67 (1975), 671.
[18] Ibid.: o.c., 668


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